O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu nesta sexta-feira que os direitos da população palestina sejam colocados no centro para amanhã no marco do processo de reconstrução da Faixa de Gaza após o cessar-fogo acordado entre Israel e o Hamas.
“Há sinais de um alívio coletivo de que o sofrimento causado por essa guerra está chegando ao fim. Neste momento crítico, todos os apoios são necessários para garantir que esse momento leve a uma paz e segurança duradouras para todos os que vivem em Israel e nos Territórios Palestinos Ocupados”, disse, em um comunicado.
Salientando que “ainda há muito a ser feito”, Türk disse que “alcançar condições de paz, justiça e reconciliação exigirá grandes esforços e muita boa vontade de todas as partes envolvidas”.
“Os Direitos Humanos têm a ver com dignidade, mas também com justiça em face de violações terríveis, inclusive do direito internacional”, alertou. “Isso requer a garantia de que todos os palestinos em Gaza e na Cisjordânia possam fazer suas vozes serem ouvidas e participar do processo para alcançar uma governança viável para o futuro.
Com relação a isso, ele disse que é necessário garantir “acesso total a alimentos, água potável, abrigo e assistência médica o mais rápido possível”. “É importante que as crianças tenham acesso à educação e que possam brincar sem medo”, disse ele.
“Tudo isso deve acontecer em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, da Assembleia Geral e do Conselho de Direitos Humanos”, disse ele.
Por esse motivo, ele defendeu a necessidade de uma “justiça transicional” que “busque a verdade”. “Sem isso, não haverá reconciliação de longo prazo e nenhuma maneira de curar as relações entre israelenses e palestinos”, disse ele. “O conceito de segurança deve ser amplo”, acrescentou.
Türk defendeu que qualquer “missão internacional de estabilização” deveria incluir “um componente de Direitos Humanos”. “É essencial que questões como discriminação e discurso de ódio sejam abordadas”, disse ele.
UE discute seu papel no futuro da Faixa e sua contribuição para reconstrução
Na próxima segunda-feira, ministros das Relações Exteriores dos 27 Estados-membros da União Europeia vão discutir o papel do bloco na estabilização da Faixa de Gaza, tendo em vista a oportunidade aberta pelo acordo de paz alcançado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que prevê a saída do Exército israelense, o desarmamento do Hamas e o estabelecimento de um governo tecnocrático no enclave.
Na primeira reunião de relações exteriores desde a assinatura histórica na cúpula de Sharm el-Sheikh, no Egito, a UE discutirá sua contribuição para a nova situação em Gaza, com a prioridade de apoiar os esforços humanitários para que a ajuda seja entregue em larga escala por atores internacionais, como a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), além de apoiar os esforços de estabilização por meio da reativação de suas missões civis na passagem de Rafah e na Cisjordânia.
A UE está “esperançosa” com a nova era na Faixa, apesar dos desafios impostos por alguns pontos do plano de Trump, como o desmantelamento do Hamas e o estabelecimento de novas autoridades em Gaza. “Há milhares de problemas, mas pelo menos há um vislumbre de luz”, diz uma fonte diplomática sobre o progresso que a consolidação de um cessar-fogo representa após mais de dois anos de conflito.
Dessa forma, a UE-27 está concentrando seus esforços em melhorar a situação humanitária e liderar o trabalho de reconstrução na Faixa de Gaza. Nesse processo, a UE mantém seu firme apoio à Autoridade Nacional Palestina para que ela desempenhe um papel importante na nova era que está se abrindo na Faixa, enquanto ainda há muitas incógnitas em relação às forças internacionais de estabilização propostas no plano de Trump, que, por enquanto, não fariam parte de uma missão “ad hoc” da UE.
“O papel da UE na região não depende do plano de Trump. Vamos começar por aí. A UE tem sido um ator ativo na região há muito tempo”, dizem fontes diplomáticas, que enfatizam a importância de outros atores, como os EUA e os países do Golfo, se envolverem no financiamento da reconstrução.
Com informações da Europa Press
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