Conversamos sobre a Open English com Thais Oliveira, vice-presidente de marketing da plataforma online de aprendizado de idiomas.
Como a Open English avalia o seu ano de 2023 e as perspectivas para 2024?
O ano de 2023 foi, realmente, um ano pós-pandemia, onde os consumidores voltaram à normalidade, tanto na aprendizagem quanto na forma como investem seu tempo. Na pandemia, os cursos online de idioma tiveram um crescimento gigantesco, pois as pessoas queriam aproveitar o tempo que tinham na mão e investir em desenvolvimento pessoal e profissional, já que não existiam oportunidades de viagens.
No ano passado, a Open English focou bastante na construção da marca no Brasil e no crescimento desse mercado. Apesar da teoria de que o interesse em educação online teria se reduzido, nós conseguimos crescer mais de 10% no comparativo com 2022.
Para 2024, esse crescimento vai continuar, tanto no nosso negócio para adultos, que é, normalmente, mais conhecido pelas pessoas, quanto no corporativo e para crianças de 8 a 14 anos, já que muitos pais gostaram da metodologia da Open English e viram que é possível as crianças aprenderem online. Esses três pilares de crescimento serão muito fortes para 2024.
Se a marca da Open English já é construída, o que seria a construção da marca que você mencionou?
Essa construção é especialmente voltada à conexão com os nossos estudantes e com os interessados em estudar inglês. No ano passado, nós fizemos uma ativação muito importante trazendo o Richarlison (seleção brasileira e atualmente no Tottenham da Inglaterra), como um estudante e porta-voz da marca. Junto com ele, nós doamos mais de R$ 2 milhões em bolsas de estudo para duas instituições, a Gerando Falcões e uma instituição que o Richarlison apoia diretamente. Ele é uma pessoa que tem o inglês como parte da sua vida e que usa a Open English para melhorá-lo.
Quando eu falo em construção da marca, eu não me refiro apenas a fazer com que as pessoas escutem sobre a Open English, mas fazer com que elas se conectem e se aproximem cada vez mais.
Como tem sido o desempenho do online após a pandemia?
Como comentei, nós continuamos surfando uma onda muito positiva, já que ainda existe um interesse muito grande pela educação online. No ano passado, nós fizemos uma pesquisa em parceria com a Qualinvest que verificou que 43% dos entrevistados preferem a metodologia online para aprender inglês, o que mostra que o interesse continua muito grande. Isso porque a flexibilidade do online facilita a vida das pessoas, especialmente daqueles que estão no mercado de trabalho e que precisam dessa flexibilidade de tempo para aprender.
Do ponto de vista da eficácia do produto, nós temos estudos que mostram que as pessoas que aprendem online podem reter as informações num percentual maior que 50%, 60% do que numa classe tradicional. Isso porque além de ter menos distrações num ambiente online, você tem a possibilidade de repetir, retornar e refazer o conteúdo. Quando se está engajado, essa flexibilidade de avançar no seu próprio ritmo dá a possibilidade de acelerar muito mais a aprendizagem.
Essa combinação de flexibilidade e eficiência, que as pessoas provaram durante a pandemia, abriu muitas portas para o mercado de educação online.
Os cursos físicos, mesmo com modelos híbridos, competem com os cursos 100% online?
Eu acredito que sim, só que a resposta está muito mais no consumidor do que na oferta dos cursos, pois, no final das contas, é o consumidor que vai escolher a opção que se encaixa melhor na sua rotina, nos seus objetivos e até na sua maneira de aprender. As pessoas que são autoconscientes sabem quais são as melhores maneiras para elas aprenderem.
Existem pessoas que são altamente sociais e que precisam de um grupo, ambiente e estímulos para aprender. Esse consumidor pode preferir as escolas tradicionais, apesar do tempo de deslocamento e dos horários mais rígidos. Da mesma forma, existem os estudantes que se adaptaram, totalmente, a metodologia online, pois veem os benefícios que ela traz no seu dia-a-dia.
Existe mercado para os dois modelos, pois por mais que eles possam competir pelo mesmo objetivo, é o consumidor que decide pelo curso que se adapta ao seu estilo.
Qual é o perfil do público que contrata um curso da Open English?
O maior público que temos é formado por pessoas que querem aprender inglês para atingir objetivos profissionais, como avançar na carreira, conseguir um trabalho melhor ou trabalhar para uma multinacional. Essa é a nossa grande fatia de mercado, na sua maioria acima de 24 anos. Numa fatia menor, nós temos as pessoas que querem aprender inglês para uma viagem e ter uma desenvoltura para pedir uma refeição ou fazer uma reserva num hotel, se sentindo como um local. Isso vale tanto para o nosso mercado B2C quanto para o nosso mercado B2B.
O público infantil e adolescente têm amadurecimento para fazer um curso da Open English?
O nosso curso se inicia a partir dos 8 anos, quando, em teoria, as crianças já sabem ler e escrever, e o seu desenvolvimento é feito de uma maneira em que a criança e o adolescente possa ser 100% independente. Eles acessam a plataforma, que é suficientemente intuitiva, reservam as próprias aulas, fazem os exercícios sozinhos e têm suas aulas com os professores nativos. Os pais, por sua vez, recebem um relatório por e-mail com o status do progresso depois de cada aula.
Essa é uma excelente oportunidade para crianças e adolescentes que já são autônomos e que conseguem respeitar esse ritmo.
Existe diferença entre as demandas dos alunos que falam português e dos alunos que falam espanhol?
Hoje, mais de 70% dos nossos alunos são de fora do Brasil (países da América Latina que falam espanhol, Espanha e Turquia). Na plataforma, os estudantes brasileiros tendem a fazer mais aulas em grupo do que particulares, ainda que eles tenham acesso às particulares. Isso porque os brasileiros têm uma tendência a serem mais sociáveis e a gostarem de participar e de interagir com outras pessoas, inclusive de outras partes do mundo.
Como a Open English avalia o engajamento dos seus alunos?
Essa é uma resposta que está em constante progresso. Nós teríamos um engajamento perfeito se os estudantes estivessem todos os dias batendo ponto na plataforma para aprender um pouquinho a cada dia.
Nós gostamos de comparar um curso online de idioma com uma academia. Quando uma pessoa se matricula numa academia, um plano de treino é montado em conformidade com o seu objetivo, que pode ser a perda de peso ou o ganho de massa magra. Só que aí a pessoa tem que estar na academia três, quatro, cinco vezes por semana para chegar no seu objetivo. O inglês é uma situação muito parecida.
Nos últimos três anos, nós temos trabalhado muito fortemente na tecla de melhorar o engajamento dos nossos estudantes, pois vimos que muitos deles precisam desse tipo de apoio. Por exemplo, nós começamos a construir planos de estudos semanais. Dependendo dos horários que a pessoa dispõe, nós montamos um plano de quantas aulas ao vivo precisam ser feitas na semana e quantas horas ou minutos precisam ser dedicados às lições e exercícios para que ela possa atingir seus objetivos ou avançar de nível. Além disso, nós acabamos de lançar uma ferramenta que é um copiloto de inteligência artificial que ajuda no engajamento.
Existe demanda por outros idiomas que não sejam o inglês?
Existe. Inclusive, nós lançamos neste ano o espanhol, focado na nossa oferta B2B, não só para o Brasil, mas para os Estados Unidos também.
A Open English nasceu com foco na América Latina, mas a empresa já está focando além da América Latina?
A Open English foi fundada na Venezuela e se expandiu primeiro para a América Central e depois para a América do Sul. O Brasil veio seis anos depois da fundação da empresa. Há quatro anos, nós entramos na Espanha e há dois anos e meio, através da compra de uma empresa local, a English Ninjas, na Turquia, onde já estamos no top 3 de educação online de inglês. Além da base de estudantes na Turquia ter crescido mais de 100% no ano contra ano, nós temos planos de expansão para o Oriente Médio ainda em 2024, focando, especialmente, no mercado B2B.
Como surgiu a Turquia neste processo?
Na Espanha, onde existe a necessidade de se falar inglês, o ensino fundamental fornece para os alunos uma boa base do idioma, o que faz com que as crianças tenham contato com o inglês desde a escola. Já na Turquia, o ensino bilíngue não faz parte do currículo base. Lá, ao mesmo tempo em que o percentual de pessoas que falam inglês é muito pequeno, o país tem um PIB interessante. Além disso, na Turquia o inglês é visto como uma porta de ascensão social e de oportunidades de trabalho, assim como na América Latina.
Como está o mercado B2B da Open English?
Nós estamos nesse mercado há mais de 10 anos, sendo que a pandemia fez com que ele desse um salto. Antigamente, as empresas tinham uma preferência por fazer treinamentos empresariais in loco, de forma presencial, trazendo empresas de terceiros até as suas instalações. Só que como na pandemia as empresas adotaram o modelo de trabalho remoto, elas também começaram a buscar opções de treinamentos online, o que fez com que eles fossem potencializados.
Os gerentes de Recursos Humanos viram que os treinamentos online são uma opção muito favorável, pois são flexíveis aos horários dos empregados, e as empresas que antes não investiam em treinamentos, passaram a investir, principalmente as que migraram do trabalho presencial para o remoto, pois elas precisam ter competitividade nos benefícios extras que são oferecidos para os seus empregados.