Opep, Brexit e EUA

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Fachada da B3, Bolsa de Valores brasileira
Fachada B3. Foto: divulgação

Virada de mês sempre pode trazer alguma volatilidade, sobretudo quando o mês foi de grande valorização dos ativos, como ocorreu em novembro. Bovespa com ganhos de mais de 15,9%, e recordes registrados para os três principais índices do mercado americano, do Japão e até da Europa. Portanto, o último pregão de novembro transcorreu em clima de realização, com outros fatores também ajudando.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) fez reunião e ontem ainda não chegado ao consenso de corte, situação que pode acontecer na extensão de amanhã. Quanto ao Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) também nada foi acrescentado, mesmo estando próximos de uma decisão sobre acordos de comércio, mas com o Reino Unido jogando duro. Já nos EUA, a autoridade antitruste prepara quatro novos processos contra o Facebook e Google e, além disso, anunciou sanções contra empresas chinesas que teriam vendido tecnologia para a Venezuela, com a finalidade de ampliar a repressão.

Portanto, tudo isso acabou empanando a continuidade dos movimentos de alta dos mercados de risco, trouxe tensão e aversão, e a proximidade de início de aplicação de vacinas contra a Covid-19 perdeu um pouco do efeito trazido nos últimos dias.

Na Alemanha, a inflação medida pelo CPI de novembro, na verdade foi deflação de 0,3%, e no comparativo com igual período ficou em somente 0,2%, muito aquém da meta do BCE para a região do euro. Além disso, lembramos que o quarto trimestre está previsto com desaceleração do PIB. Sobre isso, o FMI se manifestou dizendo que a Zona do Euro não deve retirar estímulos prematuramente.

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Nos EUA, nem mesmo o anúncio do Fed prorrogando créditos emergenciais para o mês de março de 2021, trouxeram algum alívio. Na mesma direção, a confirmação de Janet Yellen para o Tesouro americano no governo Biden, tão comemorada na semana passada, acabou passando batida. Ainda nos EUA, as vendas pendentes de imóveis de outubro encolheram 1,1%, quando o esperado era expansão de 2%.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,66%, com o barril cotado a US$ 45,23. O euro era transacionado em queda leve para US$ 1,193 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,84%. O ouro e a prata mostravam quedas na Comex e commodities agrícolas em queda na Bolsa de Chicago.

Somente o minério de ferro negociado na China durante a madrugada destoou com alta de 1,55% e com a tonelada em US$ 131,63.

No segmento doméstico, a nova pesquisa semanal Focus do BC trouxe a inflação de 2020 subindo para 3,54% (de 3,45% anterior) e 2021 com 3,47% (de 3,40%). A taxa Selic permaneceu sem alteração e o PIB melhorou em 2020, para queda de 4,50% (de 4,55%). A produção industrial também reduziu a queda para 5,03% no ano e a taxa cambial estimada no final de 2020 ficou em R$ 5,36. O saldo da balança comercial de 2020 foi estimado em alta para US$ 57,9 bilhões.

O BC divulgou que o déficit primário até outubro foi de R$ 632 bilhões, algo como 10,5% do PIB, apesar do superávit de outubro, de R$ 2,9 bilhões, com eventos não recorrentes. O déficit nominal de outubro foi de R$ 30,9 bilhões, fazendo com que o déficit em 12 meses ultrapassasse R$ 1,01 trilhão. A dívida bruta representava 90,7% do PIB, vindo de 90,5%.

Do lado político reverberaram as análises pós-eleições em segundo turno, dando conta da derrota da esquerda do PT e apoiados de Bolsonaro, com prevalência de posições moderadas de centro, seguindo a trilha das eleições americanas. Mas todos querem ver agora qual será a atitude do governo e Congresso diante das reformas que são absolutamente fundamentais.

No mercado, dia de dólar oscilando bastante no encerramento do mês para fechar em alta de 0,39% e cotado a R$ 5,346. Na Bovespa, na sessão do último dia 26, mais um dia de ingresso forte dos investidores estrangeiros com R$ 1,46 bilhão, deixando o ingresso líquido de novembro em R$ 31,4 bilhões, mas com o ano ainda mostrando saída de R$ 53,42 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda das Bolsas europeias, com Londres perdendo 1,59%, Paris com -1,42% e Frankfurt com -0,33%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 1,39% e 1,30%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,91% e Nasdaq com -0,06%. Na Bovespa, dia de queda de 1,53% e índice em 108.887 pontos com setor bancário pressionado por declarações da Moody’s projetando resultados fracos para bancos de emergentes.

Na agenda desta terça, ainda teremos o IPC-S de novembro, o saldo da balança comercial de novembro e as vendas de veículos. Nos EUA, os indicadores PMI e ISM de novembro, os investimentos em construções de outubro e três discursos de dirigentes regionais do Fed.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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