Oportunidades e desafios da exportação para o mercado árabe

As oportunidades de exportação para o Mercado Árabe e como empresas brasileiras de alta tecnologia estão se destacando.

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Foto aérea tirada em 10 de dezembro de 2021 mostra a área de operação de Nanliang do campo petrolífero de Changqing, na província de Gansu, noroeste da China. (Xinhua/Ma Xiping)

O Brasil permanece apresentando uma participação modesta no comércio internacional, ocupando a 25ª posição (OMC), com apenas cerca de 1,3% do total exportado mundialmente em 2021.

Das exportações brasileiras, 64,1% do total resumem-se a alguns poucos produtos de baixo valor agregado: minério de ferro, petróleo e derivados, e agronegócios, fortemente concentrados em poucos países. Os dez maiores países importadores compraram US$ 175,2 bilhões em mercadorias brasileiras, representando 62,4% do total das exportações, sendo US$ 14,4 bilhões destinados à Liga de Estados Árabes (LEA).

Em 2021, as exportações brasileiras mantiveram uma tendência de concentração significativa em seus principais destinos. Os dados revelam que os dez maiores países importadores do Brasil adquiriram um total de US$ 175,2 bilhões em mercadorias brasileiras, equivalente a 62,4% do volume total de exportações do país no período.

Notavelmente, os 22 países membros da LEA se destacam nesse cenário, representando juntos o terceiro maior destino das exportações brasileiras, com um valor total de US$ 14,4 bilhões. No entanto, as exportações brasileiras correspondem apenas a 1,5% das importações dos países da Liga Árabe (US$ 965.011 milhões).

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Venda Internacional de Hightech e Produtos de Alto Valor Agregado

Esses países árabes do Oriente Médio e Norte de África (MENA) focam em projetos que exigem investimentos, muita energia e, principalmente, tecnologia com aplicação e evolução asseguradas para os próximos três decênios, período considerado necessário para a desvinculação da dependência do petróleo.

O capital para esta meta não falta. De acordo com o Instituto do Fundo Soberano, os dez maiores fundos soberanos da região geram, em conjunto, cerca de 4 trilhões de dólares.

É possível apontar algumas razões pelas quais o mercado brasileiro de tecnologia também é capaz de expandir-se internacionalmente, como, por exemplo:

  • O mercado de comércio eletrônico está em rápido crescimento, com quase 90% das compras online provenientes do exterior;
  • A alta demanda tecnológica e vultosos investimentos em Centros de Empreendedorismo globais em Arábia Saudita, Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos;
  • O fator demográfico favorável, com jovens (<30 anos) constituindo 55% da população;
  • A parceria governamental e privada: atitude receptiva em relação aos empresários e às expansões estrangeiras.

Por estas razões, os países árabes, que constituíram 29,2% das importações globais de material de defesa entre 2021 e 2022, sem dúvida, oferecem uma excelente oportunidade de internacionalização para as empresas brasileiras que atuam no setor de produtos e serviços de segurança e defesa.

As empresas que se conscientizaram da oportunidade e investiram para o êxito nesta empreitada, como a SIATT – Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico, agora contam com a parceria estratégica da EDGE Group, um conglomerado estatal dos Emirados Árabes Unidos. As instalações físicas da empresa serão ampliadas para cerca de 7.000 m² com investimento de mais de R$ 3 bilhões.

A Turbomachine, que fechou contrato de transferência de tecnologia com a King Abdulaziz City for Science and Technology, da Arábia Saudita (KACST), para a construção do turbojato TKF-500 de aplicações militares e civis.

A Avibras, empresa de Defesa e Aeroespacial, que já atua no Golfo e tem a Milanion NTGS da Arábia Saudita como parceira para o desenvolvimento e fabricação de equipamentos de Defesa avançados.

Também é possível ressaltar outros pontos comuns entre essas empresas que conduziram ao êxito de suas expansões no Oriente Médio. Por exemplo, foi adotada uma cultura voltada para a exportação, com a presença de executivos especializados, investimentos contínuos em capacitação para vendas internacionais e uma adaptação para atender às necessidades de um grupo que possui uma perspectiva cultural, linguística e mental distintas – o Choque Cultural.

Além disso, essas empresas optaram por um modelo de negócio, processos e planejamento adaptados aos mercados altamente competitivos e aos clientes com costumes e expectativas divergentes ou até mesmo conflitantes com os nossos – uma abordagem baseada na inovação.

Com isso, é possível concluir que toda a empresa brasileira que ofereça produtos de alto valor agregado possui um potencial real para expandir-se no Mundo Árabe, desde que adote esses três preceitos fundamentais: Cultura Exportadora, Choque Cultural e Inovação.

Bárbara Krysttal, Gestora de Políticas Públicas com foco em controle e Defesa Nacional.
Khaled Sarout, Consultor e Mentor de vendas internacionais complexas de produtos hightech e sistemas de alto valor agregado.

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