Em entrevista ao jornal argentino Página12, Marina Violeta Urrizola, membro do Conselho de Peritos Eleitorais da América Latina (Ceela), afirmou que as eleições na Venezuela ocorreram, e continuam a ocorrer, dentro de parâmetros normais e esperados.
A especialista indica uma contradição da oposição quanto à denúncia de fraude e ao pedido de divulgação desses boletins: “Esse papel, que seria a ata (…) uma cópia é entregue na hora a cada fiscal [dos partidos]. No domingo, os dois partidos tinham participação em 95% das mesas de voto. Portanto, a ata é aquela tira. E os partidos políticos já o têm.” Dessa forma, a oposição venezuelana poderia exibir, ao menos, 95% das atas que cobra do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Em entrevista à Rede Matogrossense, afiliada da TV Globo, o presidente Lula minimizou as preocupações com as eleições na Venezuela. “Tem uma briga. Como vai resolver esta briga? Apresentando a ata. Se tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso.”
Lula falou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a pedido deste. A conversa teria durado 30 minutos. Brasil e EUA ainda não reconheceram a eleição de Nicolás Maduro, assim como México, Colômbia e outros países. China, Rússia, Cuba, entre outros, já parabenizaram o presidente eleito.
Peru reconhece candidato da oposição
O Peru reconheceu Edmundo González Urrutia, candidato da oposição, como presidente eleito da Venezuela, anunciou o chanceler peruano, Javier González-Olaechea. O gesto repete 2019, quando o Peru reconheceu e apoiou Juan Guaidó, hoje refugiado nos EUA após acusações de desvio de recursos.
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, afirmou nesta terça-feira que está em curso uma tentativa de “golpe de Estado”, promovida por grupos de extrema-direita com aliados internacionais, “apoiado pelo imperialismo norte-americano e pelos seus aliados externos e internos”.
O Ministério Público da Venezuela afirmou que sedes do CNE, estátuas e outras instituições públicas, como prefeituras e sedes do PSUV, foram atacadas e vandalizadas por grupos insatisfeitos com o resultado eleitoral que deu vitória ao presidente Nicolás Maduro.
Dados do MP mostram que os confrontos teriam causado a morte de um membro da Guarda Armada Nacional Bolivariana, no Estado Aragua, e ferido outros 48 membros das forças de segurança, resultando na prisão de 749 pessoas. Enquanto a Organização Não Governamental (ONG) venezuelana Foro Penal calcula que seis manifestantes foram mortos desde a última segunda-feira.
O chefe do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, qualificou parte desses atos como terrorismo. “Na Venezuela não há protestos. Há focos de pessoas delitivas, armadas, para agredir e criar um caos para que escale a violência em nível nacional para que haja uma intervenção estrangeira”, afirmou.
Por outro lado, o Alto Comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, manifestou preocupação com as detenções e disse que manifestações estão ocorrendo em pelo menos 17 dos 24 estados da Venezuela.