Ontem tive um sonho, onde o personagem principal era Mandrake, um personagem importante das revistas em quadrinhos do século 20. Ele era um mágico, que usava uma cartola e uma capa de seda escarlate e luvas. Ele era um ilusionista e se valia de uma técnica de hipnose instantânea e de poderes telepatas. Quando ele executava seu gesto hipnótico, a arma do vilão se transformava em um buquê de rosas ou numa pomba.
Ele inspirou uma brincadeira, muito praticada pelas crianças, onde alguém pronunciava: “Mandrake aí”, e as outras pessoas permaneciam imóveis e em silêncio. Só voltavam ao normal, quando se pronunciava: “Pode sair”.
Passo a relatar um sonho após um dia muito tenso, ouvindo notícias da guerra no Oriente Médio. No meu sonho, eu estava na faixa de Gaza, correndo sem rumo, escutando sirenes e explosões de bombas. Me abriguei em um escombro de uma casa e permaneci calado e imóvel. Então um vulto se aproximou de mim.
À medida que se aproximava eu tinha a impressão de que o conhecia. Diante de mim, o reconheci, era o Mandrake. Começamos a conversar e eu indaguei: “Mandrake, o que você pode fazer, para interromper o sofrimento de tantas pessoas inocentes?”
Depois de alguns segundos, ele respondeu: “Vou paralisar todos os radicais envolvidos nesse conflito e, da mesma forma, os fabricantes de armas e os governantes insanos e autoritários”. Ele se concentrou e isso aconteceu.
Imediatamente o silêncio voltou na faixa de Gaza. Em vez de bombas, surgiram paraquedas, com alimentos, água, medicamentos, combustível, roupas, brinquedos de crianças, flores e bandeiras brancas. As pessoas, aos milhares começaram a circular pelas ruas, alegres, cantando e se abraçando.
Fui à fronteira da Faixa de Gaza com Israel e vi palestinos e israelenses se abraçarem. As crianças sorriam e brincavam. Os sequestrados israelenses retornaram aos seus lares. As pessoas choravam de alegria. Mandrake havia transformado um pesadelo em um sonho de felicidade. Com um sorriso em minha face, acordei.
Mandrake em meu sonho fez o que dirigentes insanos não fizeram. Mandrake fez o que a Organização das Nações Unidas não fez. Mandrake fez o ser humano ficar mais humano.
Obrigado, Mandrake. Tomara que meu sonho vire realidade com a coexistência de dois Estados, Israel e Palestina, que terão ampla cooperação e convivência, para o bem-estar de suas populações. Lembremos o pensamento de Albert Eistein: “Não se pode manter a paz pela força, mas sim pela concórdia.”
Chega de guerras. Viva a paz.
Isaac Roitman é professor emérito da Universidade de Brasília, pesquisador emérito do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2022 – 2030 O Brasil e o Mundo que queremos.