Os desafios na hora de empreender

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Sob nova direção (Foto: J.C.Cardoso)
Sob nova direção (Foto: J.C.Cardoso)

Que falhas cometeram aqueles que tiveram que fechar seus negócios?

 

Quando alguém vai abrir uma empresa, sempre existe aquele medo silencioso: será que vou dar certo? Afinal, sabemos que o número de empresas que fecha antes de completar cinco anos é grande. O que fazer para dar certo? Olhando as estatísticas, podemos tirar alguns ensinamentos importantes.

No Brasil, segundo estudo do Sebrae, 29% dos microempreendedores individuais encerram suas atividades com menos de cinco anos de existência. Esse número vai para 21,6% no caso de microempresas e 17% em empresas de pequeno porte.

Com relação a setor de atuação, 30,2% são empresas de comércio, 27,3%, indústrias de transformação, e 26,6%, empresas de serviços.

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Como a pesquisa foi realizada em 2021, a pandemia exerceu uma influência grande: 41% dos entrevistados afirmaram que a pandemia foi o fator determinante para o fechamento; 20% citaram o baixo volume de vendas; e 22% citaram a falta de capital de giro. Já 34% afirmaram que ter acesso a crédito poderia ter evitado o fechamento. Sobre esse ponto, é importante destacar que recentemente o governo lançou o Pronampe, programa governamental de acesso a crédito, que aumentou em 39% o acesso ao crédito para pequenos negócios.

Grande parte dos que abriram um MEI estavam desempregados no momento da abertura da empresa e por isso não tiveram condições de se capacitar de modo a gerir melhor seu negócio. Das empresas fechadas, 35% destes estão trabalhando como autônomos, 31% estão trabalhando com carteira assinada, e 10,6% abriram outra empresa.

Que falhas esses empreendedores cometeram? Segundo pesquisas do próprio Sebrae, 46% não sabiam o número de clientes que teriam e os hábitos de consumo deles, 39% não sabiam qual era o capital de giro necessário para abrir o negócio, e 38% não sabiam o número de concorrentes que teriam.

Todos sabemos que não é fácil empreender. Existe o desafio de conquistar clientes, produzir e entregar no prazo, gerenciar as entradas e saídas de dinheiro. Mas as pesquisas mostram que os empreendedores que se preparam menos reduzem as chances de sucesso. Os números são claros: quem pesquisa o mercado, estuda a concorrência e sabe gerenciar seu caixa tem mais chances de sobreviver.

O mundo avança cada vez mais em termos de tecnologia e conhecimento. A tecnologia facilita o acesso das pessoas a informações, tornando os consumidores cada vez mais exigentes e volúveis. O mundo do trabalho não é fácil e sua complexidade só aumenta. Em qualquer setor de atuação, desde o mais simples até o mais complexo, já não há mais lugar para amadores. Mas quem está devidamente qualificado através de estudo e pesquisa certamente aumenta em muito sua probabilidade de sucesso.

 

Silvina Ramal é empreendedora, foi professora da PUC e da FGV durante 15 anos.

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