O dólar subiu no pregão desta quarta-feira, após a decisão do Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano) sobre a taxa de juros. Jerome Powell, presidente do Fed, enfrenta dois desafios: conter a inflação e acalmar o mercado de títulos. O índice do dólar, que mede a moeda frente a seis principais pares, avançava 0,21%, para 106,884, às 15h.
Os contratos futuros de ouro na divisão Comex da Bolsa Mercantil de Nova York caíram com a alta do dólar. O contrato de ouro mais ativo para entrega em dezembro caiu US$ 6,80, ou 0,34%, para fechar em US$ 1.987,50 por onça.
Os preços das casas nos EUA subiram 0,6% em agosto, em base mensal, de acordo com a Agência Federal de Financiamento de Habitação dos EUA.
O índice de preços de habitação S&P/Case-Shiller aumentou 2,2% numa base anual em agosto, a um ritmo mais forte do que o aumento de 0,2% registado em julho.
O sentimento do consumidor nos Estados Unidos continuou a enfraquecer em outubro, com o índice de confiança do consumidor do The Conference Board caindo para 102,6, face a 104,3 em setembro. A expectativa da taxa de inflação ao consumidor em um ano ficou em 5,9%.
“As respostas mostraram que os consumidores continuaram preocupados com o aumento dos preços em geral e com os preços dos alimentos e da gasolina em particular. Os consumidores também expressaram preocupações sobre a situação política e as taxas de juros mais altas”, comentou o Conference Board.
Taxa de juros mantida
Thomas Monteiro, analista do Investing.com, afirma que a expectativa principal, com relação à decisão do Fed, estava mais em torno do que Powell iria falar do que na decisão sobre a taxa de juros de fato. “Não resta dúvida de que o Fed irá manter a taxa estável, mas isso não significa que estamos falando de um ‘não-evento’”.
“Powell continua tentando realizar o ato de equilíbrio final, no qual o Fed continua a controlar a inflação sem colocar a economia global em uma recessão. O problema é que ele já usou o instrumento de maior impacto que tem em mãos, que são as taxas de juros. Se ele aumenta uma última vez ou não, não deve ser o maior problema, já que o mercado continua muito mais focado em quanto tempo levará para o Fed começar a cortar os juros, já que o mercado prevê, no pior cenário, uma alta terminal de 25bps nos juros”, afirmou Monteiro após a entrevista.
“Sem a taxa de juros, Powell fica restrito a dois instrumentos: o aperto quantitativo (redução do balanço do Fed) e seus discursos (comunicação de insegurança no mercado de risco). O problema com o primeiro é que a liquidação no mercado dos treasuries, especialmente no extremo mais longo da curva, está pressionando a recuperação econômica e empurrando o dólar para um maior valor. Assim, o Fed terá de diminuir a intensidade da venda das suas participações.”
“Isso deixa Powell principalmente com o último instrumento: a comunicação. Isto significa que ele continuará a assustar quem quer que fique fora de controle – seja os mercados de título ou de ações – enquanto ganha tempo para que as defasagens da política monetária surjam e finalize o seu trabalho. E foi exatamente isso que ele fez hoje, quando não aumentou as taxas, mas tentou parecer indeciso – isto é, nem hawkish nem dovish”, analisa Monteiro.
“No entanto, devemos lembrar que 2024 é um ano eleitoral, o que significa que a pressão será grande sobre ele para manter o mercado de trabalho forte”
“De fato, o fantasma dos anos 80 – quando a inflação americana veio em ondas – continua assustando o Fed, ainda mais tendo em vista o cenário desfavorável tanto econômico quanto geopolítico”, prossegue o analista do Investing.com
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Dois desafios praticamente opostos
Um problema mais urgente aflige o mercado financeiro, que é a venda (selloff) dos treasuries (títulos do Tesouro) dos EUA, com os yields dos títulos de 10 e 30 anos batendo acima dos 5%. “Depois de mais de um ano com quase todas as curvas de juros invertidas para baixo, uma subida assim implicaria um cenário de risco elevado no médio e longo prazo para a economia americana”, ressalta Monteiro.
“Nesse cenário, Powell terá dois desafios praticamente opostos um ao outro: acalmar o mercado de títulos e, ao mesmo tempo, garantir que as expectativas de inflação se mantenham sob controle. Tendo em vista todos os riscos envolvidos, a última coisa que preocupa Powell nesse momento é o mercado de ações que, apesar da queda nos últimos meses, continua tendo um ano muito bom”, afirma o analista.
Os principais índices das Bolsas de Valores dos EUA vêm sofrendo perdas nas últimas semanas. O S&P 500 caiu 15% em relação ao seu máximo de 52 semanas. O Nasdaq Composite caiu mais de 12% em relação ao seu máximo de 2023.
Os comerciantes também tiveram a oportunidade de dar uma olhada no relatório do Índice de Gerentes de Compras (PMI) de Chicago nesta terça-feira, que mostrou que o PMI teve pequena queda, de 44,1 em setembro para 44 em outubro.
Com Agência Xinhua
Matéria atualizada às 17h40 para inclusão de dados sobre dólar e ouro
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