“Os impérios do futuro são os impérios da mente.”

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(Winston Leonard Spencer Churchill, 1874-1965)

Em meados dos anos 50, o país de maior desenvolvimento industrial do mundo, os EUA, inverteu a relação entre trabalhadores burocráticos e trabalhadores de chão de fábrica, tornando-se o primeiro grupo o mais numeroso pela primeira vez na história. Começava então um processo de mudança que levaria quase 40 anos para ser percebido na sua integridade.

– Na sociedade que emergiu dos anos 50, a informação se transformou no principal fator de produção, sobrepondo-se aos demais na transformação em bens e serviços. A influência das pessoas sobre os dados e destes sobre as pessoas criou progressivamente um ambiente em que novas tecnologias de produção e gestão aprofundaram o novo padrão de sociedade.

– São os casos da informática, depois microinformática, das telecomunicações, da miniaturização, das tecnologias de gestão, como a gestão pela qualidade, em que os serviços associados à oferta de um bem são mais importantes do que o desempenho do bem em si, todas embaladas pela redução de custos que a globalização ensejou, sobretudo após os choques do petróleo dos anos 70.

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– Nas economias mais avançadas, o trabalho repetitivo foi sendo transferido para a automação e, ao mesmo tempo, o trabalho tornou-se mais emblemático, superando conceitos como o de posto de trabalho (estático), manufatura (fazer com as mãos) e proletariado (para se alcançar a escala, a indústria prescinde da prole dos trabalhadores).

– Até então encarado como forma de inclusão social, discute-se hoje os novos significados do trabalho. Se até aqui o trabalho constituiu-se em sobrenome do trabalhador, João mecânico ou Maria da empresa X, este atributo torna-se mais tênue. Sem entrar na discussão desconfortável se haverá trabalho para todos, com certeza o que houver será apenas para aqueles que interagirem com as novas tecnologias, aproveitando novas possibilidades por elas descortinadas.

– A possibilidade, para muitos remota, do aumento do nível de ocupação está condicionada a transformações no sistema produtivo, onde o trabalhador só assumirá esta dimensão na medida em que a concilie com a de colaborador, dirigente, investidor, consumidor e eleitor. A empresa-cidadã é a empresa desta era. Seu conceito, ainda em construção, está muito além do exercício da filantropia ou da publicidade vendedora.

– As empresas administradas viraram o século como o mais notório exemplo de instituição social bem sucedida, em conseqüência do domínio tecnológico próprio. A empresa evolui, tornando-se cidadã, na medida em que participa da reestruturação produtiva com a parceria do trabalho.

– Através dela, desenvolve as oportunidades de participação efetiva nos planos da cidadania e das responsabilidades associadas, pratica a proteção social nas circunstâncias em que ela é oportuna e promove a educação e qualificação profissional que transformam a tripaliare, significado tortura, origem latina de trabalho, em um novo paradigma de inclusão social.

DIGNO DE NOTA
Em 2001, personalidades que de alguma forma pugnaram pela responsabilidade social foram mencionadas ao longo do ano.

– Betinho.
– Zilda Arns (pela Pastoral da Criança).
– Cláudio Bertolucci (pelo projeto Broto Verde).
– Célia Macieira (pelo programa do Sinduscon-RJ, Alfabetizar é Construir).
– Ione Carvalho (coordenadora do projeto Encaminhar, da GR Serviços de Alimentação).
– Joãosinho Trinta (pelo projeto Do Lixo às Flores, em Duque de Caxias, RJ).
– Miguel Reale Júnior e Marcos Roberto Fuchs (presidente e secretário-executivo do Instituto Pro Bono, pelo compromisso da primeira causa do Instituto de defesa de 18 “quilombos” ligados à Fundação Palmares na questão de posse de terra).
– Carlos Miguel Aidar (presidente da secção da OAB de São Paulo, pela previsão da regulamentação do trabalho voluntário de advogados)

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Correio eletrônico: [email protected]

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