Faleceu às 7h47 desta segunda-feira, por deficiência respiratória, o engenheiro, colaborador do Monitor Mercantil e amigo Osvaldo Luiz Nobre Pinto. Com extenso currículo nas áreas de energia e economia, Osvaldo Nobre dirigiu empresas públicas e privadas com inigualável talento.
Foi presidente da Companhia de Eletricidade de Alagoas, diretor Financeiro da ITA Energética, diretor Econômico-Financeiro da Escelsa, diretor-adjunto do Dnaee, diretor da Caeeb, assistente da Presidência da Eletrobras, onde também chefiou o Departamento de Acompanhamento e Controle. Nobre foi conselheiro na Cerj, Coelce, Ceal e Eletronorte e assistente da Diretoria de Itaipu.
Fora da área de energia, presidiu a Comissão de Supervisão do World Trade Center de São Paulo e foi consultor de bancos e fundos de pensão, entre outras empresas de diversos setores, como o de comunicação.
Dono de um texto fluente e de uma capacidade de análise geopolítica impecável, escreveu os livros Brasil – País do Presente (2003), Bric ou RIC (2008), Década de Transformações (2010) e A Tragédia Brasileira (2015).
Colaborou com o Monitor Mercantil desde o ano 2000, tendo escrito dezenas de artigos, sempre com repercussão nacional. Os textos antecipavam caminhos do Brasil, como o que publicou em 8 de dezembro de 2010, sobre o pré-sal. No artigo, afirmou: “Os que estudam, minimamente, a questão do petróleo mundial sabem que a história da busca deste insumo não prima pela ética e, ao contrário, constitui-se um jogo pesado em que invasões, apropriações e assassinatos foram e são ainda eventos corriqueiros.”
“Não se pode esquecer que dentre os interesses vitais dos EUA estão, entre outros, os seguintes: evitar que países potencialmente hegemônicos se desenvolvam e evitar coalizões hostis; assegurar o acesso incondicional aos mercados decisivos ao fornecimento de energia e aos recursos estratégicos; garantir a liberdade dos mares, vias de trafego aéreo e espacial e a segurança das linhas vitais de comunicação.” O artigo foi escrito quase quatro anos antes do início da Operação Lava Jato e do cerco à Petrobras.
Continuou Osvaldo Nobre: “Sem temer que se classifique como paranoia ou mais um capítulo da Teoria da Conspiração (…) não manifesto qualquer inibição em registrar o seguinte: ou aparelhamos nossas Forças Armadas, em especial a Marinha, ou ficaremos apenas com as ‘sobras’ de um pré-sal que é nosso.”
A ameaça antecipada por Nobre acabou acontecendo, embora nem ele pudesse imaginar que o Brasil abriria mão do controle do pré-sal sem que fosse disparado um único tiro. Mas o alerta estava lá: “Os deputados que cuidem de melhorar e revisar a nossa legislação, em particular a de 1997, mutilada pelos lobbies (Big Oil) a cuja ação $ucumbiram. Aqueles que são neófitos e vagabundos parem para pensar que a ninguém convém uma cisão federativa. Revisem a legislação do petróleo. Preocupem-se também em aparelhar nossas Forças Armadas, enquanto é tempo. Imbecilidade e burrice têm limites!”
Osvaldo Nobre era um ótimo papo, profundo conhecedor do Brasil e viajante por mais de 45 países. Era colaborador assíduo desta coluna, seja com informações exclusivas ou comentários precisos e análises argutas. Seus telefonemas ao final da tarde ou as visitas esporádicas farão muita falta.
Brasileiro, nacionalista, Osvaldo Luiz Nobre Pinto deixa esposa, Rose, quatro filhos e cinco netos. O velório será realizado quarta-feira (2), às 10h, na capela 4 do Memorial do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro (RJ). A cremação será às 13h.