Estima-se que o mercado de educação privada movimente mais de R$ 280 bilhões por ano no Brasil. Só na educação básica, são mais de 40 mil escolas ativas e um universo de 9,5 milhões de alunos, segundo o Censo Escolar 2024 — o maior número da série histórica iniciada em 2007. Mesmo com a queda geral de matrículas no país, a rede privada cresceu e ganhou 460 mil novos alunos na última década.
É um setor em expansão, resiliente e com alto potencial de rentabilidade. Ainda assim, segue subatendido quando o assunto é infraestrutura financeira, digitalização, processos de cobrança e meios de pagamento.
Grande parte das escolas ainda opera com baixa automação, controles manuais e gestão financeira fragmentada. A inadimplência virou um tema recorrente, mas é apenas o sintoma de uma engrenagem desestruturada. Sem um processo consolidado de gestão de pagamentos, sem régua de cobrança automatizada, sem lembretes eficazes para responsáveis financeiros e, principalmente, sem visibilidade clara do fluxo de caixa, muitas escolas acabam operando no limite mesmo com receita previsível e recorrente.
Para investidores e players do setor financeiro, o sinal de oportunidade é evidente: a educação privada brasileira demanda soluções personalizadas e integradas que digitalizem e centralizem seus fluxos financeiros. Contas digitais vinculadas à matrícula, gateways de pagamento integrados, antecipação de recebíveis sob demanda, esteiras automatizadas de cobrança e análise de crédito preditiva baseada no comportamento das famílias são exemplos concretos de como a tecnologia pode destravar valor. Trata-se de um mercado historicamente negligenciado pelas grandes instituições financeiras, mas pronto para ser transformado.
O modelo tradicional de crédito olha apenas para o CNPJ da escola. Entretanto, isso ignora o principal ativo financeiro da instituição: a carteira de alunos e o histórico de pagamento das famílias. Ao construir produtos financeiros sob medida para esse setor, é possível precificar melhor o risco, oferecer crédito com mais inteligência e profissionalizar a operação de ponta a ponta.
Mais do que uma questão de eficiência, a transformação permite que escolas se tornem, também, hubs de serviços financeiros, ampliem suas receitas e reduzam sua exposição à inadimplência. Estamos falando de um mercado altamente pulverizado, com receita recorrente, ciclo de vida longo por cliente e alto grau de fidelização. Em termos de lógica de investimento, é um setor que reúne escala, retenção e uma demanda latente por digitalização.
A tese aqui não é apenas melhorar a gestão escolar, mas reorganizar as engrenagens financeiras de um dos mercados mais estratégicos do país. Quem liderar a transformação, ao oferecer uma jornada completa de gestão financeira customizada para a educação privada, estará posicionado sobre um ativo de longo prazo. Não será apenas um parceiro das escolas, mas um protagonista no futuro dos meios de pagamento no Brasil, contribuindo para transformar as instituições de ensino em negócios mais rentáveis.
Se a educação é um investimento, não um custo, é hora de tratarmos a gestão financeira das escolas como parte essencial desse processo. O futuro da educação privada no Brasil passa, necessariamente, por sua bancarização inteligente e pela construção de um sistema financeiro adaptado às suas particularidades.
Erick Moutinho, CEO da Eskolare