Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Iraque ampliaram suas importações de carne de frango do Brasil e encerraram o ano entre os 10 principais clientes do produto no exterior. De acordo com balanço de 2024 e perspectivas para 2025 divulgados ontem pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em entrevista coletiva em São Paulo, o setor também deverá registrar neste ano recorde na produção e exportação de carne de aves.
O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirmou que os países que consomem proteína halal, método em que os produtos são feitos de acordo com as normas do Islã, são antigos compradores do Brasil e têm registrado aumento consistente de compras de carne de frango brasileira.
“Você tem uma Arábia que cresce 1,1%, os Emirados com crescimentos de 7%, são crescimentos consistentes e que se repetem também em alguns outros países árabes. Então, vejo este consumo mantido”, afirmou Santin.
Conforme os dados da ABPA, a China foi o principal comprador de carne de frango do Brasil neste ano. O país importou 508,7 mil toneladas entre janeiro e novembro, com queda de 19,5% em comparação com o mesmo período de 2023.
Os Emirados foram o segundo principal destino: compraram 424,7 mil toneladas, em alta de 7,2% sobre janeiro a novembro do ano passado. A Arábia Saudita foi o quarto principal destino, atrás do Japão. O país do Golfo importou 341,1 mil toneladas de carne de frango até novembro, com expansão de 1,1% sobre a mesma comparação de 2023. O Iraque, 9º destino das exportações, comprou 166,3 mil toneladas, em alta de 20,9% sobre o ano anterior. Juntos, esses três países foram responsáveis por 20% das exportações brasileiras de carne de frango.
Santin afirmou que, no caso do Iraque, o crescimento é atribuído a uma queda nas exportações da vizinha Turquia. Já o crescimento menor da Arábia Saudita, avaliou o presidente da ABPA, é resultado de uma estratégia do governo local.
“É aumento da produção própria. A gente conhece a decisão da Visão 2030 da Arábia Saudita de diversificar sua economia para além do petróleo, de fazer 80% de produção local e 20% de importação. É uma decisão que eles tomaram dentro da sua autonomia, não vejo outros fornecedores, mas, muito mais, a produção crescendo e o Brasil complementando naquilo que é possível”, afirmou Santin, que destacou o fato de que empresas brasileiras têm produção de carne de frango dentro da Arábia Saudita. Elas operam também dentro de outros países árabes.
A produção e a exportação de carne de frango atingirão recorde neste ano, que já deverá ser superado em 2025 devido às previsões da ABPA. A instituição classificou 2024 como um ano “positivo”, apesar de desafios. Entre eles estão as inundações no Rio Grande do Sul e os casos de gripe aviária em animais silvestres, além da doença de Newcastle, registrada também no Rio Grande do Sul.
Este ano deverá ser encerrado com uma produção de 15 milhões de toneladas de carne de frango, em expansão de até 1,1% sobre 2023. As exportações deverão somar 5,3 milhões de toneladas, até 3,1% maiores do que o registrado no ano passado. Para 2025, as projeções são de crescimento de 2,7% na produção e de 1,9% nas exportações sobre o desempenho deste ano. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior produtor mundial de carne de frango, atrás apenas dos EUA, e responsável por 14,3% da produção global. Foi o maior exportador do mundo, com participação de 38% das vendas ao exterior.
Outro segmento que registrou crescimento em 2024 foram as exportações de ovos produzidos Brasil para Emirados Árabes Unidos e Catar, mesmo com uma queda nas vendas internacionais gerais do produto. De acordo com dados da ABPA, no total foram vendidas ao exterior 16,4 mil toneladas de ovos até novembro, com retração de 32,9% em relação ao mesmo período de 2023. A receita com essas exportações foi de US$ 34,9 milhões, em queda de 42,4% na mesma base de comparação.
Neste ano, avaliou Santin, não se observou um evento registrado em 2023, ocasião em que Taiwan importou uma grande quantidade de ovos do Brasil.
Entre os árabes, os Emirados, terceiro principal comprador, importaram 1,9 mil toneladas de ovos entre janeiro e novembro, em alta de 123,5% em comparação com o mesmo período de 2023. O Catar, quinto principal destino dessas vendas, importaram 1,02 mil toneladas, em expansão de 7,7% até novembro deste ano sobre o mesmo período de 2023. Chile (primeiro), EUA (segundo), Japão (quarto), Uruguai (sexto), Cuba (sétimo), México (oitavo), Panamá (nono) e União Europeia (10º) completam a lista dos principais destinos de ovos produzidos no Brasil.
Agência de Notícias Brasil-Árabe
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