Redução nas exportações e queda dos preços de commodities podem estar entre os principais efeitos da pandemia de coronavírus sobre a economia brasileira, avalia a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia. O texto, divulgado antes de a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificar o coronavírus como pandemia, pondera que ainda é cedo para precisar impactos e que, pelo menos por enquanto, não houve alterações significativas nas vendas externas brasileiras.
“A redução do ritmo de atividade global tende a gerar uma queda na demanda das exportações brasileiras, sobretudo de commodities. Os dados completos da balança comercial dos próximos meses trarão informações adicionais”, informa a nota. O documento destaca que, desde a confirmação da primeira morte pelo coronavírus, em 11 de janeiro, os preços das principais commodities da pauta de exportações do Brasil recuaram, principalmente café, carne bovina e minério de ferro. E, se de um lado a demanda pode ser menor, o custo de insumos importados pode aumentar, com menor disponibilidade.
“A menor demanda global tende a pressionar para baixo os preços em dólar de commodities. Os preços de insumos importados também podem aumentar, tendo em vista menor disponibilidade no mercado”, avalia a nota, citando também a aversão a risco provocada pelo impasse entre grandes produtores mundiais de petróleo.
Outro aspecto destacado pelo Ministério da Economia é a possibilidade de interrupção de cadeias produtivas, especialmente na indústria, dependente de componentes fabricados na China. Este tem sido um fator de preocupação para diversos segmentos, entre eles o de máquinas e implementos agrícolas
Agronegócio exporta US$ 6,41 bi em fevereiro
As importações do setor totalizaram US$ 1,06 bilhão no mês e, como resultado, o saldo da balança comercial foi de US$ 5,35 bilhões. As exportações de óleo de soja, carne (bovina, suína e de frango), algodão e complexo sucroalcooleiro (açúcar e álcool) tiveram desempenho favorável na balança comercial do Agronegócio, que contabilizou US$ 6,41 bilhões, em fevereiro.
A participação do agro no total das exportações brasileiras ficou em 39,2%, já que houve recuo de 6,3% nas vendas externas na comparação com o mesmo mês do ano anterior. As importações do setor totalizaram US$ 1,06 bilhão no mês e, como resultado, o saldo da balança comercial foi de US$ 5,35 bilhões, de acordo com a Balança Comercial do Agronegócio, elaborada pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Apex e Softex renovam projeto de exportação
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Softex anunciam a renovação para o biênio 2020-2022 do convênio do Projeto Setorial Brasil IT+, o maior e mais abrangente plano de internacionalização competitiva de empresas desenvolvedoras de software e prestadoras de serviços de TI já realizado no país. Iniciado em 2005, ele tem por objetivos gerar novas oportunidades de negócios no mercado internacional para as companhias brasileiras participantes, ampliar o volume de exportações, aumentar a exposição da indústria brasileira de TI e fortalecer a imagem do Brasil como um centro mundial de excelência no setor.
O diretor de Negócios da Apex-Brasil, Augusto Pestana, destaca que o Brasil IT+, projeto feito em parceria com a Softex, está há 15 anos apoiando os negócios internacionais das empresas brasileiras do setor de TI. “A Agência entende este setor como extremamente importante para colocar o Brasil na era da transformação digital e com empresas que muitas vezes já nascem prontas ou rapidamente transformam suas soluções para o mercado internacional. Avaliamos criteriosamente os resultados anteriores e o potencial de negócios do setor e renovamos nosso plano de trabalho para os próximos dois anos”, reforça Pestana.
Franquia de frango crocante chega nos EUA
O ano de 2020 começa para lá de próspero para a Hot n’ Tender, franquia brasileira de frango crocante que possui 45 lojas. A empresa fechou, no ano passado, o negócio dos sonhos: o megaempresário indiano Jay Pandya investiu US$ 50 milhões na marca e colocou o frango frito brazuca na terra do tio sam.
O CEO da Rohan Group foi o primeiro investidor internacional da HNT e planeja inaugurar, até o final de 2025, 50 unidades da franquia nos Estados Unidos. Dany Levkovits, o fundador da HNT, iniciou o contato com Jay durante a edição de 2018 da Multi-Unit Franchising Conference Las Vegas, feira na qual a empresa participou graças ao apoio do Franchising Brasil — projeto setorial de internacionalização realizado por meio de uma parceria entre a Associação Brasileira de Franchising (ABF) com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Hoje, o Rohan Group é dono de franquias de marcas de peso, como a Pizza Hut e o Dunkin’ Donuts. O ponta pé inicial da operação norte-americana comandada pelo grupo já aconteceu: a HNT abriu seis lojas, nos estados da Filadélfia e de Connecticut. Além do investimento norte-americano, a Hot n’ Tender também está negociando com candidatos colombianos e argentinos.
De acordo com o fundador da HNT, a empresa é prova viva de que o ambiente das feiras pode, sim, trazer resultados surpreendentes para as franquias em busca do mercado externo. “Nossa negociação com o parceiro americano durou 8 meses. Nesse meio tempo foram sete viagens aos Estados Unidos e muitas reuniões com advogados e consultores”, conta Dany. E acrescenta: “o foco e a determinação são os principais fatores para o negócio dar certo”.
Exportações de carne suína crescem 54,6%
As exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 67,4 mil toneladas em fevereiro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número é recorde para o mês e supera em 24,7% o volume embarcado no mesmo período de 2019, quando foram exportadas 54,1 mil toneladas. A receita mensal das exportações chegou a US$ 154,9 milhões, número 54,6% maior em relação ao resultado obtido no segundo mês de 2019, com US$ 100,2 milhões.
No acumulado do ano, as exportações de carne suína chegaram a 135,9 mil toneladas, volume 32,4% maior em relação ao alcançado no primeiro bimestre de 2019, com total de 102,6 mil toneladas. As vendas do período geraram receita de US$ 319,1 milhões, saldo 66,2% superior ao registrado nos dois primeiros meses de 2019, com US$ 192 milhões.
“O preço médio das exportações segue elevado, pressionado pela forte demanda asiática por proteína animal. Os impactos das ocorrências de Peste Suína Africana no rebanho de mercados como China e Vietnã mantiveram o fluxo dos embarques elevados, em níveis atípicos para o período”, aponta Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
Principal destino das exportações, a China incrementou suas compras em 161% na comparação com o mesmo período do ano passado, com total de 31 mil toneladas exportadas em fevereiro.
“As questões pontuais de logística decorrentes das ações de controle ao Covid-19 não geraram impactos significativos no saldo final das exportações brasileiras. Ajustes logísticos garantiram o desembaraço das cargas no mercado chinês. O governo chinês prioriza o trânsito de alimentos”, analisa Francisco Turra, presidente da ABPA. O Japão também elevou suas compras de carne suína do Brasil, com total de 678 toneladas em fevereiro, número 239% maior que o embarcado em fevereiro de 2019.
Contato com o colunista: [email protected]