Relatório da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), com base nos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostra que o seguro de pessoas arrecadou R$ 62,5 bilhões em prêmios em 2023, um crescimento de 8% em comparação à 2022. O resultado, segundo a entidade, é o maior da série histórica, mesmo considerando o efeito da inflação (em termos reais), desde 2014.
A pandemia fez o brasileiro acreditar na importância de um seguro de vida, afirma à reportagem do Monitor Mercantil Jorge Andrade, diretor estatutário da Fenaprevi, e também presidente da Capemisa Seguradora de Vida e Previdência S.A.
Ele atribui o crescimento de 8% também aos investimentos que o setor tem feito em tecnologia para tornar o processo de contratação mais rápido e simples, além do treinamento e apoio aos corretores de seguro. “Esses foram os catalisadores que, em conjunto, fizeram o mercado crescer em 2023”, destaca Andrade. Acrescenta, no entanto, que observando a linha do tempo, não podemos esquecer que a pandemia fez a população mundial repensar a importância do seguro de vida na garantia da estabilidade financeira das famílias.
O diretor lembra que indagações recorrentes na pandemia, como sonhos a serem realizados ou não, aquisição de imóvel, colégio do filho ou se este chegaria à faculdade, o pensamento no futuro e nas pessoas foi de grande importância para o crescimento do setor. “Temos estabilidade com o seguro de vida”, resume.
Perguntado sobre qual é o maior desafio do setor, Andrade disse que este está relacionado a educação financeira. “O jovem deve saber lidar com as suas finanças pessoais. Esse reconhecimento permeia todas as classes sociais e faz com que a família brasileira perca tempo e oportunidade de proteger o seu patrimônio que só um seguro de vida garante”, destaca. Ele cita que o seguro de vida pode proteger o patrimônio da sua família, garantindo o pagamento de custas relativas à sucessão e ao inventário, por exemplo. Andrade esclarece, porém, que isso inclui também os menos abastados. “O seguro funeral pode custar menos de R$ 1 ao dia”, exemplifica.
Sobre expectativas para 2024, Andrade responde que é de mais crescimento, pois além dos investimentos em tecnologia e na formação dos corretores, ele observa melhoria no mercado de trabalho e na renda, o que abre espaço para o seguro de vida no orçamento das famílias.
Prêmio por ramo Detalhando o montante dos prêmios por ramo, 48% correspondem aos seguros de Vida (modalidades Individuais e Coletivo), seguidos por 27% em seguro Prestamista e de 13% em Acidentes Pessoais. Ao mesmo tempo, os seguros com o maior crescimento no período foram o Funeral, Vida Individual e o de Doenças Graves / Terminais, que registraram altas de 23,7%, 20,8% e 11,5% respectivamente.
“Os prêmios arrecadados superaram o resultado de 2022, entretanto muito ainda pode ser feito neste mercado. Quando comparado a outros países, o Brasil ainda está aquém de seu potencial, a participação dos prêmios de seguro de vida no Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) é de apenas 0,6%. Estamos no 41º lugar no ranking da OCDE de 2022 quanto ao volume de prêmios de seguros de vida, considerando 53 nacionalidades.
Países com PIB relativamente próximo ao do Brasil, possuem mercados de seguro de pessoas com uma maior participação.” explicou Edson Franco, presidente da Fenaprevi. Pagamento de benefícios O levantamento da Federação revela também que em 2023 foram pagos R$ 15,1 bilhões em benefícios à população segurada (sinistros), resultado 5,7% superior ao aferido em 2022. O maior crescimento ocorreu nos ramos de Viagem, com alta de 58,6%; de seguros Dotais (18,8%) e o de Doenças Graves / Terminais, cuja variação foi de 17,6%.
“Os resultados do ano confirmam a relevância dos seguros de pessoas para a população, o setor nunca transferiu tantos recursos à sociedade. Foram R$ 58,8 bilhões de indenizações pagas entre 2020 e 2023. Sendo R$ 15,1 bilhões somente no último ano”, destaca o presidente da Federação. “A população segurada se beneficia cada vez mais da proteção provida pelos seguros de pessoas. Os resultados apontam isso.”, afirma Franco.