O apagão que afetou São Paulo no último fim de semana trouxe à tona a deterioração dos serviços de energia prestados pela Enel. Embora a tarifa total paga pelos consumidores residenciais tenha crescido abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a parcela destinada à distribuição, que remunera a própria Enel, acumulou um aumento de 75% no período.
Mesmo após sucessivos aumentos nas tarifas desde que assumiu o controle da antiga Eletropaulo em 2018, os indicadores de qualidade de serviço mostram piora significativa. O tempo de atendimento mais do dobrou até 2023 e a queda observada neste ano de 20,4%, ainda não reflete a temporada de chuvas, que tradicionalmente eleva tanto o número de emergências quanto o tempo de resposta.
O analista de energia da Equus Capital, Pedro Coletta comenta que, o número de ocorrências não apresentou grande variação em relação a 2018, porém o tempo total piorou 83%, sendo que o tempo médio de preparo das equipes para resolver emergências dobrou de 4 para quase 9 horas, enquanto o tempo de execução e deslocamento se mantiveram estáveis, indicando que a equipe da Enel pode ser insuficiente para atender situações críticas.
Esses dados reforçam a insatisfação dos consumidores, que pagam mais, mas enfrentam serviços cada vez menos eficientes. “O caso do apagão em São Paulo expõe a necessidade de maior fiscalização e investimento na infraestrutura da Enel para garantir que os recursos oriundos das tarifas mais altas sejam efetivamente utilizados para melhorar o atendimento e reduzir o impacto de eventos climáticos na rede elétrica”, completa Coletta.
Por outro lado, a concessionária de energia informou que 14.821 usuários ainda estão sem energia elétrica, conforme balanço nesta tarde de domingo. De acordo com a empresa, o número equivale a 0,18% do total de clientes e a situação é considerada “dentro da normalidade”.
A capital paulista é a mais atingida, em números absolutos, com 10.355 imóveis sem luz. Na sequência, está Diadema, com 1.079 clientes afetados.
O Procon-SP informou que reforçou o atendimento na cidade de São Paulo, especialmente para quem está com problemas de falta de energia elétrica. De segunda a sexta-feira, das 9h às 15h, os consumidores paulistanos poderão registrar reclamações em postos presenciais montados nas subprefeituras de Capela do Socorro, Cidade Ademar, Parelheiros e Santo Amaro.
Não há necessidade de agendamento de horário, e o consumidor precisará levar uma conta mensal de energia elétrica para registrar a queixa.
Segundo o Procon-SP, os pontos foram instalados na região sul da cidade por ser a mais impactada pela interrupção no fornecimento, desde o temporal do último dia 11.
Entre os direitos dos consumidores, o órgão aponta o direito ao ressarcimento de valores pelos danos materiais em razão da falta de energia elétrica, como alimentos ou medicamentos perdidos e aparelhos elétricos danificados. Além disso, é dever da empresa dar informações de forma clara e transparente sobre a retomada dos serviços e também sobre como o consumidor deve fazer para ter os valores ressarcidos.
A Defesa Civil do Estado de São Paulo informou que o sistema de baixa pressão que atua no Centro-Oeste perdeu força e o corredor de umidade da Amazônia desviou para os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, deslocando a chuva para lá.
“Nas últimas 48 horas, já choveu 151 mm no município de Itajubá e 146 mm em Santa Rita do Sapucaí, Estado de Minas Gerais. E 138 mm em Mangaratiba, Estado do Rio de Janeiro”, divulgou o órgão, no início da tarde.
Com informações da Agência Brasil
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