Para especialista, mercado está digerindo operações das Americanas

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Lojas Americanas (Foto: Procon-MS)
Lojas Americanas (Foto: Procon-MS)

Os títulos de dívida da Lojas Americanas desvalorizaram após a varejista anunciar “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões e a saída do diretor-presidente Sergio Rial.

Para Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, “o mercado está digerindo as operações das Americanas. Existe sim essa operação de risco sacado em várias empresas do Brasil. A Americanas não é a única. A grande questão era saber se já tinha pago os bancos com relação às antecipações que foram feitas aos fornecedores. O problema é ter uma reclassificação. A Americanas vai ter liquidação antecipada as suas dívidas, que causaria aí um problema gigantesco para a companhia.”

Segundo o especialista, “temos que ver como será feito esse processo para que se evite essas antecipações, dessas debêntures. A sobrevida da companhia é muito importante. Existe muita dívida na mão do mercado, obviamente está pulverizado. Precisamos acompanhar o desenrolar do dia e como vai ser a marcação dos títulos de renda fixa de crédito privado. As pessoas estão olhando basicamente as ações, mas acho que o maior impacto, além das ações, é para os fundos de crédito privado que têm participações nas Lojas Americanas.”

Já segundo o advogado João Lucas Tonello, especialista em Direito Tributário e analista de Investimentos da Benndorf Research (CNPI-P), “Sérgio Rial, que é reconhecido pelo mercado como um excelente gestor de pessoas e formador de time chegou a Americanas com o objetivo de reformular a cultura da companhia montando um novo time de diretores. Com grandes desafios operacionais pela frente devido a integração das operações on-line, off-line, aquisições recentes, evolução de inciativas internas como a Ame Digital o trabalho do Rial mais o time seria de longo prazo. Ele começou com uma belíssima tacada trazendo o André Covre, um dos melhores CFOs do mercado, responsável pelos melhores momentos do Grupo Ultra (época que os postos Ipiranga estavam com margens excepcionais e ótimo crescimento). A notícia de hoje é um banho de água fria nesse projeto de reestruturação que estava se iniciando onde a tese de investimento dos compradores passava grande parte pela capacidade do Rial de montar um time muito capaz de executar o turnaround. Isso acabou, portanto entendemos que não há motivos para continuar posicionado.”

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Em nota assinada por seu presidente-executivo, Fábio Coelho, a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) disse que “acompanha com preocupação o conteúdo e os desdobramentos de inconsistências contábeis detectadas. De acordo com o Fato Relevante divulgado no dia 11, em análise preliminar, a área contábil da companhia estimou inconsistências da ordem de R$ 20 bilhões na data-base de 30/09/2022, não sendo ainda possível determinar todos os impactos na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia.”

Ainda segundo a entidade, seus associados ” e o mercado em geral restam apreensivos, em especial, quanto à quantificação dos impactos, bem como pela conclusão das apurações por parte do comitê independente constituído para tal finalidade. Adicionalmente, a Amec externaliza sua perplexidade quanto à atuação das instâncias de governança da companhia e dos seus respectivos gatekeepers, principalmente auditorias, à luz da magnitude estimada da inconsistência contábil. Chama ainda atenção que, diante da urgência e importância do tema, outros esclarecimentos sobre os fatos tenham sido feitos em call privado e com restrição e limitação de acesso. Em prol da devida transparência, a Amec entende que há necessidade de manifestações tempestivas e mais objetivas dos órgãos de governança da companhia, em especial, do seu Conselho de Administração.”

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