Para especialistas Bolsonaro é o grande derrotado das eleições

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Presidente Jair Bolsonaro. Foto: divulgaçao ABr
Presidente Jair Bolsonaro. Foto: divulgaçao ABr

Apesar de o filho do presidente Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), ser o segundo mais votado nas eleições para vereador no Rio de Janeiro, com 71 mil votos, especialistas afirmam que o presidente obteve uma derrota no pleito. “Boa parte dos candidatos por ele (Bolsonaro) apoiado não tiveram sucesso na eleição. Mesmo nas Câmaras Municipais essa visão da extrema direita não se consolida”. A afirmação é do diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior.

De acordo com ele, os resultados do primeiro turno das eleições municipais, deste domingo, serviram como uma demonstração de que “a onda contra a política passou”. Entre os municípios que já elegeram prefeitos em primeiro turno, o que se viu “foi uma não consolidação dessa visão da extrema direita”. “Ou seja, a questão vinculada ao atual presidente da República enfraqueceu”, afirmou.

Bolsonaro deixou explícito seu apoio ao candidato Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo, que ficou em quarto lugar na disputa com pouco mais de 10% dos votos. A Delegada Patrícia (Podemos), em Recife, Bruno Engler (PRTB) em Belo Horizonte e o Coronel Menezes (Patriota) em Manaus, todos apadrinhados pelo presidente, também ficaram longe da vitória. Ainda outras 18 capitais terão segundo turno. Apenas no Rio, pareceu que seu apoio levou Crivella para o segundo turno e também Eduardo Paes, que faz parte de um partido (DEM) que apoia Bolsonaro.

Para Fabio Augusto, as eleições se deslocaram mais ao centro e até para a esquerda. “Um espectro político muito mais interessante do que a gente viu sair das urnas em 2018”, ressalta.

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Entretanto, o país registrou um recorde de abstenção, que ultrapassou 30% em várias capitais, segundo o jornal O Globo. Ainda assim, de acordo com Fausto, a falta de comparecimento às urnas está muito mais ligada à pandemia. Segundo ele, “nesse atual momento em que sair de casa pode ser um risco, eu diria o contrário. Nós tivemos uma votação bastante significativa. E isso é um recado da população em geral pelo seu apreço, valorização da democracia, pela escolha dos seus candidatos e vereadores”, aponta na Rádio Brasil Atual.

Além da crise sanitária, as eleições tiveram ainda como pano de fundo a crise econômica, que levou à alta do desemprego e da inflação, com o aumento dos preços das cestas básicas, afetando sobretudo os mais pobres. Segundo o diretor do Dieese, todo esse contexto pesou para que a renovação nos quadros políticos dos municípios fosse menor. Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba e Palmas foram algumas das cidades que mantiveram no cargo seus atuais prefeitos.

“A crise econômica certamente se coloca em todo o período eleitoral e agora não foi diferente. Uma terrível insegurança em relação ao futuro leva a votações mais conservadoras. O que a gente assistiu foi isso, houve uma troca bem menor de prefeitos, de partidos que já estavam no poder. E vai se assistindo um deslocamento mais para o centro”, pondera.

As câmaras municipais, contudo, mostraram também um avanço das candidaturas de mulheres e LGBTs. E moradores das periferias de grandes cidades também garantiram representatividade para o mandato do ano que vem. “É mundo real chegando nas Câmaras de Vereadores. Elas são a expressão de fato das necessidades dos municípios, das relações de poder de cada uma das cidades. Temos que ver como isso vai se desdobrar para dentro dos municípios”, afirma.

Para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) o desempenho de Marcelo Crivella (Republicanos) no primeiro turno da eleição no Rio, expõe o enfraquecimento do fenômeno bolsonarista. Conforme pesquisa de boca de urna no Ibope, Crivella deve ir ao segundo turno, mas sua votação – mesmo com o apoio aberto do presidente Jair Bolsonaro – foi de apenas 20%.

Há quatro anos, mesmo sem a força da onda de extrema-direita, Crivella saiu do primeiro turno com 27,78% dos votos e selou sua vitória no turno final contra Marcelo Freixo (PSOL). Desta vez, seu eleitorado minguou. “O percentual de votos no Crivella mostra que a derrota de Bolsonaro nesta eleição foi muito forte”, declarou Jandira em entrevista ao programa De Olho no #Voto65, transmitido pela página oficial do PCdoB no Facebook.

Segundo Jandira, ao resultado de Crivella no Rio se soma o fracasso do bolsonarista Celso Russomanno (Republicanos) em São Paulo. Líder nas pesquisas de intenção de voto no início da campanha eleitoral, Russomanno corre o risco de ficar em sexto lugar no pleito paulistano. “Os resultados iniciais vão mostrando e confirmando o que prevíamos: o grande derrotado nestas eleições é Bolsonaro”, afirmou Jandira.

Nas eleições municipais deste ano, haverá segundo turno em 57 cidades espalhadas pelo país, das quais 18 são capitais. Nessas localidades, a campanha eleitoral já pode recomeçar nesta segunda-feira.

Cidades onde haverá segundo turno e os respectivos candidatos:

Anápolis (GO): Roberto Naves (PP) e Antonio Gomide (PT).

Aracaju (SE): Edvaldo Nogueira (PDT – atual prefeito) e Danielle Garcia (Cidadania).

Bauru (SP): Suéllen Rosim (Patriota) e Dr Raul (DEM)

Belém (PA): Edmilson Rodrigues (PSOL) e Delegado Eguchi (Patriota).

Blumenau (SC): Mário Hildebrandt (PODE) e João Paulo Kleinübing (DEM).

Boa Vista (RR): Arthur Henrique (MDB) e Ottaci (Solidariedade).

Campinas (SP): Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL).

Campos dos Goytacazes (RJ): Wladimir Garotinho (PSD – sub judice), e Caio Vianna (PDT)

Canoas (RS): Jairo Jorge (PSD) e Luiz Carlos Busato (PTB).

Cariacica (ES): Euclério Sampaio (DEM) e Célia Tavares (PT).

Caucaia (CE): Naumi Amorim (PSD) e Vitor Valim (Pros).

Caxias do Sul (RS): Pepe Vargas (PT) e Adiló (PSDB).

Contagem (MG): Marília (PT) e Felipe Saliba (DEM).

Cuiabá (MT): Emanuel Pinheiro (MDB – atual prefeito) e Abílio Júnior (Podemos).

Diadema (SP): Filippi (PT) e Taka Yamauchi (PSD).

Feira de Santana (BA): Zé Neto (PT) e Colbert Martins (MDB).

Fortaleza (CE): Sarto Nogueira (PDT) e Capitão Wagner (Pros).

Franca (SP): Flávia Lancha (PSD) e Alexandre Ferreira (MDB).

Goiânia (GO): Maguito Vilela (MDB) e Vanderlan Cardoso (PSD).

Governador Valadares (MG): André Merlo (PSDB) e Dr. Luciano (PSC).

Guarulhos (SP): Guti (PSD) e Elói Pietá (PT).

João Pessoa (PB): Cícero Lucena (Progressistas) e Nilvan Ferreira (MDB).

Joinville (SC): Darci de Matos (PSD) e Adriano Silva (NOVO).

Juiz de Fora (MG): Margarida Salomão (PT) e Wilson Rezato (PSB).

Limeira (SP): Mario Botion (PSD) e Murilo Félix (Podemos).

Maceió (AL): Alfredo Gaspar (MDB) e Jhc (PSB).

Manaus (AM): Amazonino Mendes (Podemos) e David Almeida (Avante).

Mauá (SP): Átila Jacomussi (PSB) e Marcelo Oliveira (PT).

Mogi das Cruzes (SP): Marcus Melo (PSDB) e Caio Cunha (PODE).

Paulista (PE): Yves Ribeiro (MDB) e Francisco Padilha (PSB).

Pelotas (RS): Paula Mascarenhas (PSDB) e Ivan Duarte (PT).

Petrópolis (RJ): Rubens Bomtempo (PSB) e Bernardo Rossi (PL).

Piracicaba (SP): Barjas Negri (PSDB) e Luciano Almeida (DEM).

Ponta Grossa (PR): Mabel Canto (PSC) e Professora Elizabeth (PSD).

Porto Alegre (RS): Sebastião Melo (MDB) e Manuela d’Ávila (PCdoB).

Porto Velho (RO): Hildon Chaves (PSDB – atual prefeito) e Cristiane Lopes (PP).

Praia Grande (SP): Raquel Chini (PSDB) e Danilo Morgado (PSL).

Recife (PE): João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT).

Ribeirão Preto (SP): Duarte Nogueira (PSDB) e Suely Vilela (PSB).

Rio Branco (AC): Socorro Neri (PSB – atual prefeita) e Tião Bocalom (PP).

Rio de Janeiro (RJ): Marcelo Crivella (Republicanos – atual prefeito) e Eduardo Paes (DEM).

Santa Maria (RS): Sergio Cecchim (PP) e Pozzobom (PSDB).

Santarém (PA): Nélio Aguiar (DEM – atual prefeito) e Maria do Carmo (PT).

São Gonçalo (RJ): Dimas Gadelha (PT), e Capitão Nelson (Avante).

São João de Meriti (RJ): Dr João (DEM) e Leo Vieira (PSC).

São Luís (MA): Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos).

São Paulo (SP): Bruno Covas (PSDB – atual prefeito) e Guilherme Boulos (PSOL).

São Vicente (SP): Solange Freitas (PSDB) e Kayo Amado (PODE).

Serra (ES): Sergio Vidigal (PDT) e Fabio Duarte (Rede).

Sorocaba (SP): Rodrigo Manga (Republicanos) e Jaqueline Coutinho (PSL).

Taboão da Serra (SP): Engenheiro Daniel (PSDB) e Aprigio (PODE).

Taubaté (SP): Saud (MDB) e Loreny (Cidadania).

Teresina (PI): Dr. Pessoa (MDB) e Kleber Montezuma (PSDB).

Uberaba (MG): Elisa Araújo (Solidariedade) e Tony Carlos (PTB).

Vila Velha (ES): Arnadinho Borgo (Podemos) e Max Filho (PSDB).

Vitória (ES): Delegado Pazolini (Republicanos) e João Coser (PT).

Vitória da Conquista (BA): Zé Raimundo (PT) e Herzem Gusmão (MDB).

#Da Redação com informações da Rede Brasil Atual, do Vermelho e Agência Brasil.

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