Esta coluna é continuação – e conclusão – das duas anteriores. Desde 2001, a coluna Empresa-Cidadã (CE-C) é publicada, ininterruptamente, às quartas-feiras no Monitor Mercantil. São mais de mil edições, distribuídas por 23 anos (janeiro de 2001–dezembro de 2002).
Desde a primeira edição, a missão, sempre lembrada: “Apresentar com rigor os novos conceitos (alguns não tão novos assim), com ousadia na formulação de hipóteses que permitam a correta observação com vistas à gestão empresarial aliada à ética e, calcada nas estratégias de ‘cidades inteligentes’ (‘estado da arte’ na teoria e prática da gestão), apresentando casos que possam ser replicados, no todo ou em parte, por interessados na temática, com compromissos consistentes junto ao ‘credo corporativo’.”
Com isto, Responsabilidade Social, Sustentabilidade, Responsabilidade Socioambiental, Desenvolvimento Sustentável e Fairplay nas estratégias da Firma são conceitos aqui tratados como “quase sinônimos.”
Nas finalidades de hierarquia mais alta (de combater o aquecimento global e as mudanças climáticas, de estimular a mudança energética, de contrariar as desigualdades socioeconômicas, a exclusão em todas as suas formas de proceder e, de toda manifestação de preconceitos).
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Alguns dos que primeiro escreveram com base em metodologia científica sobre a teoria da gestão foram o próprio F.Taylor, daí o termo “Taylorismo”.
Além de F. Taylor, a Teoria da “Administração Científica” teve como pioneiros, os nomes de Jules Henri Fayol, Engenheiro de minas; nascido em Istambul; em 19.6.1841. Faleceu em Paris em, 19.11.1925. J.H.Fayol influenciou a “Teoria Clássica da Administração”), descrevendo os pilares da gestão: pensar, organizar, comandar, coordenar e controlar.
Seguem Henry Ford (Nascido em 30.7.18 no estado norte americano do Michigan; o seu falecimento ocorreu em 07.04.1947, no condado de Dearborn, Michigan).
H. Ford foi autor notável de frases bem-humoradas e implantou as assim chamadas linhas de produção.
Além das já citadas finalidades, também é uma delas constatar que a procura pela Sustentabilidade pode se converter em versátil ferramenta de gestão da Firma e do rígido controle social, contra o qual se rebelam trabalhadores, mesmo quando fora do espectro da chamada “Administração Científica da Firma.”
A partir de meados do século 19, com a adição das contribuições dos pioneiros “gurus” da Qualidade, seria omissão sem justificativa tratar da Responsabilidade Social sem mencionar as contribuições da Teoria da Qualidade, para uma revisão profunda em bases mais respeitosas das relações entre a Firma e as partes interessadas.
Pioneiros da Qualidade relacionados:
– William Edwards Deming (estatístico e professor universitário, nascimento: 4.10.1900; Sioux City; estado de Iowa).
– Joseph M. Juran (engenheiro eletricista; chamado Pai da Qualidade Moderna; nascimento: 24.12,1904, em cidade de Braila, Romênia; faleceu em Minnesota; EUA).
– Kaoru Ishikawa (engenheiro de controle de qualidade. Nascimento: Tóquio, 13.71915 – faleceu em 16.4.2014). Desenvolveu a ferramenta conhecida por “Diagrama de causa e efeito”, aplicado sobre o sistema 6M” (categorias: máquinas, materiais, mão de obra, meio ambiente, método e medidas), além de instruir o funcionamento dos Círculos da Qualidade.
– Armand Vallin Feigenbaum (Nova York; 6.4.1922; Pittsfield, Massachusetts, 13.11.2014).
– Philip Bayard Crosby (nascimento em 18.6.1926; em Wheeling, Virgínia Ocidental; Graduado em medicina e direito).
Da Missão da CE-C
Compromisso com o rigor metodológico e com a ousadia no estabelecimento de hipóteses.
Hipótese
O movimento é um contínuo choque de gerações, que atravessou todo o século 20. Um século iniciado e fechado com severíssimas crises econômicas (ao longo do século, outras seguiriam – 1975, crise do petróleo, 1982, crise dos juros) por duas grandes guerras, por crises geopolíticas e tensões que colocam a civilização a um passo de outra grande guerra, a terceira.
Só que desta vez, com o emprego das temíveis armas termonucleares (1963, Crise dos Mísseis, EUA impõe pela força um bloqueio a Cuba, 1973, Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, 1989, Berlim). Derrubada do governo constitucional de Salvador Allende, e, agorinha mesmo a guerra entre Rússia e Ucrânia, desafios enormes estão postos à mesa (as mudanças climáticas, derivadas do aquecimento global, os refugiados do clima, da fome, da concentração extrema da renda e da riqueza, a mudança energética, etc, etc).
Mais recentemente, contribuiu para enriquecer o debate o médico francês Christophe Dejours (Paris; 7.4.1949; 74 anos, doutor em medicina, especializado em medicina do trabalho; autor do livro A loucura do trabalho, entre outros).
Uma maneira de elevar os resultados da empresa por meio de melhores condições de trabalho, que visem tanto a saúde física como mental dos funcionários. Treinamentos, benefícios corporativos, educação financeira e flexibilização de horários são algumas das ações que podem ser inclusas nesse tipo de programa.
Teoria da Administração Científica/Taylorismo encontrou as primeiras resistências entre aqueles que se incompatibilizaram com o método científico e, mais tarde, c nas que pessoas que viam-na como repressivo a ponto de levar o trabalhador ao adoecimento físico e psíquico. Ademais, a criatividade, o associativismo, a solidariedade, e a comunicação ficam inibidos, nessas condições de trabalho.
Com o desenrolar do século 20, conforme os seus gastos de consumo, as pessoas que nasceram de 1945 a 1960, foram denominados geração “baby boomers!”, as de décadas seguintes de geração “X”, as seguintes a esta de geração”Y”, e as seguintes de geração “Z”, como uma paródia de astrologia, manca em que conforme o passar pela sombra de um planeta fosse o bastante para determinar de forma a-crítica as características, valores praticados por estes grupos.
Daqui já dá para ver as finalidades, da Responsabilidade Social (RS). Para prosseguir, é necessário redefinir geração, não pela ordem bovina de nascimento. Gerações que ficariam no teatro de ações (como as europeias e norte-americanas) decidem se rebelar contra a resignação das gerações que habitavam o poder. Também ante a resignação de uma vida, que bem pode ser assumida, e ter o futuro construído por todos.
Um desafio extraordinário diz respeito à comunicação entre lideranças do movimento da RS e os demais. Era preciso algum meio isento de significado e contaminação ideológicos, para ser insuspeito, formando, o meio e a mensagem, um conjunto harmônico, de fácil assimilação em qualquer parte do planeta.
Um desses meios escolhidos foram as histórias em quadrinhos (HQ e cartoons). Podem ser citados o polonês radicado na França Wolinski (na revista de sátiras primeiro chamada de Hara Kiri, fundada em 1989, depois chamada de revista de sátiras Hara Kiri Hebdo).
Wolinski morreria barbarizado no atentado de 7 de janeiro de 2015, quando um comando saudita invadiu a redação compartilhada da revista e do jornal Charlie Hebdo, mais um mercado próximo, matando 12 pessoas e ferindo 11, revoltados com uma charge.
Repare bem, o conflito entre adeptos de uma religião estabelecida e um grupo de ateus, gerações distintas, independente da idade cronológica das pessoas que integram os diferentes grupos.
O norte-americano Jules Feifer, com seu traço despojado e humor cáustico, também se destaca.
Destaque seguinte é Tom K Ryan, com humor irreverente, sobretudo quando dia de entrega da pena preta do mês ao índio que se destaca em alguma tarefa especial (“e a pena preta do mês vai para…”). Veja bem a irreverência empregada contra o solene de araque.
Em matéria de crítica à confusão que as inconsistências dos adultos provocam não há ninguém como Mafalda, criada pelo argentino Quino. Em todos os exemplos citados há munição bastante para muitos anos mais de choque de gerações
Outro meio utilizado foi a música pop, frequentemente chamada de música de protesto. Nas circunstâncias, como a canção poderia estar se posicionando a favor de alguma mudança (casos mais frequentes), aconteciam casos de protesto a favor.
A importância da música pop foi tão grande que uma mudança to sutil ocorreu, sem que todos notassem. Ou seja, a parte forte da canção, a parte que se repete (o refrão), foi antecipada para o início da criação. Vejamos o exemplo de The Beatles, a banda mais bem-sucedida na comunicação. Poderia ser Help, ou Twist and Shout, ou ainda com Eleanor Rigby. Compare agora com A day in the life (onde este artifício não foi empregado).
Ao longo do século 20, ele se expandiu por frestas da comunicação, como a indumentária e outras. A relação seguinte, longe de procurar exaurir vetores de influência, procura exemplificar a diversidade de elementos que interagem, em maior ou menor grau, para chegar até onde chegamos.
– Mary Quant OBE FCSD,(Londres, 11.2.1930 – Surrey; 13.4.2023)
– Ralph Nader (4.10.2023 – direitos do consumidor)
– Movimento Slow Food
– Filósofos Remo Bodei e Martin Bubber (sobre empatia e alteridade)
– Betty Friedam (na batalha da comunicação, criou uma fórmula certeira: queimar sutiãs em praças públicas tirando-os do corpo, como forma de atrair as atenções).
– ESL – Exército Simbionês de Libertação
– Patricia Hearst (San Francisco; 20.2.1954; 69 anos).
– Olimpíadas de 1974, Alemanha (o massacre de Munique).
– Grupo Baader Meinhof
– Grupo Euskadi Ta Askatasuna (em basco: Pátria Basca e Liberdade – ETA)
– Brigate Rosse
– Aldo Moro
Conclusão: para onde vamos?
Vamos continuar gestando soluções para os problemas de mais alta hierarquia (já apontados aqui, a exemplo da fome, da concentração da renda e da riqueza, da substituição energética, das mudanças climáticas, etc), nutridos pelo mesmo modo de produção.
Ou, alternativamente, vamos continuar ouvindo os poetas, como o cearense Belchior, e atuando, ou vamos continuar nos resignando: “Apesar de termos feito tudo, tudo que fizemos, ainda somos os mesmos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.”