Para quem vai a contra da reforma

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Rodrigo Maia posa feliz como o grande fiador da reforma da Previdência. Devia conter a vaidade. Quando os efeitos dos cortes aparecerem, e eles começarão a aparecer nos próximos meses, o presidente da Câmara será o rosto perfeito para bode expiatório. Ele perceberá que não terá valido a pena ser o interlocutor com as elites empresariais e financeiras. Se sofrer desgaste, será descartado com facilidade, e não haverá financiamento de campanha que compense.

O governo foi mais feliz: entregou o que o mercado financeiro pedia e deixou o desgaste para Maia. Bolsonaro se adaptou ao figurino que lhe reservaram, ao desviar atenção com a informação de que quer nomear o filho para embaixador nos EUA. Para o público antipetista, mas que não é bolsonarista raiz, ficou a certeza de que ele se atolou na velha política do “é dando que se recebe”.

O grande responsável pelo avanço da reforma na Câmara é o velho conhecido: o dinheiro, através de polpudas emendas, escancaradas no Diário Oficial, e outros benefícios não tão transparentes bancados por empresários saudosos da escravidão. O centrão nadou de braçada na praia que tão bem conhece, confiante de que as obras em seus redutos eleitorais garantirão novo mandato.

No final, o que mandará, estúpidos, é a economia. Com a continuidade da crise – até Paulo Guedes confessa que os cortes na Previdência não se destinam a reanimar a atividade econômica – a situação ficará mais apertada para quem, hoje, tem no pai ou avó aposentados um apoio financeiro de última instância. Sem alívio no desemprego e recuperação salarial, quem hoje vota pela reforma será detonado até 2022.

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Apoio do contra

Da série “Torture os números que eles dirão o que você quer”: pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) diz que sete em cada dez entrevistados (72%) acreditam ser necessário reformar o sistema de previdência social do país.

O problema está em que tipo de mudanças. Quase metade dos entrevistados quer eliminar as diferenças entre funcionários públicos e privados – o que não ocorrerá com a reforma que está sendo votada. Apenas 33% acham que é necessário reequilibrar as contas públicas e aumentar a confiança dos investidores, o mantra repetido pelo governo.

Mas há coisa mais grave do que sugere a CNDL. Oito em cada dez brasileiros veem pontos negativos na proposta, a começar pela necessidade de trabalhar mais tempo. Em média, a idade mínima para se aposentar deveria ser de 59 anos. Apenas um em cada quatro entrevistados defende idade superior a 65 anos.

O CNDL também ouviu o brasileiro sobre a reforma tributária, e uma vez mais houve descasamento entre o que defendem as entidades empresariais e o povo. O apoio alcança 77%, mas os motivos de apoiar são “quem ganha mais paga mais imposto” (30,2%) e “reduzir a desigualdade” (27,8%). A reforma tributária pretendida pelo governo não contempla hipóteses como imposto sobre dividendos, Como o Congresso é composto majoritariamente por pessoas de classe alta, alguém acredita em redução da desigualdade?

 

Álibi

Lojas Riachuelo inicia coleta de roupas para ajudar famílias neste inverno. Investimento em sustentabilidade, diz. Na outra ponta, o dono da Riachuelo, Flávio Rocha, é dos mais ativos empresários que defendem cortes nas aposentadorias, o que vai elevar a pobreza e a desigualdade.

 

Rápidas

A partir desta segunda, dez shoppings da Aliansce se juntam ao projeto “Rodando com Tampinhas” e se tornam postos de coleta de tampinhas plásticas. Cada 400kg (195 mil tampas) destinados a reciclagem rendem uma cadeira de rodas para adulto, que será doada para quem está na fila da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) do Rio de Janeiro *** Nesta segunda-feira, a OAB/RJ fará evento sobre a Lei 8.070/2018, que obriga as academias de condomínios a contratarem profissionais de educação física *** A Colônia de Férias do Caxias Shopping acontecerá dia 20, com o apoio da equipe da Firjan Sesi *** Foi lançada na Flip campanha de financiamento coletivo para publicação do livro 100 nomes da edição no Brasil, por Leonardo Neto e Oficina Raquel *** O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) realizará seminário sobre “Homologação de acordo extrajudicial na Justiça do Trabalho”, nesta terça-feira, das 16h às 18h, no Centro do Rio. A palestra sobre o tema será feita pelo desembargador do TRT/RJ Jorge Orlando Sereno Ramos. Inscrições em iabnacional.org.br

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