“Para ser competitiva a empresa deve ampliar seu enfoque

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da relação produto-cliente para a relação empresa-sociedade.”
(Luciano Raizer Moura,
em 150 Maiores Empresas do Espírito Santo, edição 2001)

O impulso tomado pelo interesse das empresas com o debate sobre a responsabilidade social corporativa trouxe esta discussão para um patamar em que algumas questões precisam ser resolvidas. A gestão pela responsabilidade social é uma possibilidade de encontrar respostas.

As diferentes motivações de uma empresa em busca de sua cidadania mostram que muitas delas restringem-se ao cumprimento de conquistas sociais ou ambientais expressas na legislação. Nível mais elementar do exercício da responsabilidade social, não mais do que o patamar, este grupo por certo ainda não distinguiu que o seu sistema de gestão precisa ser desenvolvido para avançar.

No plano seguinte estão as empresas que são movidas na procura da sua cidadania pelo interesse competitivo, indo além do exigido pelas normas, na competição por pessoal mais qualificado, motivado e produtivo. O diferencial competitivo poderá ser ampliado a partir da distinção também junto aos seus clientes, quando estes associarem a marca da empresa a uma causa identificada com bem comum.

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Acima deste nível, a empresa-cidadã estará quando atuar deliberadamente junto à cadeia de valor, influenciando os seus componentes. No plano seguinte, mais elevado, estará localizada quando efetivar práticas que a distingam como missão consciente ou visão de futuro, deixando para baixo a simples reação ao ambiente normativo.

O caminho é complexo e envolve diversas etapas que vão sendo vencidas progressivamente. Os benefícios advindos da superação logo vão se evidenciando e aí reside algum risco. Objetivos, metas, símbolos das conquistas decorrentes da superação de etapas, prêmios e certificações inerentes às funções social, ambiental e sindical precisam estar ajustados com a função econômica, sob pena de não serem sustentáveis. Retrocessos nesta escalada são difíceis de retomar.

O sistema de gestão pela responsabilidade social é a garantia das conquistas sustentáveis. Aprimorá-lo implica em um caminho no sentido inverso do que muitas empresas fazem. A metas e o controle devem ser instituídos após o estabelecimento de objetivos estratégicos, compatíveis com os da função econômica. Devem ser avaliados sem o assombro dos símbolos que não sejam compatíveis com a cultura da empresa.

Por último, como contribuição à conquista coletiva, o padrão de responsabilidade social estabelecido pela empresa-cidadã precisa conversar com o dos fornecedores, senão ao contrário do que se pretende, que é lotar o cordão, acabará por afastá-los, burocratizá-los ou onerá-los.

QUALIDADE DE EMPRESA-CIDADÃ

A GR Serviços de Alimentação está lançando em São Paulo o Projeto Encaminhar, já implantado no Rio de Janeiro em junho do ano passado. A empresa é integrante dos grupos Accor, líder no segmento de hotelaria e turismo, e Compass, líder mundial em serviços de alimentação.
A GR serve diariamente 500 mil refeições com a maior parte das suas operações localizadas em São Paulo e está segmentada em marcas que atendem a cinco setores específicos.
O Projeto Encaminhar é dirigido a jovens entre 15 e 18 anos, filhos de colaboradores da empresa, e tem por objetivo orientar o primeiro passo da formação profissional.
A idéia é oferecer a oportunidade de conhecimento de unidades da GR em diversas áreas, como as administrativa, financeira, operacional, de supervisão, informática, recursos humanos, marketing e outros, durante cinco semanas, no mínimo.
O projeto foi baseado em um concurso de redação sobre os temas “O que eu quero ser no futuro” e “Minha profissão e minha vida” em que 30 jovens foram selecionados por um júri formado por colaboradores da própria GR.
A antropóloga Ione Carvalho, coordenadora do projeto, afirma que ele tem como intenção estabelecer relações cada vez melhores entre colaboradores, seus familiares e a empresa. Os participantes recebem um certificado e registro em um banco de dados da empresa, que tem assim uma possibilidade de recrutá-los futuramente.

Paulo Márcio de Mello
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Correio eletrônico: [email protected]

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