Pará tem redução em desmatamento, mas Pantanal pode ter um dos anos mais secos

Estado teve segundo menor valor na série histórica desde 2019; já segundo o Serviço Geológico do Brasil, rios do Centro-Oeste seguem com níveis baixos para o período chuvoso

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Desmatamento na Amazônia (Foto: ABr/arquivo)
Desmatamento na Amazônia (Foto: ABr/arquivo)

O Estado do Pará diminuiu em 59% a área recoberta por alertas de desmatamento em março de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com informações oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área recoberta por alertas no período foi de 34 km², o segundo menor valor na série histórica desde 2019, quando foram registrados 33 km².

No acumulado de agosto de 2023 a março de 2024, o Pará registrou uma desmatada de 1.044 km², redução de 49% em relação ao mesmo período anterior. Na Amazônia Legal como um todo, a redução da área recoberta por alertas de desmatamento foi de 2.512 km², uma queda de 118% em comparação com o período anterior.

Na análise dos dados de alertas de desmatamento no mês de março de 2024 e dos primeiros oito meses do ano Prodes 2024 (de agosto de 2023 a março de 2024), o Estado registrou significativa redução nas áreas desmatadas.

Outro destaque é a redução dos alertas de desmatamento nos 15 municípios paraenses incluídos no Decreto Estadual Nº 2.887, de fevereiro de 2023, que declara estado de Emergência Ambiental em Altamira, Anapu, São Félix do Xingu, Pacajá, Novo Progresso, Itaituba, Portel, Senador José Porfírio, Novo Repartimento, Uruará, Rurópolis, Placas, Trairão, Jacareacanga e Medicilândia. Houve redução em todos os municípios abrangidos pelo decreto, especialmente em Portel, São Félix do Xingu e Altamira, com diminuição em área de 170,23; 142,08 e 118,54 km², respectivamente.

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Os municípios do decreto registraram uma diminuição de 69% na área desmatada em março de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em março de 2024, a área coberta por alertas de desmatamento nesses municípios foi de 19,83 km², uma redução de 69% em comparação com os 64 km² registrados em 2023.

Altamira apresenta diminuição de 82%, resultando em uma área de desmatamento de 5,72 km². Outros municípios como São Félix do Xingu e Novo Progresso exibem reduções de 49% e 79%, respectivamente. Por sua vez, Portel apresenta redução de 94%, e Anapu, 93%.

De acordo com Mauro O’de Almeida, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, os dados do Deter/Inpe indicam tendência positiva na luta contra o desmatamento no Pará. Em março de 2023, os 15 municípios representavam 71% do desmatamento total do estado, mas este ano o índice caiu para 47%, refletindo a eficiência das medidas de Comando e Controle implementadas pelo governo.

“A redução absoluta de 44,47 km² é um marco importante para o Pará, demonstrando que políticas eficazes e ações coordenadas podem resultar em mudanças ambientais significativas. Com a continuação desses esforços, o estado espera manter e até acelerar o progresso na redução do desmatamento nos próximos anos”, afirma.

“Com a manutenção das bases fixas da Operação Curupira e com a entrada em campo de novas fases da Operação Amazônia Viva, a tendência é manter a redução no desmatamento ilegal, mostrando ser possível alcançar um equilíbrio sustentável entre desenvolvimento e conservação”, completa o secretário.

Por outro lado, o ano de 2024 pode ser um dos mais secos da história do Pantanal. Com acumulado de chuvas abaixo do esperado para o período chuvoso, a Bacia do Rio Paraguai, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, segue registrando níveis baixos em diversos municípios. Os dados constam em boletim de monitoramento hidrológico extraordinário divulgado na terça-feira pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). As informações também foram apresentadas em reunião promovida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

“Entre outubro, quando se inicia o período chuvoso na região, e o mês de março, observamos um déficit de 290 mm de chuva, que dificilmente será compensado nos próximos meses, conforme mostram os modelos de previsão”, explica o pesquisador em geociências Marcus Suassuna.

Segundo ele, ainda que o volume de chuvas fique dentro da média entre março e setembro, o cenário seria mais severo que o observado em 2020, quando houve uma seca extrema no Pantanal. “Se as chuvas permanecerem abaixo da média, poderemos ter uma situação ainda mais grave, semelhante aos anos de 2021, 1971 e 1964 – os mais secos da história”.

Nesta época do ano, o Pantanal – a maior planície alagável do mundo – deveria estar cheio. No entanto, o que se observa são níveis muito baixos, que comprometem todo o ecossistema do bioma e aumentam riscos de incêndio, além de gerarem prejuízos à população. A bacia é também importante para a navegação, sendo um dos principais eixos de integração entre os países da América do Sul.

Para se ter uma ideia, o nível em Ladário (MS), observado nesta terça-feira (2), foi de 99 cm, enquanto a média é de 2,87 m. Em Porto Murtinho (MS), a cota é de 1,85 m – menos da metade do que era esperado: 4,28 m. No município de Miranda (MS), a diferença passa de 2 m: foi observado 1,24 m, quando a média histórica é de 3,8 m. Em Aquidauana (MS), a marca atual é de 2,48 m, sendo a média de 3,37 m.

No Estado de Mato Grosso, os níveis também são menores do que era esperado para esse período. Na capital, Cuiabá, o rio está em 1,94 m, e a média é de 3,12 m. Em Barra do Bugres (MT), a marca é de 1,08 m, sendo o esperado de 3,36 m.

Desde fevereiro, o SGB vem comunicando e emitindo alertas sobre a situação no Pantanal, a fim de subsidiar ações que possam reduzir os impactos provocados pela seca. Suassuna destacou que o monitoramento do cenário é fundamental.

“É muito importante fazer o acompanhamento para acompanhar a evolução desse quadro e verificar como os cenários vão se concretizar”, disse.

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