Paraty e Ilha Grande agora são Patrimônio Mundial da Unesco

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Com a decisão nesta sexta-feira do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, Paraty se torna o primeiro sítio misto – reconhecido por suas riquezas naturais e culturais – do patrimônio mundial localizado na América Latins.
O Comitê decidiu incluir o sítio Paraty: cultura e biodiversidadena Lista do Patrimônio Mundial Misto, durante a sua 43ª sessão, que acontece em Baku, capital do Azerbaijão, até 10 de julho. O local passa a ser o 22º bem brasileiro a receber o título de Patrimônio Mundial, uma vez que o país já possui sete sítios naturais e 14 sítios culturais reconhecidos.
A área de abrangência do novo patrimônio brasileiro envolve porções territoriais de oito municípios dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que a maior parte da área núcleo está em Paraty e Angra dos Reis. A região engloba o Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Estadual da Ilha Grande, a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu e o Centro Histórico de Paraty e Morro da Vila Velha.
O sítio apresenta valor universal excepcional por suas características naturais e culturais, assim como pela interação entre elas.
"A representação da Unesco no Brasil celebra a inscrição do novo sítio brasileiro na Lista do Patrimônio Mundial. Paraty já é integrante da Rede de Cidades Criativas da Unesco na categoria gastronomia e, agora, mostra a riqueza da diversidade local se tornando patrimônio mundial misto, ou seja, tanto cultural quanto natural. Formada pelo intercâmbio das culturas indígena, africana e caiçara que se expressam nos bens culturais da cidade, Paraty engloba uma fusão de características próprias do patrimônio material e do imaterial. Ao mesmo tempo, a cidade apresenta exemplos de povos tradicionais que usam a terra e o mar de forma sustentável, demostrando a interação do homem com o meio ambiente. Ao se unir a Ilha Grande, o sítio torna-se ainda mais representativo com áreas de beleza natural excepcional", comemora a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, complementa: "Nós, orgulhosamente, voltamos para casa com esse título na bagagem. Em Paraty e Ilha Grande, uma área com diversas reservas ecológicas, vemos de maneira excepcional e única uma conjunção de beleza natural, biodiversidade ímpar, manifestações culturais, um fabuloso conjunto histórico e importantes testemunhos arqueológicos para a compreensão da evolução da humanidade no planeta Terra".
Para se tornar um sítio do Patrimônio Mundial da Humanidade, o(s) país(es) que propõe(m) a candidatura deve(m) elaborar um documento que expresse características do local que atendam a um ou mais critérios estabelecidos no Guia Operacional para a Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial. Além de votar a inclusão ou não de um sítio, o Comitê do Patrimônio Mundial vota também se o sítio se encaixa em cada um dos critérios propostos na candidatura.
Os critérios reconhecidos pelo Comitê que levaram à inserção do sítio Paraty: cultura e biodiversidade na Lista do Patrimônio Mundial foram:
Ser um excelente exemplo de assentamento humano tradicional, uso da terra ou uso do mar que é representativo de uma cultura (ou culturas) ou interação humana com o meio ambiente, especialmente quando ele se torna vulnerável devido ao impacto de mudanças irreversíveis.
Segundo a candidatura, o quinto critério é observado fortemente no sítio, pois grupos humanos, em diferentes momentos históricos de Paraty, viveram ao lado da paisagem exuberante e exploraram os recursos naturais, terrestres e aquáticos, formando uma interação entre a cultura e a natureza. As comunidades tradicionais de Paraty baseiam suas atividades na utilização da terra e do mar, sendo a pesca artesanal uma atividade intensa, especialmente nas comunidades caiçara e em torno do centro histórico. Ainda nos dias de hoje, paralelamente aos processos de pesca com embarcações modernas e motorizadas, existem práticas e instrumentos tradicionais herdados das culturas indígena, africana e europeia, que são utilizados pelas comunidades tradicionais.
Conter os habitats naturais importantes e significativos para a conservação in situ da diversidade biológica, incluindo aqueles que possuem espécies ameaçadas de valor universal do ponto de vista científico ou de conservação.

O sítio misto está localizado em um dos centros endêmicos da Mata Atlântica e representa uma das áreas de maior diversidade biológica para este local. A biodiversidade acentuada reconhecida nesta área deve-se a fatores históricos e evolutivos associados a fatores geográficos, que criaram uma diversidade única de paisagens com um conjunto de altas montanhas e forte variação altitudinal, onde seus ecossistemas ocupam áreas desde o nível do mar até cerca de 2 mil metros de altura. Esta seção da Mata Atlântica representa a maior riqueza de endemismo para plantas vasculares ao longo deste local e também apresenta 57% do total de aves endêmicas da região, o maior percentual encontrado entre as áreas mais importantes para a conservação de aves identificadas na Mata Atlântica.
A Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro (Setur-RJ) comemorou a vitória.
"É algo que realmente nos orgulha muito. E agora temos que pensar em preservar, enaltecer, trazer turistas e o mundo para desfrutar desse encanto, que está sendo reconhecido por esta instituição. A Unesco tem o dever de identificar qual lugar merece o status de ser um sítio mundial, patrimônio da humanidade", ressaltou o secretário de Estado de Turismo, Otavio Leite, após o anúncio.
Segundo Valceni Teixeira (DEM), prefeito em exercício de Paraty, "receber hoje o título de Patrimônio da Humanidade da Unesco é a demonstração de que construímos algo importante em relação à conservação da nossa história e biodiversidade. Buscamos este título há muitos anos e apenas agora foi possível. Este é um momento único e especialmente importante para todos os moradores de Paraty".
A candidatura dos dois locais é fruto de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, Iphan, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Prefeituras Municipais de Paraty, de Angra dos Reis e Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Junto ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Instituto Histórico e Artístico de Paraty (IHAP), Fórum das Comunidades Tradicionais e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina, os órgãos responsáveis estão construindo, em conjunto, um plano de gestão compartilhada do sítio, envolvendo diversas representações locais.
Esse é o primeiro sítio de patrimônio misto da América Latina, ou seja, que inclui bens culturais e naturais. Dos mais de mil patrimônios mundiais, apenas 39 locais, em 31 países, são sítios mistos.
Paraty e Ilha Grande se juntam a outros 21 patrimônios mundiais da humanidade brasileiros, dos quais sete são naturais e 14 são culturais. A lista de patrimônios do país inclui Ouro Preto (MG), Olinda (PE), São Luís (MA), Cidade de Goiás (GO) e Salvador (BA), o Plano Piloto de Brasília, o Pantanal, as ilhas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas, o Parque Nacional do Iguaçu (PR), as Paisagens Cariocas (RJ) e o Cais do Valongo (RJ).

Certificação internacional – Em reunião realizada na última quinta, no Ministério do Turismo, em Brasília, os integrantes do júri nacional do Programa Bandeira Azul recomendaram a certificação internacional de 13 praias e seis marinas que atenderam aos pré-requisitos do projeto. Além de atestar a qualidade da água com exames periódicos de balneabilidade, infraestrutura, segurança e acessibilidade, as candidaturas apresentaram uma série de compromissos das comunidades com o meio ambiente e a sustentabilidade dos destinos turísticos durante a temporada 2019/2020.

A coordenadora-geral de Sustentabilidade e Turismo Responsável do Ministério do Turismo, Gabrielle Andrade, que integra o júri, comemorou a ampliação do programa para além do Sul e Sudeste, onde se concentra a maior parte das praias e marinas certificadas desde 2005. Na temporada passada, 15 indicações foram aprovadas em todo o Brasil. "A ampliação do número de candidaturas ao júri internacional é muito importante e demonstra o interesse dos gestores municipais em qualificar a oferta de praias como atrativos turísticos diferenciados e pautadas pelo turismo sustentável", afirmou.

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A coordenadora do programa, Leana Bernardi, do Instituto Ambientes em Rede, de Santa Catarina, lembrou que a certificação Bandeira Azul já está presente em 45 países e qualifica esse espaço também na costa brasileira.

Com informações da Agência Brasil

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