Paraíso na Terra

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A cada vez mais próxima derrota do deputado José Pimentel (PT-CE) em sua pretensão de abocanhar uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) fornece um caso exemplar para entender a nova classe constituída pelo petismo de que fala o sociólogo Francisco Oliveira. Pimentel foi o relator na Câmara dos Deputados do pacote da Previdência, que confiscou aposentadorias e pensões, perversão contra a qual Pimentel se insurgira, fora e junto aos tribunais à época em que advogava para sindicatos cearenses.
Depois de renegar, já no seu primeiro ano de mandato, o eleitorado ao qual jurara fidelidade, Pimentel busca no TCU a doce compensação para fugir do veredicto das urnas. Sua derrota nessa pretensão, mais do que um castigo pessoal, é um pesadelo para petistas que, se prestando a rasgar o programa do partido, sonham com um futuro tranqüilo, ainda que sem-votos.

Caos
A situação dos postos do INSS em todo país está parecida com a penúria da Saúde; mas como envolve a população mais pobre e não há adversários políticos envolvidos, a questão fica longe dos holofotes. Empresas começam a ser prejudicadas, tanto pela dificuldade em conseguir determinados documentos, quanto pela ausência de funcionários obrigados a passar a madrugada e parte do dia de trabalho em filas.

Emergência
Para tentar reduzir os problemas mais urgentes, a Associação Nacional dos Servidores da Previdência (Anasps) fez três propostas para o curto prazo: estender a jornada de trabalho (de seis horas) em duas horas por dia – mediante acréscimo salarial e adicional de produtividade, claro; utilizar o mesmo recurso com os médicos peritos; e implantar experiências já utilizadas para redução das filas, como quiosques em lugares estratégicos, atendimento telefônico e via Internet mais amplo e convênios com empresas e sindicatos.

Concurso
A médio prazo, a Anasps cobra do governo a realização de concurso para contratar 10 mil servidores – nos últimos dez anos o número de funcionários da Previdência diminuiu 20%; já a concessão de benefícios cresceu 194%. A associação sugere também a contratação de 2 mil peritos, a criação de mais 300 postos de atendimento (atualmente são 1,2 mil) e criação do Cadastro Nacional do Seguro Social, que se seguiria ao recadastramento dos beneficiários.

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Agora vai?
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) anuncia que investirá, até o fim de 2006, R$ 110 milhões em projetos de implantação, modernização e recuperação de infra-estrutura física de universidades e instituições públicas de ensino superior e pesquisa. Os recursos, já previstos desde dezembro de 1994, quando foi lançada a chamada pública pelo Fundo Setorial de Infra-Estrutura (CT-Infra), serão destinados a 91 entidades para apoiar 185 subprojetos.
A instituição mais beneficiada será a Universidade Federal do Paraná, que receberá R$ 3,8 milhões para realizar oito metas. Para selecionar as projetos a serem apoiados, a Finep consultou, entre 11 e 15 de abril, 82 consultores ligados à comunidade científica e que avaliaram 130 propostas, com 319 subprojetos. Resta torcer para, na execução dos projetos, a verba não ser drenada pelo superávit primário do ministro Palocci, sempre atento às dificuldades de setores mais carentes, como os carentes bancos brasileiros.

Depois da vida
Embora os índices de mortalidade materna estejam diminuindo, a hemorragia pós-parto (HPP) persiste como principal causa de óbito materno nesse período, com incidência de sete a dez casos para cada 100 mil nascidos em países desenvolvidos, segundo a Bibliomed Inc. Em países de baixo nível socioeconômico, esse índice pode saltar para 1 mil casos por 100 mil vivos, com a HPP respondendo por cerca de 25% das mortes pós-parto.

Positivismo
Será lançado, hoje, na Academia Brasileira de Letras, o livro Ciência, política e relações internacionais: ensaios sobre Paulo Carneiro, (Unesco/Editora Fiocruz) organizado pelo pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz Marcos Chor Maio. Com ensaios de pesquisadores nacionais e estrangeiros que abordam a doutrina positivista de Auguste Comte, que influenciou fortemente Carneiro, o livro examina as ligações entre ciência e relações internacionais, o papel da Unesco no pós-II Guerra Mundial, a luta contra o racismo no pós-Holocausto e o debate sobre a Amazônia na Guerra Fria.

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