Hoje é o segundo dia de reuniões do Parlamento Europeu, em Bruxelas, para discutir as ações que devem ser tomadas e as consequências da saída da Grã-Bretanha da União Europeia, após o plebiscito do “Brexit” da semana passada. Sem a presença da Grã-Bretanha, participam do encontro representantes dos outros 27 Estados-membros. É a primeira vez, em 40 anos, que a Grã-Bretanha não participa das negociações.
Os debates de ontem foram marcados por tensão e troca de acusações entre diversos deputados do Parlamento Europeu.
– Analisamos a realidade dos mercados financeiros; a turbulência da Libra; as agências de classificação rebaixaram dois níveis da Grã-Bretanha. Vivemos tempos turbulentos e não há tempo a perder. O apelo do Parlamento é para que o governo britânico invoque o Artigo 50 do Tratado de Lisboa o quanto antes – disse Martin Schulz, após as discussões dessa terça-feira, em entrevista à EuroparlTV, canal do Parlamento Europeu.
O Artigo 50 estabelece que a saída de um país pode levar dois anos e diz que qualquer Estado-membro que decida retirar-se da União deve notificar a sua intenção ao Conselho Europeu.
– Em função das orientações do Conselho Europeu, a União negocia e celebra com esse Estado um acordo que estabeleça as condições da sua saída, tendo em conta o quadro das suas futuras relações com a União.
Ele disse que o objetivo não é humilhar a Grã-Bretanha e que os receios do governo são compreensíveis, mas que devem definir um roteiro para a saída “o quanto antes”.
Ontem, em Bruxelas, David Cameron afirmou que a Grã-Bretanha vai notificar a UE sobre a sua decisão quando for necessário e possível.
– Esse é o nosso direito soberano de membro da União Europeia.
Schulz comentou que, apesar de não haver nenhum dispositivo no Artigo 50 que obrigue a Grã-Bretanha a iniciar rapidamente a saída da UE, é importante lembrar que a maioria dos britânicos votou pela saída e que é, portanto, fundamental que se dê início às negociações.
Quando perguntado sobre a hipótese de inversão do resultado ou de um segundo plebiscito, Schulz disse que não cabe a ele comentar, mas que considera que a vontade soberana do povo britânico deve ser respeitada.
– Não há roteiro, é algo inédito. Há que se criar um roteiro em conjunto e definir os próximos passos. Se algo mudar durante o processo, podemos debatê-lo. A Grã-Bretanha é um país importante, está no G7 e é membro permanente com veto do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas [ONU]. Anos de incerteza não serão bons para a nossa economia, para a nossa moeda ou para o Mercado Único da UE ou para o mercado da Grã-Bretanha – disse Schulz.
Agência Brasil