A candidata do PSOL à presidência da República, senadora Heloísa Helena, ironizou a declaração do presidente Lula, em reunião com artistas no Rio de Janeiro, segunda-feira à noite, na qual afirmou que não foi o PT que errou no escândalo do mensalão, mas apenas alguns petistas: “O presidente do PT, o secretário-geral, o tesoureiro, o líder da bancada, o presidente da Câmara, o ministro da Articulação Política, o ministro da Fazenda, o… cansamos! É mais ou menos como se o Parreira tivesse dito que o Brasil não jogou mal contra a França, só alguns jogadores erraram; o Ronaldo, o Ronaldinho, o Cacá, o Cafu, o Roberto Carlos, o… cansamos também”, comparou a senadora, ressalvando, porém, que “pelo respeito que temos pelos jogadores da Seleção, a comparação da natureza do “erro” é absurda”.
Remédio errado
Nos últimos dez anos, o produto interno bruto (PIB) brasileiro cresceu 22,4%, muito abaixo da expansão média de 45,6% registrada pela economia mundial. Entre 1996 e 2004, a indústria de transformação do Brasil teve expansão média de apenas 2% ao ano. Esse desempenho representa a metade do crescimento da indústria mexicana e é um terço do obtido pela Índia e um quinto do registrado na China.
O diagnóstico correto não impede que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) receite o remédio errado para tentar sair do buraco. Em documento que será divulgado, hoje e entregue aos candidatos à Presidência da República, a CNI sugere a redução do gasto público (eufemismo para tirar dinheiro de saúde, educação e segurança) e nada fala sobre a principal despesa do governo: os juros mais altos do planeta.
O estudo (“Crescimento – A Visão da Indústria”), porém, apresenta sugestões para tributação, infra-estrutura, financiamento, desburocratização, inovação, educação, política comercial e meio ambiente.
Receita
A candidata do PSOL, Heloísa Helena, oriunda da área da Saúde, é mais precisa que a CNI na hora da medicação. Ela ataca o cerne da questão que paralisa a economia brasileira: “É inaceitável o governo brasileiro se vangloriar de um superávit primário que saqueia 25% dos projetos sociais para pagar aos banqueiros, em um ano, 760 vezes mais do que todo o investimento em saneamento básico e 720 vezes mais do que já investiu em habitação popular.” É uma política econômica “comandada por sabotadores que não deixam o país crescer mais do 3,5% ao ano”, complementa HH, que acredita que uma nova política econômica o país poderá, no mínimo, dobrar a taxa de crescimento.
Carência
Do presidente do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijó, sobre o anúncio da Volkswagen de que pretende demitir 3.600 operários até amanhã, caso os próprios metalúrgicos não concordem com o fechamento de 1.800 vagas às vésperas do Natal: “Nós esperávamos mais carinho da empresa, depois de o Brasil a ter acolhido…”
Pelo visto o afeto dedicado à multinacional alemã por Feijó, um dos principais apoiadores da candidatura Lula no movimento sindical, não é correspondido.
Honra
Por iniciativa do Instituto de Economia, a UFRJ concederá ao sociólogo e economista Francisco de Oliveira, ex-professor da USP, o título de Doutor Honoris Causa. Chico de Oliveira foi um dos colaboradores mais próximos de Celso Furtado no seu período na Sudene; e um dos fundadores do PT, afastando-se deste partido no começo do Governo Lula, tornando-se um dos primeiros críticos dos desvios do partido no governo em relação aos compromissos históricos que haviam levado à fundação da organização política. A entrega do título será, amanhã, às 17h.