Os consumidores estão pouco animados em relação à Páscoa: 79% pretendem gastar menos nas comemorações da data e 70% darão atenção prioritária ao preço e às promoções, e não para a qualidade dos produtos. Os dados são da Pesquisa Hábitos de Consumo realizada pela Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), em todo o Brasil, com a finalidade de verificar o comportamento do consumidor em relação às comemorações da data.
A retração dos consumidores para a Páscoa ficou clara também quando se comparam os números deste ano com o levantamento de 2015 da Boa Vista SCPC. A porcentagem dos que pretendem comprar ovos de Páscoa em 2016 é de 45%, ou 15 pontos percentuais abaixo do ano passado. A maior parte deles (55%) vai optar este ano por produtos como bombons, colombas e barras de chocolate. A pesquisa da Boa Vista SCPC revelou que o valor a ser gasto nas comemorações da Páscoa será de R$ 82 em 2016, em comparação a R$ 95 no ano passado.
Na divisão por regiões do país, a procura por preço menor e promoções será maior no Centro-oeste, onde 77% farão essa opção (contra 52% em 2015). No Sul a fatia é de 72% (55% no ano passado), no Sudeste, 72% (55%) e no Norte, 67% (45%) e no Nordeste 57% (62%). A prioridade para preço e promoções será maior na classe C (74%), vindo a seguir as classes D/E (70%) e as A/B (62%).
Além disso, segundo a pesquisa da Boa Vista SCPC, 53% dizem que a Páscoa gera despesas extras de supermercado pela compra de produtos como bacalhau, peixe, colomba, bebidas, entre outros. Para 60%, a data é sinônimo de celebração, enquanto 20% relacionam a Páscoa com feriado e outros 20% a associam ao consumo de chocolate.
A maioria (83%) pretende pagar à vista as compras referentes à data, dos quais 53% usarão dinheiro como meio de pagamento; depois vem o cartão de débito, com 38%, e cartão de crédito, com 8%. Entre os 17% que pagarão a prazo, 86% planejam usar o cartão de crédito.
Recessão diminui consumo no período
Segundo levantamento da Fundação Procon de São Paulo, os preços dos ovos de Páscoa variam até 125,48%. Sendo que, na comparação da data comemorativa no ano anterior, em média houve um aumento de 30,75% nos preços dos ovos de chocolate.
Conforme Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (Fasm), o aumento dos juros e a inflação são um dos vilões que acabaram provocando o aumento dos preços. Na visão do contabilista, o Governo é um dos principais culpados pela situação que inviabilizará o consumo amplo de ovos de Páscoa.
– O aumento médio vai reduzir o consumo dos ovos de chocolate já que a subida dos preços e o desemprego acabam diminuindo a capacidade de compra. De acordo com o IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, a mudança da carga tributária que representava R$ 0,10 por kg de chocolate agora representa 5% da venda, sendo que, a média de tributos pagos no chocolate atinge aproximadamente 38,6%, prejudicando as compras – afirma o especialista.
Para driblar a crise, a indústria e o comércio varejista cada vez mais procuram meios criativos a fim de estimular a venda dos produtos.
Os estabelecimentos comerciais, incluindo supermercados e grandes redes varejistas, na busca de alternativas para manutenção das vendas, mesmo que sejam com preços menores, oferecem descontos, produtos com brindes, surpresas, brinquedos e muito mais. Para estimular a compra dos produtos, alguns estabelecimentos já praticam até mesmo o parcelamento em dez vezes.
Conforme Reginaldo, embora a alternativa seja viável para o comércio, com a economia combalida, o problema não é parcelamento, mas, os acontecimentos que podem decorrer com o consumidor após a compra, como endividamento e desemprego.
De acordo com o especialista, em um momento de recessão e inflação que estamos vivenciando, o mal do governo é não ter criatividade para minimizar o impacto negativo da arrecadação com estímulo das vendas. Ele salienta que é melhor reduzir tributos com a perspectiva de aumentar a arrecadação pelo volume de vendas, mas pelo menos arrecadar, do que não arrecadar.