Paulistanos fazem testes de aids hoje no centro da cidade e em faculdades

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Ações de prevenção da aids serão realizadas a partir de hoje (1º), dia mundial de luta contra a doença, em vários pontos da capital paulista. Além de distribuir preservativos, profissionais da saúde vão aplicar o teste grátis de detecção do vírus, que fica pronto em 30 minutos.
Hoje, o mutirão ocorre no Pátio do Colégio, no Centro, entre 9 e 17h. Foram disponibilizados 700 testes, que podem ser feitos por meio da coleta de saliva. No campus Vergueiro da Universidade Nove de Julho (Uninove), os estudantes também terão 200 testes à disposição entre 18 e 21h.
Amanhã, as equipes trabalham na Universidade Anhembi Morumbi, na unidade Mooca. Na segunda-feira, os testes serão feitos nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), campus Santo Amaro.
O foco da campanha este ano são os jovens, com idade entre 18 e 25 anos, que estão entre o maior grupo de risco da aids.
– Os nossos jovens não participaram da primeira década da aids e talvez pensem que essa doença é de fácil resolução, e não é. Há uma epidemia, indiscutível dentro da epidemia, de jovens e homens que fazem sexo com homens – disse o secretário estadual de Saúde, o médico David Uip, para quem “é uma ação muito importante, para mostrar para a população que vale a pena vir, fazer o teste, quanto antes souber e tiver acesso aos medicamentos, melhor. Não só do ponto de vista pessoal, mas também em termos de transmissão. Quanto menos vírus circulando, menos pessoas contaminadas.”
De acordo com o secretário, a meta estadual é acabar com a transmissão do vírus de mãe para filho. Além disso, outras doenças sexuais, como a epidemia de sífilis e a volta da gonorreia também preocupam.
– É um momento de reflexão, de acolhimento, de prevenção e de trazer essas pessoas para o sistema público de saúde de São Paulo para que elas possam ser acolhidas e bem atendidas.
Entre janeiro de 2013 e agosto deste ano, 14 mil pacientes passaram a ser acompanhados pelo programa de tratamento de aids. Foram realizados 2,8 milhões de testes. Segundo a secretaria municipal de Saúde, 62 mil pessoas vivem com HIV na cidade.

Nem todos os laboratórios do mundo juntos dariam conta do número de testes necessários
“Para dar conta de rastrear toda a população suscetível à infecção por HIV, o Brasil teria que realizar um total de 144,9 milhões de testes anualmente. O montante, correspondente aos estimados 70% da população que é sexualmente ativa, é muito maior do que a capacidade laboratorial existente no país, tornando a expansão do acesso ao diagnóstico um desafio para a saúde pública”. É o que aponta Miriam Franchini, especialista em laboratórios de infecções sexualmente transmissíveis, aids e hepatites virais.
– Em um âmbito global, seriam precisos 5,3 bilhões de testes todos os anos para garantir essa cobertura da população sexualmente ativa, um cenário que torna a garantia de acesso ao diagnóstico um desafio para a saúde pública.
De acordo com os dados mais recentes para o Brasil, lançados pelo Ministério da Saúde no Boletim Epidemiológico HIV/aids 2016, estima-se que 827 mil pessoas vivam com HIV/aids no país. Mais do que isso, o boletim aponta que a epidemia tem se concentrado principalmente entre populações vulneráveis e nos mais jovens, com uma mudança importante na razão entre os sexos, de 1,0 caso em mulher para cada 1,2 casos em homem em 2006 para 1 caso em mulher para cada 3 casos em homens em 2015. Entre os jovens do sexo masculino, a infecção cresce em todas as faixas etárias. Na população de 20 a 24 anos, por exemplo, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015.
– No contexto em que vivemos os testes Point of Care, também conhecidos como testes laboratoriais remotos, aparecem como aliados para alcançar espectros maiores da população. Eles utilizam amostras diferentes, como plasma, sangue, fluidos orais e urina e são apontados pela ONU como alternativa de alta qualidade, fácil utilização e de baixo custo. Esses testes podem ser feitos fora dos laboratórios, produzindo resultados em menos de 30 minutos e sem a necessidade de equipamentos.
Segundo a especialista, esse tipo de teste é descartável e de uso individual, permitindo que sejam utilizados em locais que não têm infraestrutura laboratorial, locais de difícil acesso, em programas de saúde pública, como os serviços de pré-natal, e em grupos chave tais como homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas ilícitas e profissionais do sexo. Além disso, os testes POC podem ser armazenados em temperatura ambiente e por períodos considerados longos.
– Os resultados acessados rapidamente também permitem intervenções rápidas, uma vez que tiram a possibilidade de evasão antes do resultado e contribuem para melhorar a resolutividade do atendimento nos serviços de saúde. No Brasil, os testes rápidos para HIV são distribuídos desde 2005 pelo Ministério da Saúde e são regulados por diretrizes ministeriais que estabelecem a sensibilidade e a especificidade aceitáveis, assim como outros parâmetros – explica Miriam.

Com informações da Agência Brasil

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