O Monitor do Debate Público (MDP) perguntou a lulistas e bolsonaristas “o que significa para vocês o PCC operar bilhões em fintechs da Faria Lima?”
A pesquisa dividiu os entrevistados em cinco grupos. O grupo 1 (bolsonaristas convictos) defendeu que o PCC era aliado do STF, da esquerda e de setores políticos e econômicos, reforçando a ideia de conluio e captura institucional. Também se destacou a crença em narrativas conspiratórias, além da associação direta entre crime organizado e governo.
Os grupos 2, 3, 4 e 5 (bolsonaristas moderados, eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas) compartilharam uma leitura bastante convergente sobre a transformação do crime organizado em um ator cada vez mais sofisticado e articulado.
“Para eles, a criminalidade não se restringia mais ao nível das ruas, mas havia alcançado estruturas de poder social e econômico. E forte percepção de que esse avanço só era possível graças ao envolvimento ou à conivência de setores privilegiados – empresários, políticos e até agentes estatais. A justiça foi vista como falha, incapaz de responder à altura, e o Estado como enfraquecido diante da força das facções”, destaca o MDP.
A operação Carbono Oculto, realizada em 28 de agosto, revelou um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro conduzido pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Usando fintechs (bancos digitais) sediadas na Faria Lima – o principal polo financeiro do Brasil – como “bancos paralelos”, a facção movimentou R$ 46 bilhões e controlou cerca de 40 fundos de investimento, com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões.
O Monitor do Debate Público (MDP) é uma iniciativa do Iesp da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) que, desde as eleições de 2022, acompanha grupos de eleitores com base em sua votação declarada. Utilizando metodologia qualitativa, o projeto busca compreender os rumos da opinião pública e os comportamentos políticos no Brasil contemporâneo.
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Os grupos analisados
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 8/1/2023, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 8/1/2023, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.
















