‘Pé no acelerador’… de um veículo movido a combustível fóssil

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Secretário-geral da ONU, António Guterres (Foto: Kiara Worth/UNFCCC)
Secretário-geral da ONU, António Guterres (Foto: Kiara Worth/UNFCCC)

Faz alguns dias do encerramento, com a entrega das conclusões, da Conferência do Clima da ONU (COP27). Os resultados são incompletos e requerem ainda uma análise. Desta vez, a COP foi realizada no balneário de Sharm-El-Sheikh, no Egito.

O lusófono secretário-geral da ONU, António Guterres (Lisboa; 30 de abril de 1949; 73 anos), compareceu também à abertura da Cúpula de Implementação Climática, encontro que reuniu líderes mundiais para a primeira plenária oficial da COP27.

Foi mais uma oportunidade aproveitada pelo secretário-geral para exercitar frases de efeito em uma escalada ascendente de dramaticidade, modo encontrado por ele para se fazer ouvir com atenção, diante da negligência de muitas lideranças quando confrontadas com a grandeza da importância e da urgência de serem assumidas na tomada de atitudes ousadas para enfrentar a principal causa das mudanças climáticas, as emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE).

 

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Assim falou António Guterres

Em sua mensagem de saudação aos participantes da COP 27, secretário-geral da ONU afirmou que “a Humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer”. Em outra dramática figura de retórica, ele afirma que é necessário firmar um “Pacto de Solidariedade Climática ou um Pacto de Suicídio Coletivo”.

 

O que vem a ser?

O pacto proposto teria todos os países somando esforços na margem para reduzir as emissões, “nações mais ricas e instituições financeiras internacionais prestando assistência às economias emergentes [leia-se pobres, interferência minha], acabando com a dependência de combustíveis fósseis e construção de usinas de carvão, fornecendo energia sustentável para todos e trabalhando em união para combinar estratégias e capacidades em benefício da humanidade”.

Em mais um argumento carregado de emoção, o secretário-geral da ONU destacou que em breve o mundo atingiria a marca de 8 bilhões de habitantes [marca atingida no último dia 15] e esse marco coloca em perspectiva o que é a COP27. Guterres perguntou aos líderes como responderiam a essa geração quando forem perguntados “o que você fez pelo mundo e pelo planeta quando teve a chance?”.

A COP15, realizada em Copenhague (2009), foi cercada de expectativa a ponto de se gerar um trocadilho com o nome da cidade que hospedou a COP 15, a palavra esperança em inglês (hope), resultando Hopenhagen.

Um dos resultados daquela COP foi a proposta da criação de um fundo, através do qual as economias maiores, não só, mas a começar por Estados Unidos e China, constituiriam um fundo de recursos para apoiar as economias mais pobres em alcançar suas metas de mitigação da emissão dos gases GEE. Desde então, considerando que o objetivo de constituição do fundo não foi atingido, este ponto tornou-se um entrave no entendimento entre países nas COPs seguintes.

 

Passando por baixo da catraca

O caso mais notório de um país que tentou entrar no clube sem pagar foi o dos EUA, para o qual tinha sido acordada uma quota de US$ 40 bilhões, dos quais só foram vistos US$ 8 bilhões. Déficit de contribuição solidária de US$ 32 bilhões; portanto. Outro país inadimplente é o Canadá, com um déficit de US$ 3,3 bilhões. Outros países, em contrapartida, até mesmo adiantaram-se na integralização das suas responsabilidades, casos de França, Alemanha e Japão.

O secretário-geral da ONU também fez um apelo para a evolução da adaptação e da “construção de resiliência” às futuras perturbações climáticas, observando que três bilhões e meio de pessoas vivem em países altamente vulneráveis as diferentes manifestações de futuros impactos climáticos.

Isso significaria que os países cumpririam a promessa feita na COP26, de investir US$ 40 bilhões em apoio à adaptação, até 2025.

“Precisamos de um roteiro sobre como isso será entregue. E devemos reconhecer que este é apenas um primeiro passo. As necessidades de adaptação devem crescer para mais de US$ 300 bilhões por ano até 2030”, alertou.

Guterres também destacou a necessidade de instituições financeiras e bancos internacionais mudarem seu modelo de negócios e fazerem sua parte. O secretário-geral da ONU pediu que os países se reúnam para a efetivação da atitude necessária e afirmou que “é hora de solidariedade internacional”.

“Solidariedade que respeita todos os direitos humanos e garante um espaço seguro para os defensores do meio ambiente e todos os atores da sociedade contribuir para nossa resposta climática. Não esqueçamos que a guerra contra a natureza é em si uma violação maciça dos direitos humanos”, acrescentou.

António Guterres ressaltou que a luta climática global será vencida ou perdida nesta década crucial e sob a vigilância dos atuais líderes mundiais. “Uma coisa é certa. Quem desiste, com certeza, vai perder. Então, vamos lutar juntos, e vamos vencer. Para os 8 bilhões de membros de nossa família humana e para as próximas gerações”, concluiu.

Lembrando aos participantes da importância de assumir atitudes a tempo, com o planeta aproximando-se perigosamente de pontos críticos que podem tornar o “caos climático” irreversível.

O secretário-geral da ONU disse mais, que “estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé no acelerador”.

Só faltou acrescentar que o acelerador é de um veículo movido o combustível de origem fóssil. Nem ao menos de um híbrido…

 

Da Amazônia, não há mais nada a esconder

Da Amazônia, muito já se falou e muito há que falar. Do conquistador espanhol Francisco de Orellana (nascimento: Trujillo, Extremadura; morte: 1511 – entre os rios Amazonas e Orinoco; novembro de 1546). Colonizador espanhol na América Participou da conquista e destruição do Império Inca. Mais tarde, tornou-se descobridor do rio Amazonas.

Dos “Ecos do Inferno Verde”, pela primeira vez, captados pelo engenheiro brasileiro John Dalgas Frisch (1930; 91 anos).

Dos Irmãos Villasboas. Lendas de carne e osso e de celulose, como Fitzcarraldo, nascido da criatividade e do talento de Werner Herzog (5 de setembro de 1942; Munique). Como colocar em um mesmo plano estratégico lendas e lendários?

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