Um novo pedido de impedimento contra o presidente americano Donald Trump foi aprovado hoje na Câmara dos Deputados dos EUA, com a acusação de incitação à violência na invasão do Capitólio por apoiadores do presidente, na semana passada. O pedido precisará ser aprovado por 2/3 do Senado. Essa é a segunda tentativa da oposição democrata de depor o presidente republicano derrotado nas eleições de 2020. Trump é o primeiro presidente da história americana a passar por mais de um processo de impeachment.
A resolução também citou o telefonema de Trump em 2 de janeiro com o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, no qual o presidente pediu que o secretário encontre votos suficientes para derrubar os resultados da eleição no estado, como um de uma série de esforços pelo presidente para subverter e obstruir a certificação dos resultados da eleição.
“Em tudo isso, o presidente Trump gravemente colocou em risco a segurança dos EUA e suas instituições do governo”, disse a resolução. “Ele ameaçou a integridade do sistema democrático, interferiu na transição pacífica do poder e colocou em perigo um ramo co-igual do governo. Deste modo, ele traiu sua confiança como presidente, para prejuízo manifesto do povo dos EUA.”
Citando a 14ª Emenda da Constituição dos EUA, a resolução observou que a lei “proíbe qualquer pessoa que ‘se engajou em uma insurreição ou rebelião contra’ os EUA de ocupar cargos.
Na Câmara, os Democratas também procuraram aprovar uma resolução separada e não vinculante por consentimento unânime pedindo que o vice-presidente Mike Pence invoque a 25ª Emenda da Constituição com a maioria dos membros do gabinete da administração de Trump para remover o presidente do cargo. Esse esforço foi rejeitado pelos republicanos na Casa. Pence, que inicialmente se inclinou a não invocar a 25ª Emenda, mas que por uma reportagem mais recente da CNN não descartou essa possibilidade, teve 24 horas para responder à resolução.
Para Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), o Senado pode decidir não julgar o pedido até a posse do presidente eleito Joe Biden, em 20 de janeiro, o que traria consequências para o início do governo democrata.
“Essa possível postergação pode ter várias implicações para o início do Governo Biden. Primeiro, o Senado pode usar o pedido para não avançar nas sabatinas necessárias para a formação do novo gabinete. Em segundo lugar, os republicanos podem evidenciar ao eleitorado a diferença entre o discurso e a prática democrata. Biden foi eleito prometendo unir o país, enquanto seu partido busca o segundo impeachment do opositor”, afirma.
De acordo com Denilde, o objetivo do novo pedido de impedimento – tão próximo da posse de Biden – é dar uma resposta dura a Trump em suas investidas contra o sistema democrático americano.
“A aprovação na Câmara dos Deputados seria importante para sinalizar a força das instituições frente a tentativas de desestabilização. Caso os republicanos no Senado aceitem seguir com o julgamento rapidamente, reforçarão o discurso de Biden de união suprapartidária para a defesa da democracia”, afirma.
Com informações da Agência Xinhua
Matéria atualizada às 20h26 para incluir a aprovação do pedido de impeachment na Cãmara.
Leia mais:
EUA: após invasão insuflada por Trump, Congresso certifica Biden