Alunos do curso de Introdução à Economia (Economics 10) em Harvard abandonaram a sala de aula, quarta-feira da semana passada, em protesto contra o enfoque do curso ministrado pelo nobelizável Gregory Mankiw, acusado de passar uma visão unilateral do mundo. Os 700 alunos da cadeira – praticamente obrigatória para vários cursos – divulgaram nota em que afirmar que essa visão da economia “perpetua o problemático e ineficiente sistema econômico desigual que impera em nossa sociedade”.
Lição
Os estudantes de Harvard não reclamam da ausência de Marx, ou Schumpeter que seja, mas afirmam que o professor se prende à teoria econômica de Adam Smith, relegando até a teoria keynesiana.
Os estudantes – que deixaram Mankiw falando sozinho e foram engrossar uma marcha em Boston dentro do movimento Ocupe – mostram um discernimento que parecia distante de Harvard, ao alegar que os formandos na instituição vão desempenhar papéis estratégicos nas principais instituições e nas definições de políticas públicas ao redor do mundo e que, se a Universidade fracassa em dar-lhes uma visão abrangente e crítica da economia, suas ações vão prejudicar o sistema econômico global.
“Os últimos cinco anos de crise econômica provaram isto de forma efetiva”, conclui a nota, à qual esta coluna teve acesso.
Nem Cabral crê
Ainda que sem seguir os procedimentos protocolares, o traficante Nem da Rocinha, ao procurar a UPA da favela da Zona Sul do Rio para ser atendido, mostrou confiar mais no sistema de saúde pública do Rio de Janeiro que o próprio governador Sérgio Cabral (PMDB), que, ao passar mal, duas vezes ano passado, em março e agosto, optou por buscar atendimento no Hospital Quinta D”Or, em São Cristóvão, e no Copa D”Or, de Copacabana, respectivamente. Desse jeito, Nem ainda acaba virando, ainda que involuntariamente, garoto-propaganda da UPA na próxima campanha eleitoral.
Insaciáveis
Papandreou, nesta quarta-feira, e Berlusconi, em breve, partem sem deixar qualquer saudade. Se não existem motivos para lamentos, as saídas dos governantes de Grécia e Itália, no entanto, estão longe de serem motivos de comemoração pelas razões que os derrubaram das cadeiras. Papandreou – uma espécie de De la Rúa grego – e Berlusconi – uma versão mais radicalizada de Collor – foram apeados do poder, não apenas pela falência dos modelos que impuseram a seus país. Eles também caíram porque os “mercados” desejam “mais sacrifícios”, dos outros, claro, e, ambos, com suas bases sociais esgarçadas, não servem mais à causa financista.
Univitelinos
Tão ou mais patéticos que os governos que desabam em série na Europa são as “oposições” que se preparam para sucedê-los. Em Portugal, por exemplo, o PSD, que se assume como direita, votou contra o pacote recessivo imposto pela União Européia (UE), tão somente para derrubar o governo de José Sócrates, do Partido Socialista, que cinicamente insiste em manter a sigla de esquerda. Derrubado o governo e eleito Pedro Passos Coelho, o PSD, no governo, correu a garantir à UE que as políticas que derrubaram os “socialistas” seriam aplicadas e aprofundadas pelo partido que se beneficiara do desgaste do que a aplicavam. Ou seja, na Europa, como em outras plagas, se substituiu a democracia por condomínio partidário, que, não importa qual seja o eleito, é mero gerente das políticas financistas.
Urnas
A eleição do CRCRJ para renovação de 1/3 do plenário acontecerá exclusivamente pela internet, e começa nesta quinta-feira e vai até as 17h do dia 18. Participam contadores e técnicos em contabilidade, e o voto só é facultativo para aqueles que tiverem completado 70 anos de idade. Mais informações em www.crc.org.br
Federal
A prisão pela Polícia Federal de alguns traficantes de média importância na hierarquia do crime carioca, quando tentavam fugir da previamente anunciada ocupação da Rocinha, parece confirmar o que esta coluna publicou, esta semana, sobre a raquítica lista de prisões de chefes do tráfico efetuadas pela polícia de Sérgio Cabral.