Com a autoridade diminuta de quem acaba de ter seu partido surrado nas urnas, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros arvorou-se o direito de ditar o comportamento da oposição na marcha para 2002. Em artigo publicado, ontem, na democrática página de Opinião do MM, Barros cobra o compromisso da oposição, PT à frente, à manutenção da estabilidade monetária levada a cabo pelo tucanato.
Para materializar sua defesa da naturalização da política econômica, assegura que “o aumento de preços é um fenômeno causado pelo excesso de moeda na economia e ponto final” e que “o déficit público é a fonte primária mais importante desse equilíbrio monetário, seja no México revolucionário dos anos 20…ou no Brasil de Lula presidente”.
Em outras palavras, Barros, expelido do Governo FH em meio a fenômenos também monetários, pretende que a oposição seja livre para fazer tudo, exceto mudar a política econômica.
Dogma
O discurso de Barros revela que, perdido o debate da defesa do ideário neoliberal, resta ao tucanato a tentativa de transformá-lo em dogma impenetrável ao crivo eleitoral. Sua definição de inflação tem aceitação restrita à igrejinha monetarista e seu dedo acusatório contra o déficit público não resiste sequer ao estudo de caso do Plano Real. Durante os seis anos de Real, o setor público vem amargando colossais déficits nominais (inclui gastos com juros) sem que a inflação tenha disparado. Somente nos primeiros nove meses deste ano, o déficit público nominal chega a R$ 28,22 bilhões, contra inflação próxima de 5%.
Comércio
Encabeçada pelo ministro das Relações Exteriores, Toomas Hendrik Ilves, uma missão da Estônia encerra hoje visita de três dias ao Brasil. É a primeira vez que representantes dessa antiga república da União Soviética do Mar Báltico vêm a América Latina. Além do Brasil, a missão vai visitar Chile, Argentina, Uruguai e Costa Rica. Com um PIB de apenas US$ 5,5 bilhões, um território de pouco mais de 45 mil km2 e com uma população de 1,5 milhões de habitantes, a Estônia é candidata a membro da União Européia.
De olho no mercado latino-americano, o país tem como principais produtos de exportação máquinas e equipamentos industriais, têxteis, madeira, minerais, produtos químicos, alimentos, energia elétrica e, mais recentemente, eletrônica. Suas importações são basicamente de combustíveis, produtos químicos, automóveis, alimentos, máquinas e equipamentos.
Acordo
A campanha salarial dos bancários começa a produzir efeitos. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que vinha insistindo em propor reajuste de 5%, contra reivindicação de 9,21% dos empregados, acenou com reajuste de 7%, mas com algumas compensações: redução do reajuste do tíquete-alimentação e de outras verbas que a categoria recebe. Assim, a greve marcada para a próxima semana pode não sair. O que mais pode influenciar a decisão da categoria é o anuênio, cuja extinção é pretendida pelos banqueiros.
Apetitoso
Com o objetivo de apenas abastecer o banco de dados do eleitorado, esta coluna reproduz frase autodefinidora de Ciro Gomes: “Para o sistema, o candidato ideal é o Tasso, mas, na oposição, sou o mais palatável.”
Imagem
Depois do apoio do neurolinguista Noam Chomsky, do MIT, o MST obteve a solidariedade da ganhadora do prêmio Nobel da Paz Rigoberta Menchú Tum. Em contundente comunicado divulgado à imprensa, Rigoberta qualifica de inaceitáveis os ataques do Governo FH ao movimento e acusa o tucanato de perseguir politicamente o movimento: “Este ano, dez integrantes dessa organização foram assassinados e abertos processos criminais contra 180 líderes do movimento, em nova manifestação de perseguição política”.
Ela critica ainda o governo por restringir o crédito destinado aos pequenos agricultores, medida que, no seu ver, “condena à miséria a 250 mil famílias de lavradores”. Desta vez, a solidariedade veio em espanhol, língua secundária para o tucanato.
Risco
O Rio de Janeiro é um dos estados mais vulneráveis a eventuais problemas de abastecimento energético. Segundo o ex-presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) Everton Carvalho, menos de 50% da energia consumida no estado é produzida internamente. “No caso de problemas no abastecimento, estaríamos em situação delicada”, adverte Carvalho, que é favorável à conclusão de Angra III.
A Aben, que realizou um conjunto de congressos, no fim de outubro, no Rio, também defende as aplicações nucleares em medicina, indústria de alimentos, meio ambiente, entre outras áreas.