Perpectivas

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Apesar da situação dos países-membros ser preocupante, o professor Theotônio dos Santos, da Faculdade de Economia da UFF, se diz otimista em relação ao futuro do Mercosul. Para sustentar seu otimismo, Santos salienta que, apesar das enormes dificuldades internas, a Argentina, do ponto de vista cambial, se recuperou muito mais rapidamente do Brasil após a quebra do real, no início de janeiro. Ele lembra que o superávit comercial argentino já atingiu U$ 7 bilhões e isso sem o empréstimo de US$ 41 bilhões que o FMI fez ao Brasil. O professor, porém, faz uma advertência:  “Se eles evitarem que o FMI ponha a mão nesse superávit, em dois anos a situação cambial estará encaminhada”, prevê.

Tática
A defesa, feita por Serra, para manter a política econômica, comparando com a seleção brasileira, peca por um erro original (e, sejamos, justos, não é apenas o candidato tucano que caiu nessa esparrela plantada pela mídia mais apressada): a de que Felipão teria mantido a tática apesar das críticas e saído vencedor. Pois foi só chegar na Coréia que a coerência tática começou a ser jogada no ralo, com o técnico improvisando Juninho Paulista na função de armador, ao invés de manter seu esquema com dois, três ou quatro cabeças-de-área.
O que não deixou de ser uma autocrítica mal assumida ficou patente quando Felipão convocou, para o lugar do machucado Emerson (ícone dos volantes ruins de armar jogo), o meia Ricardinho – nunca chamado, entre os 70 e tantos convocados pelo técnico durante as eliminatórias, Copa América e amistosos -, dando razão aos que criticavam a seleção brasileira pela inoperância do meio de campo.
A tática coerente acabou de vez quando o Brasil passou pela primeira fase da Copa com a defesa dando sustos mesmo diante de adversários fracos. No jogo contra a Bélgica – não se sabe se por iniciativa de Felipão ou dos próprios jogadores – a seleção assumiu o bom e velho 4-4-2 (no lugar do “inovador” 3-5-2, que talvez fosse melhor traduzido em números por 6-1-3). A partir daí, cresceu a produção do meio campo, a defesa ficou menos vulnerável, com os laterais na sua posição (enterrando o modernismo dos “alas”) e o ataque pôde ser abastecido, facilitando o trabalho dos craques.
Foi jogando parecido com o futebol três vezes campeão mundial (o do tetracampeonato – empate na final com a Itália - não espelhou o futebol canarinho) que a seleção conquistou o penta.
Tradução na política e na economia: é hora de mudar a política econômica.

Do bem
Do ex-prefeito de Niterói e candidato ao governo do Rio pela coligação PDT/PPS/PTB, Jorge Roberto da Silveira, sobre o quadro eleitoral, segundo as pesquisas de opinião, e a aproximação entre Ciro e Antônio Carlos Magalhães. “Essa chapa (Ciro Gomes, Brizola, Lupi, Jorge Roberto da Silveira) tem trabalhado muito. O Ciro Gomes pode ganhar no Rio e o Brizola vai ser senador da República. O Rio precisa de alguém com envergadura nacional e o Brizola é esse nome. Vai ser o ACM do bem.” E, rapidamente, procurando se corrigir: “Acho que os baianos tem toda a razão de defender o seu estado”.

Rainha da Inglaterra?
A postura e os compromissos a serem assumidos pelo deputado federal Aluizio Mercadante (PT-SP) em seu encontro com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na próxima semana, podem sinalizar fortemente se um eventual governo Luiz Inácio Lula da Silva será a busca de uma alternativa real ao desastre tucano ou desembocará numa administração LulalaRúa.
Os defensores de concessões que tornem a eleição mera troca nos postos decorativos do poder devem acompanhar com atenção o que acaba de acontecer na Argentina. Lá, com a aquiescência inacreditável do governo Eduardo Duhalde, o FMI recém-nomeou uma junta para governar o país. Nessa primeira etapa, o caráter intervencionista se mostra suavizado pela apresentação de seus integrantes como “meros” conselheiros para políticas monetárias.
Para não deixar dúvida, porém, sobre o caráter dessa política, seus quatro integrantes são ligados a instituições financeiras. Se a sociedade argentina se curvar a tal intervenção, as próximas eleições presidenciais se tornarão um luxo desnecessário, pois, a se aceitar um banco central independente dos argentinos e ligado organicamente à banca internacional, restará ao futuro governo assinar papéis burocráticos e representar o país em convescotes.

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