Pesquisas na Venezuela indicam derrota de Maduro? Não

Especialistas explicam por que pesquisas eleitorais na Venezuela falham sempre: ‘São feitas para desinformar’

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Nicolás Maduro desfila em veículo militar na Venezuela
Nicolás Maduro desfila em veículo militar na Venezuela (foto de Marcos Slagado, Xinhua)

A Venezuela vai às urnas domingo que vem (28), mas a mídia conservadora brasileira já está em campo há meses, divulgando pesquisas que mostram ampla vantagem do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, testa de ferro de María Corina Machado. Porém, outros levantamentos apontam para uma vitória do atual presidente Nicolás Maduro, também com uma margem confortável.

Em interessante matéria da Agência Brasil, divulgada no domingo passado, o sociólogo, economista político e analista venezuelano Luis Salas destacou que as pesquisas eleitorais na Venezuela historicamente favorecem o voto opositor. “Historicamente, desde que o chavismo chegou ao poder, as pesquisas sempre sobrevalorizaram o voto opositor. Desde que Chávez foi presidente, e depois Maduro, os principais institutos de pesquisa erram e favoreceram o voto da oposição”, afirmou o analista.

A especialista Carmen Beatriz Fernández, diretora da DataStrategia, que faz pesquisas de opinião políticas, explicou: “Por que falham as pesquisas eleitorais? Basicamente por três razões: por causa da volatilidade do eleitorado; por falhas metodológicas; e porque não são pesquisas, se não pseudopesquisas feitas para desinformar e serem usadas como propaganda”, destacou em uma rede social.

O venezuelano Francisco Rodriguez, professor da Universidade de Denver, nos Estados Unidos, afirmou que, desde 2017, sete institutos de pesquisas vêm sobrevalorizando o voto opositor. “Esses mesmos inquéritos sobrevalorizaram o voto da oposição, em média, nos últimos 10 anos, em 27,8%. Se corrigirmos esse viés, teríamos um virtual empate técnico [entre Maduro e Edmundo González]”, afirmou, em uma rede social.

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María Corina Machado e Edmundo González Urrutia em campanha na Venezuela
María Corina Machado e Edmundo González Urrutia em campanha na Venezuela (foto Str, Xinhua)

Por que a mídia conservadora brasileira insiste em divulgar pesquisas na Venezuela que falham recorrentemente? Dois motivos parecem motivar os jornalões: primeiro, a ilusão de que podem influenciar o voto no país vizinho (não conseguem influir nem no Brasil); o segundo, mais grave, é que, ao reproduzir acriticamente a mídia norte-americana, preparam terreno para, em caso de vitória de Maduro “contrariando as pesquisas”, lançarem o brado: “Fraude!”

Interessante que é a mesma mídia que atacou a tentativa de Donald Trump de virar a mesa nos EUA alegando roubo nas urnas. Igualmente, criticam a impossibilidade de Corina concorrer – inabilitada pela justiça venezuelana em processo iniciado em 2015 por ocultação de bens – mas aprovam a decisão do TSE brasileiro de cassar os direitos políticos de Bolsonaro.

Será que daqui a 2 anos, diante de uma hipotética nova candidatura favorita de Lula, os jornalões vão querer reabilitar Bolsonaro?

São as guerras

O ministro da Defesa do Irã, Mohammad Reza Ashtiani, disse nesta terça-feira que as exportações de produtos de defesa (vulgo, armas) do país quadruplicaram nos últimos três anos.

Rápidas

A escritora brasileira Maria Victoria Oliveira será entrevistada por Lucia Bonnstra (da Rede sem Fronteiras nos Países Baixos) pelo instagram @redesemfronteiras, nesta quinta, 19h (Brasília) *** O Grupo Soares Pereira lançou o curso presencial “Por que e como gerenciar uma rede de franquias”, em 21 e 22 de agosto, no Rio de Janeiro. Mais informações aqui *** Preços do contrato futuro de petróleo WTI abaixo de US$ 80. O Brent, em US$ 81 e caindo.

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