Mesmo que o governo e o Congresso tenham reduzido os danos econômicos em 2020, os especialistas estão pessimistas com a recuperação da economia em 2021, sobretudo no primeiro trimestre, sem o início da vacinação e com o fim do auxílio emergencial.
Segundo a professora do Coppead/UFRJ Margarida Gutierrez, até a Argentina, que é um país quebrado, já tem vacina. A população brasileira e os empresários têm medo de uma segunda onda do coronavírus, mas o Brasil não tem perspectiva de um programa de vacinação. O setor de serviços, o maior da economia, está abalado pela crise do coronavírus e pode sofrer de novo se nada for feito. Nova quarentena, com restrição de mobilidade, vai quebrar várias empresas.
Margarida Gutierrez declarou que as críticas feitas ao ministro da Economia, de que ele só prometeu e não cumpriu nada, são exageradas, já que a pandemia afetou todo o país. Ela afirmou que o Brasil terá uma das menores quedas de PIB em relação aos demais países. “Avaliar o Guedes é avaliar que o Brasil se sustentou bem durante a crise. Essa performance é melhor que a maioria dos países. Deve-se ao pacote fiscal e ao BC, que elevaram a liquidez e disponibilizaram quase R$ 3 trilhões. Somente o nosso pacote fiscal chega a R$ 620 bilhões, o equivalente a 8,5% do PIB. Sob esse ponto de vista, não podia ser melhor”.
Apesar de considerar o resultado positivo no combate à pandemia, a professora afirmou que o desequilíbrio das contas do governo é recorde, e 2021 será um ano de redução de gastos públicos. “O problema é como equacionar isso e dar sustentabilidade para a dívida pública. As demandas sociais são imensas. Vão exigir uma calibragem da política fiscal, econômica e retirada de estímulos. Estamos muito atrasados na vacinação. Teremos um primeiro trimestre ruim”.
A economista afirmou que o país precisará manter algum estímulo fiscal ou auxílio para os pobres, mas precisará aprovar as reformas fiscais para manter alguma credibilidade e se recuperar. A manutenção de benefícios sociais sem nenhuma aprovação de propostas pelo Congresso afundará o país em uma recessão, avalia.
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