Petrobras faz ‘balanço’ de ações em seu parque de refino

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símbolo BR Petrobras (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Petrobras (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

Apesar de muitos protestos por diferentes atores da sociedade, incluindo sindicatos, banco e institutos de renome, a Petrobras concretizou a privatização de três refinarias este ano, sendo a venda mais recente, a da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada em São Francisco do Conde, na Bahia e seus ativos logísticos associados para o Mubadala Capital.
A operação foi concluída com o pagamento de US$ 1,8 bilhão (R$ 10,1 bilhões) para a Petrobras, valor que reflete o preço de compra de US$ 1,65 bilhão, ajustado preliminarmente em função de correção monetária e das variações no capital de giro, dívida líquida e investimentos até o fechamento da transação. O preço foi contestado e foi considerado muito abaixo do valor de mercado.
Representações sindicais dos petroleiros de todo o país, ligadas à Federação Única dos Petroleiros (FUP), realizaram na sexta-feira passada um ato nacional em frente a refinarias da Petrobras em diferentes estados da Federação, em protesto contra as privatizações das unidades de refino da empresa.
O movimento teve início na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, contra a venda da planta, pela metade do preço, junto com terminais e outros ativos de logística da Petrobras no estado. “A Rlam foi vendida ao fundo árabe Mubadala, por US$ 1,8 bilhão, 50% abaixo do valor de mercado, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), e 35% aquém do preço justo, de acordo com o BTG Pactual. O valor foi questionado ainda pela XP Investimentos. A privatização da refinaria baiana – a segunda maior do país, com capacidade de processamento de 330 mil barris/dia -, foi concluída no dia 30 de novembro.
Na semana passada, Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, chamou atenção para o fato de a venda das refinarias ser uma burla à Constituição Federal. Há um processo do Congresso Nacional para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o mérito da ação de inconstitucionalidade da venda de refinarias sem autorização do Poder Legislativo.
“Eles estão pegando ativos da empresa mãe, a Petrobras, transformando-os em subsidiárias e privatizando essas subsidiárias, criadas artificialmente. Com isso, fogem do processo de licitação e do crivo do Congresso Nacional”, denunciou Bacelar, lembrando que “o próprio ministro do STF Alexandre de Moraes já declarou que ‘essa patologia não deveria ocorrer’.

Mensagem

Nesta quarta-feira, a Petrobras comunicou as ações que vem realizando em seu parque de refino. A estatal disse que investiu cerca de R$ 2 bilhões, ao longo de 2021, em manutenção preventiva. “Ao todo, foram inspecionados mais de 4 mil equipamentos em todas as refinarias da companhia. O objetivo principal do investimento é garantir a segurança e a continuidade operacional, assim como adequar as capacidades de produção das unidades e promover melhorias nas instalações”, destacou em nota a companhia.
A Petroleira disse que as paradas se concentraram no segundo trimestre de 2021 com algumas ações ainda no terceiro trimestre. Após a conclusão das campanhas de manutenção, a Petrobras retomou o “alto nível de produção de combustíveis”. Nos meses de outubro e novembro, a média de produção mensal de gasolina nas refinarias da Petrobras subiu 17% em relação ao segundo trimestre e a produção de diesel cresceu 8% no mesmo período.

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“Acreditamos que, com novas empresas atuando no refino, o mercado será mais competitivo e teremos mais investimentos, o que tende a fortalecer a economia e gerar benefícios para a sociedade”, justificou na ocasião o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna.
“Dentro da estratégia de reposicionamento do refino, reforçamos nosso compromisso de vender as refinarias Regap, Lubnor, Repar, Refap e Rnest e estamos investindo em tecnologias para tornar as refinarias que continuarão na empresa duplamente resilientes, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. Seguiremos como a maior refinadora do país, com foco nas refinarias de SP e RJ mais próximas à produção de petróleo e aos maiores centros consumidores, com 50% da capacidade de refino do país. A projeção é dobrar, em 5 anos, a oferta de diesel S-10 nessas refinarias, produto com menores níveis de emissão, e a custos cada vez mais competitivos”, ressaltou em comunicado recente a estatal.

Plano estratégico

A Petrobras anunciou, em seu Plano Estratégico 2022-2026, que investirá US$ 6,1 bilhões no refino nos próximos cinco anos. “Serão implantados projetos para posicionar a companhia entre as melhores refinadoras do mundo, em termos de eficiência e desempenho operacional, com produtos de maior valor agregado e menor emissão de carbono”, tem destacado a companhia em seus textos de divulgação.
De acordo com a direção, um dos compromissos, por exemplo, é ampliar a capacidade de produção, especialmente de derivados de alta qualidade, como o diesel S-10. O Plano Estratégico inclui três grandes projetos de expansão: a conclusão da segunda unidade (trem) da Refinaria Abreu e Lima – Rnest, que vai  elevar a  capacidade de produção de diesel S-10 em 95 mil barris por dia; a integração entre a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e o GasLub Itaboraí, com capacidade adicional de 93 mil barris por dia de diesel S-10 e querosene de aviação (QAV) e 12 mil barris por dia de lubrificantes de maior qualidade; uma nova unidade na Replan, além de adaptações na Reduc e na Revap, com capacidade adicional de 132 mil barris por dia de diesel S-10 nas três refinarias.
Segundo a Petrobras, em novembro, o fator de utilização das refinarias fechou em 87% da capacidade, 12 pontos percentuais acima do segundo trimestre. A Petrobras sempre busca a utilização mais eficiente de seus ativos e o nível de processamento pode flutuar, de acordo com a disponibilidade dos equipamentos, a economicidade das operações e o atendimento aos clientes.
Por isso, o nível de processamento das refinarias é planejado com base nas disponibilidades e tipos de petróleo, na capacidade das refinarias e dos ativos logísticos, assim como nas previsões de demanda. A partir de critérios técnicos, o sistema aponta a solução com melhor resultado econômico para todo o parque. 

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