Petrobrás incomoda os inimigos do Brasil

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Criada em 3 de outubro de 1953, a Petrobrás, antes mesmo de existir, já unia contra si os inimigos da nacionalidade brasileira, de nosso Estado Nacional. E, o que pode ser um interessante estudo psicológico, com um bordão na acusação que os liberais, em seus farisaísmos, sempre usaram: a corrupção. Não me deterei em análises, mas é pertinente e faz parte da criação da Petrobrás, a Revolução Popular e Militar que uniu o Brasil em 1930 e comemora também em outubro seu aniversário: 90 anos.

Os liberais se uniram na pseudo revolução de 1932, pois seus aliados – o coronelismo agrário, sucessor do escravismo rural, os financistas ingleses, os mercadores estrangeiros – estavam perdendo poder no Brasil de Getúlio Vargas. Alzira Vargas do Amaral Peixoto, filha, confidente e biógrafa de seu pai, assim se refere ao movimento: não era nem uma revolução, nem constitucionalista, nem paulista. Perfeita compreensão.

Faltou povo para que fosse uma revolução, e o caso das granadas com terra no lugar de explosivo, um feito dos operários paulistas, pode ser um dos vários exemplos de onde estava o povo de São Paulo em 1932. Não era constitucionalista, pois Getúlio já convocara a Assembleia para elaborar a Constituição e criara a comissão para apresentar um anteprojeto. Finalmente, não era paulista, pois o liberalismo que, entre nós, sempre destruiu a possibilidade de construção de um país soberano e cidadão, era de origem estrangeira e do interesse dos impérios coloniais.

O economista Ricardo Bergamini, que assume ser um liberal e não se envergonha de iniciar seus escritos com citação de Roberto de Oliveira Campos, ex-seminarista, escreve novo artigo com título “67 anos de corrupção da Petrobrás”. Não discuto pessoas, mas seus atos e ideias.

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O que lemos neste artigo? A distorção que a imprensa brasileira, quase toda e por toda república, sempre divulgou a respeito dos desejos de um Brasil independente. E o que é liberdade de um país? No tempo da ocupação física dos europeus, era se livrar do domínio político, territorial, econômico e psicossocial de povos estrangeiros. Após a II Grande Guerra, tomou uma forma mais rentável para os impérios, colocando uma classe de gerentes locais – presidentes, primeiros-ministros, ditadores – para assumir a gerência e os custos da administração local, mantendo no império o controle econômico e o psicossocial. A imprensa doméstica era um elemento do controle psicossocial estrangeiro.

E Bergamini constrói seu artigo com notícias da imprensa. Mas não cita o pai de todas as maquinações midiáticas contra a Petrobrás: Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, o Chatô. Transcrevo do Conversa Afiada, do grande e precocemente falecido jornalista Paulo Henrique Amorim:

Assis Chateaubriand, que comanda o linchamento midiático de Getúlio, tem um encontro com o General Mozart Dornelles, subchefe do Gabinete Militar da Presidência da República, de quem era amigo pessoal desde a Revolução de 30, quando se conheceram, Mozart combatente e Chateaubriand jornalista. É Mozart que procura Chateaubriand, sem Getúlio saber, e pergunta por que tanto rancor, tanto ódio na campanha das televisões, das rádios e jornais fortíssimos da rede dos Associados de Chateaubriand em todos os estados e de sua revista ilustrada O Cruzeiro, que vende meio milhão de exemplares por semana.

Chateaubriand não faz cerimônia, faz seu preço: ‘Mozart, eu sou o maior admirador do presidente, eu adoro o presidente. À hora que ele quiser, eu tiro o Carlos Lacerda da televisão e entrego para quem ele quiser… É só ele desistir da Petrobrás.’ É só ele desistir da Petrobrás…” (24/8/2018 – José Augusto Ribeiro relembra a chantagem dos Marinho de então, o Chateaubriand).

Bergamini nem se envergonha de citar o “Acervo O Globo”, os Chatôs de hoje. Como fato de corrupção, Bergamini cita outro defensor do liberalismo na imprensa carioca, o Diário de Notícias, dos Ribeiro Dantas. E o que era exposto? Apenas uma fofoca envolvendo o coronel Janary Nunes e um dos grandes profissionais que passou pela direção da empresa, Nazaré Teixeira Dias.

Quem é Teixeira Dias que o copista de O Globo não se deu ao trabalho de averiguar? “José de Nazaré Teixeira Dias. professor-conferencista da Ebap e membro do Conselho Curador da Fundação Getúlio Vargas, é sobejamente conhecido por todos os que se interessam pelo estudo da Administração. No Serviço Público brasileiro, José de Nazaré Teixeira Dias, numa longa e profícua carreira, percorreu todos os escalões, desde os mais humildes até os mais elevados. Possuindo vários cursos de especialização nos Estados Unidos, sua vasta experiência de administrador, inclusive na Unesco, torna-o um dos nomes mais respeitados no setor público e muito conhecido no setor privado” (in A Reforma Administrativa de 1967, 2ª edição, FGV, 1968).

Como no original em O Globo, Bergamini passa para a conturbada década de 1960, quando os liberais tentaram seguidos golpes e, por breve momento, tomaram o governo brasileiro, seguindo as diretrizes, à época, de Washington.

Novamente com fofocas, desta feita envolvendo o ex-chefe do estado-maior do III Exército, militar e engenheiro, presidente da Petrobrás Albino Silva e o diretor Jairo José de Faria. Tão ridícula era a farsa levantada que os próprios interessados em depreciar a Petrobrás foram obrigados a confessar que “não havia provas”, ou seja, pura fofoca, que não é punida no Brasil, mesmo quando ofende a honra de uma pessoa.

Durante o período de governos nacionalistas militares – Costa e Silva, Médici e Geisel – o Globo e Bergamini ainda não se sentem confiantes para novas fofocas. Estão muito próximos estes eventos e vivos muitos atores para imediata contestação. Mas no Governo Sarney, que saiu com fama de corrupto, aceita pela maioria da população que votou no liberal “Caçador de Marajás”, se cria um evento do nada, para atacar um profissional de carreira, que pediu sua demissão por ser-lhe inaceitável ver o nome enxovalhado por pessoas sem qualquer moral, como os dirigentes de jornais, televisões e revistas cujo único objetivo é impedir o Brasil Soberano. E energia, como sabem todos que não precisaram ler três vezes Maynard Keynes para continuar não o entendendo, é fundamental para erguer econômica e socialmente uma Nação.

Chega então ao apogeu da farsa: a Lava Jato. Sobre a Lava Jato nem é preciso discorrer com detalhes, pois começa colocando uma pedra por cima do grande assalto feito contra as finanças brasileiras nas contas CC5, envolvendo o Banestado, e ainda prossegue hoje, já desmoralizada, mas com um poder sem voto, indevidamente derivado de erros graves da Constituição de 1988.

A Petrobrás não foi ré, foi vítima da Lava Jato. E, ainda hoje, os liberais de Paulo Guedes aproveitam esta criação de departamentos estadunidenses, de órgãos das áreas de espionagem e repressão dos Estados Unidos da América (EUA) para continuarem extorquindo este patrimônio dos brasileiros, entregando-o a terceiros estrangeiros por valores ridículos, sem risco de perdas, e agindo com suporte de um também corrompido poder judiciário.

A Petrobrás ganhou fama no exterior, ameaçou e superou as empresas do hemisfério norte com sua capacidade técnica e correção nas atitudes, com respeito aos direitos soberanos dos países onde atuou, o que nenhuma empresa estrangeira de petróleo jamais fizera.

Daí este ódio que Bergamini destila em seu artigo: o Brasil que, neste empreendimento de Vargas, entre outros tantos, deu certo e não pode assim continuar existindo. Petrobras delenda est, como no Senado romano repetia incessantemente Catão, o Velho (234-149 a.C.).

Pedro Augusto Pinho

Administrador aposentado.

N.R. O autor grafa “Petrobras” com acento agudo no “a”.

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