Petrobras pode ficar com mandato tampão?

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José Mauro Coelho (Foto: Valter Campanato/ABr)
José Mauro Coelho (Foto: Valter Campanato/ABr)

Ameaças partidas dos presidentes da República e da Câmara dos Deputados Federal sobre abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) nesta segunda-feira para apurar irregularidades, também sobre taxação de lucros e até privatização da empresa levaram José Mauro Coelho renunciar ao cargo de presidente da Petrobras, no qual permaneceu por 40 dias.

A quatro meses das eleições, Bolsonaro, com o apoio do deputado Arthur Lira (PP-AL), montou um esquema de desmonte da credibilidade da Petrobras para encontrar um responsável pelos aumentos de combustíveis, por eles considerados pelo processo inflacionário fora de controle. Neste fim de semana, Lira chamou o atual presidente da empresa, José Mauro Coelho, de “ilegítimo”, e ameaçou levantar informações sobre ganhos e despesas dos diretores.

Em Fato Relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda-feira, a empresa afirma que “a nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora. A Petrobras informa também que o senhor José Mauro Coelho renunciou ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras na manhã de hoje. Fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado.”

A substituição já estava prevista quando, no dia 23 de maio, o Ministério de Minas e Energia informou que o Governo Federal, como acionista controlador da Petrobras, tinha decidido pela troca do presidente. O governo anunciou que José Mauro Coelho, quando assumiu o cargo, seria substituído por Caio Mário Paes de Andrade, assessor do ministro da Economia, Paulo Guedes.

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A possibilidade da existência de um mandato tampão na maior empresa do país é um fato viável. Isso porque, até mesmo Paes de Andrade, o nome mais defendido entre os quatro indicados pelo governo, está encontrando, a exemplo dos outros três nomes, dificuldades para aprovação pelo Conselho de Administração da petrolífera.

O descontentamento de Bolsonaro com a importância da Petrobras no cenário econômico teve início com primeiro dos quatro presidentes a assumir a empresa no seu governo, Roberto Castelo Branco, demitido em fevereiro de 2021, sob a alegação de insatisfação com o reajuste de preços dos combustíveis. Até mesmo a remuneração no comando da Petrobras incomodava o presidente da República. “O diretor ganha R$ 110 mil por mês. O presidente, mais de R$ 200 mil por mês e no final do ano ainda tem alguns salários de bonificação. Os caras têm que trabalhar!”

Na abertura do pregão da B3, nesta segunda feira, as negociações com ações da Petrobras foram suspensas diante da notícia de que o presidente da companhia renunciou. Tanto as ações como seus derivativos não puderam ser comprados ou vendidos até 10h50. Após abrirem em queda de até 5%, as ações reduziram as perdas, até os negócios serem interrompidos novamente, de 11h às 11h36, diante da divulgação de novo fato relevante sobre a troca de comando.

Tanto as ações ordinárias (PETR3) como preferenciais (PETR4) mudaram de direção mantendo comportamento de alta na B3. Às 12h10, a ação ordinária subia 0,67%, para R$ 30,13, e o papel preferencial avançava 0,44%, cotado a R$ 27,43.

 

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