A distribuição de dividendos recordes da Petrobras (R$ 87,8 bilhões no segundo trimestre de 2022) é 8 vezes maior do que os investimentos realizados pela petroleira no período, de R$ 10,7 bilhões, conforme mostram relatórios financeiros da companhia. O megadividendo é também 162% maior que o lucro líquido registrado em abril/junho último, de R$ 54,3 bilhões.
Tamanha relação entre dividendo/lucro/investimento jamais foi vista. “Ao abrir mão de sua capacidade de geração de caixa para distribuir a seus acionistas, a Petrobras reduz seu capital, seu patrimônio, e diminui sua possibilidade futura de investimento”, destaca o economista Cloviomar Cararine, do Dieese, subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Segundo o economista, a Petrobras está usando reservas de lucro, acumuladas ao longo dos anos, para pagar dividendos a acionistas, comprometendo o destino da empresa. O comportamento do segundo trimestre deste ano segue a trajetória observada nos primeiros três meses de 2022, quando a relação dividendo/investimento também disparou, atingindo 524,5% (dividendo de R$ 44,5 bilhões e investimentos de R$ 9,2 bilhões). Em anos anteriores, essa relação era de 25%.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, destaca que, na gestão Bolsonaro (de 2019 ao primeiro semestre de 2022), a estatal distribuiu um total de R$ 258,7 bilhões em dividendos. Isso significa uma média sem precedentes, de 102% do lucro líquido registrado no período. No governo de Fernando Henrique Cardoso, a média foi 40%; e no governo de Lula, 32%.
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