Petroleiros expostos ao coronavírus denunciam médicos da Petrobras

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A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) se reuniu nesta sexta-feira, em audiência pública remota, para debater as condições de saúde dos profissionais petroleiros durante a pandemia de coronavírus. De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), estes profissionais estão sendo constantemente expostos à contaminação, e as empresas petroleiras não fazem o devido trabalho de prevenção.

O assessor médico do Departamento de Saúde do Sindipetro NF, Ricardo Garcia, explicou a dinâmica de trabalho dos petroleiros e o risco que correm, bem como falou sobre a atuação das empresas. “Os funcionários embarcam de helicóptero, então a aglomeração já está feita. Além disso, estão sendo feitos testes rápidos pelas empresas, notoriamente ineficientes. Deveria ser feita a testagem molecular, antes, durante e depois do embarque. Além disso, os funcionários sofrem com problemas psíquicos. Se já tinham uma jornada de trabalho muito grande e exaustiva, agora os profissionais convivem com o medo de voltarem para suas casas e contaminarem suas famílias”, relatou.

A presidente da Comissão de Saúde, deputada Martha Rocha (PDT) disse que a comissão pode fazer interlocuções com o Ministério Público, com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) e com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado (Cosems-RJ), já que a atuação dos petroleiros alcança diversos municípios do estado. “É nosso papel fazer com que outros organismos conheçam o processo de aflição dos petroleiros e suas demandas justas e necessárias, para que tenhamos uma solução para essa situação”, declarou.

O diretor e coordenador de Saúde e Segurança do Sindipetro NF, Alexandre de Oliveira pontuou que os petroleiros não estão bem definidos nos grupos de vacinação prioritária contra a covid-19: “Para a Marinha, aquaviário é quem conduz embarcações, logo os petroleiros estariam fora desse grupo de vacinação. Também há muita controvérsia se somos considerados portuários, também prioritários em alguns locais, assim como os industriários”.

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Após ouvir o relato dos petroleiros, a coordenadora de Vigilância e Promoção da Saúde, da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SVS) da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), Eralda Ferreira, destacou a importância da identificação da ocupação profissional nos registros de contaminação pelo coronavírus. “Assim, será possível entender as categorias mais expostas”, explicou.

Ivermectina

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) fez uma denúncia que a Petrobras está receitando Ivermectinam, medicamento utilizado no tratamento de piolhos e sarnas, para tratamento da Covid-19 dos trabalhadores e trabalhadoras da estatal contaminados ou com suspeita de contaminação pelo coronavírus.

O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) formalizou uma denúncia junto ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e apresentou uma receita de Ivermectinam passada para um petroleiro.

O remédio é condenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no tratamento do Covid-19 porque, além de ser ineficaz, pode produzir efeitos colaterais. “A insistência neste tratamento contraria não só os protocolos dos órgãos de saúde mundial: a própria farmacêutica Merck, que fabrica o medicamento, declarou em comunicado oficial que, na análise de seus cientistas, não há eficácia no uso do medicamento para a covid”, alerta a FUP em nota.

De acordo com a federação, aumentou o número de trabalhadores contaminados pela Covid-19 na Petrobrás. Em apenas dois meses e dez dias, mais que dobrou o número de trabalhadores efetivos mortos pela doença na empresa, segundo o 61º Boletim de Monitoramento Covid-19, divulgado na última terça-feira, pelo Ministério de Minas e Energia (MME), e atualizado semanalmente. Atualmente, são 45 óbitos registrados nesta semana, iniciada em 14 de junho – alta de 125% em relação às 20 mortes por Covid apuradas pelo MME em 5 de abril, no 51º boletim de monitoramento.

No boletim de número 38, do MME, de 4 de janeiro de 2021 (o primeiro de 2021, com dados do ano anterior), a Petrobrás contabilizava 3 mortes. Ou seja, em apenas cinco meses deste ano, a empresa registrou 15 vezes o número de mortos de 2020.

A FUP ressalta que a Petrobras tem se recusado a fazer testagem para Covid-19 na metade do período do embarque nas plataformas (a testagem só é feita no início do embarque), e que não respeita o distanciamento social em suas atividades.

Após a denúncia da FUP sobre médicos da Petrobras estarem receitando tratamento com ivermectina para trabalhadores com sintomas de Covid-19, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga ações e omissões do poder público no combate à pandemia quer explicações da direção da estatal.

Da redação com informações da Alerj, FUP e Aepet

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