Mais uma vez, a agropecuária surpreende no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2015, enquanto o PIB total nacional retraiu 3,8% em 2015, o do agronegócio cresceu 1,8%, em relação a 2014 (0,4%). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A agropecuária também se destaca em relação a outros setores. Enquanto ela aumentou 1,8% no PIB, a indústria sofreu queda de 6,2% e os serviços, 2,7%. Segundo o coordenador-geral de Estudos e Análises do Ministério da Agricultura, José Gasques, a média anual de crescimento do PIB agro, nos últimos 19 anos, tem sido de 3,8%. Para um ano de dificuldade econômica como o de 2015, o percentual de 1,8%, é comemorado pelo setor.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, disse que o bom desempenho é resultado de investimento em pesquisa, tecnologia e inovação.
– Temos que louvar o agronegócio, que cada vez mais dá resultado diferenciado e se destaca na economia brasileira. Agradecemos os investimentos do contribuinte no agronegócio.
O PIB agropecuário – soma de todas as riquezas produzidas pelo país – chegou a R$ 263,6 bilhões em 2015. O IBGE aponta que o crescimento do setor se deve principalmente ao desempenho da agricultura. Alguns produtos registraram aumento na produção, com destaque para as lavouras de soja, (11,9%) e milho (7,3%). A cana-de-açúcar cresceu 2,4%. Na pecuária, estão o abate de suínos (5,3%) e frango (3,8%).
– A cada real investido em nós, o agronegócio dá retorno na forma de emprego, PIB e balança comercial – destacou Kátia Abreu.
Ministra pede ao Congresso maior atuação em acordos comerciais internacionais
Em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado nesta quinta-feira, a ministra pediu que os parlamentares tenham maior atuação na negociação de acordos comerciais internacionais.
Ela apresentou aos senadores o potencial de crescimento das exportações do agronegócio brasileiro. Os secretários do Ministério também apresentaram o trabalho do ministério em áreas como defesa agropecuária, política agrícola e gestão pública.
A ministra explicou aos senadores que, ao Ministério da Agricultura, cabe negociar acordos que visam a harmonizar regras e facilitar procedimentos sanitários e fitossanitários, sem envolver tarifas ou cotas comerciais.
As negociações do Ministério concluídas em 2015, destacou, representaram potencial anual de US$ 1,9 bilhão em exportações e, para 2016, a expectativa é ainda maior: US$ 2,5 bilhões.
Mas para que o comércio exterior brasileiro continue se expandindo, afirmou, é preciso ir além dos acordos sanitários.
– Precisamos ser mais agressivos nos acordos comerciais tarifários. Nós fizemos nosso dever de casa e agora precisamos de outros setores. Conheço o grande trabalho que a bancada ruralista e os outros deputados e senadores fazem pela nossa agricultura, mas gostaria de ver o Congresso Nacional mais atuante nos acordos comercias, como fazem os parlamentares europeus e americanos. É algo decisivo para o país. Não podemos ficar para trás. Os congressistas precisam ter papel mais atuante nessa área.
Kátia Abreu lembrou que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que o Brasil aumente em 40% sua produção agropecuária até 2050, a fim de cooperar com a segurança alimentar mundial.
– O mundo espera e conta com o crescimento da nossa produção. Por isso, precisamos abrir mercados.
Comércio global – A secretária de Relações Internacionais do Agronegócio, Tatiana Palermo, apresentou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mostram que o comércio mundial é feito cada vez mais por meio de acordos comercias. Em 1998, 20% do comércio agrícola estava inserido em acordos de tarifas ou de cotas. Em 2009, esse percentual saltou para 40%.
Tatiana Palermo afirmou aos senadores que, enquanto a União Europeia negociou 37 acordos comerciais e o Mercosul, 20, o Brasil não assina nenhum acordo desde 2010, quando firmou parceria com o Egito.
O agronegócio tem potencial de aumento de cerca de US$ 11,4 bilhões em exportações (saltando de 8% para 9,7% na participação mundial) se fizer acordos comerciais com parceiros estratégicos, como União Europeia, EUA, China, Japão e Rússia.
– Essa pauta de acordos poderia nos dar potencial de aumento de US$ 11,4 bilhões de forma imediata nas nossas exportações, com grande perspectiva de aumento ao longo dos anos – ressaltou a secretária.
Os senadores elogiaram o trabalho feito pelo Ministério no último ano, em especial as medidas de desburocratização e economia de gastos. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) parabenizou a ministra pela conquista de novos mercados para o agronegócio brasileiro.
– A senhora se tornou um caixeiro viajante no ano passado para promover o Brasil, mas os dados apresentados aqui mostram que estamos isolados e devemos elevar nossa política externa às necessidades da população – enfatizou o senador capixaba.
O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) concordou que o Congresso Nacional deve ser mais atuante na negociação internacional e se prontificou a estudar a melhor forma de os parlamentares participarem.
– Na balança comercial brasileira, o agronegócio é o mais importante e garante nosso superávit – assinalou.