Brasil caminha para estagflação

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Cédulas de R$ 100 e R$ 50 (Foto: divulgação)
Cédulas de R$ 100 e R$ 50 (Foto: divulgação)

No terceiro trimestre de 2021, o PIB caiu 0,1% frente ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. A Agropecuária caiu 8%, a Indústria ficou estável (0%) e os Serviços subiram 1,1%. Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Segundo a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, em nota divulgada nesta quinta-feira, fatores climáticos levaram à queda de 0,1% do PIB, no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o período de abril a junho. “A queda da agropecuária teve impacto relevante no PIB do terceiro trimestre de 2021. Se fosse zerada a variação da agropecuária na margem, o PIB cresceria na ordem de 0,3% a 0,4% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre de 2021”, diz a nota.

“É fundamental distinguir o que é política econômica de fatores climáticos adversos e pontuais da natureza. A maior crise hídrica em 90 anos de história e a ocorrência de severas geadas tiveram impacto tanto em setores intensivos em energia como em setores que dependem do clima, como agricultura”, avaliou a secretaria.

A Secretaria ressaltou que “mais importante do que considerar o número do crescimento, é observar a sua qualidade”.

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“Há elevação da taxa de poupança e da taxa de Investimento (FBCF/PIB), retornando o patamar do começo da década passada. Dessa forma, salienta-se a melhora na qualidade do crescimento do PIB brasileiro”, diz a secretaria.

Atividade Industrial

O IBGE também informou, nesta quinta-feira, que entre as atividades industriais houve quedas de 1,1% em Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, de 1,0% nas Indústrias de transformação e de 0,4% nas Indústrias extrativas. Apenas a Construção (3,9%) apresentou crescimento.

Nos Serviços, registraram alta: Outras atividades de serviços (4,4%), Informação e comunicação (2,4%), Transporte, armazenagem e correio (1,2%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%). As Atividades imobiliárias (0%) ficaram estáveis, ao passo que houve variações negativas em Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,5%) e Comércio (-0,4%).

De acordo com o IBGE, pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo teve variação negativa de 0,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. A Despesa de Consumo das Famílias teve expansão de 0,9% e a Despesa de Consumo do Governo cresceu 0,8%.

No setor externo, tanto as Exportações de Bens e Serviços (-9,8%) quanto as Importações de Bens e Serviços (-8,3%) tiveram quedas em relação ao segundo trimestre de 2021.

Em relação a igual período do ano anterior, o PIB cresceu 4% no terceiro trimestre de 2021. O Valor Adicionado a preços básicos teve alta de 3,7% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios subiram 6,2%.

Segundo o instituto, entre as atividades, a Agropecuária caiu 9% em relação a igual período de 2020. Esse resultado explica-se, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no terceiro trimestre e apresentaram retração na estimativa de produção anual e perda de produtividade: café (-22,4%), algodão (-17,5%), milho (-16%), laranja (-13,8%) e cana de açúcar (-7,6%). Além disso, as estimativas para Pecuária também apontaram um fraco desempenho dessa atividade no trimestre analisado.

A Indústria cresceu 1,3%. Entre suas atividades, a Construção apresentou o melhor resultado no volume do valor adicionado (10,9%), corroborada pelo aumento da ocupação nessa atividade. As Indústrias extrativas também cresceram (3,5%) em relação ao terceiro trimestre de 2020, puxadas pela alta na extração de minério de ferro.

Segundo o IBGE, a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, por sua vez, caiu 4,6%, com a piora nas bandeiras tarifárias, devido à escassez hídrica nacional. Da mesma forma, as Indústrias de transformação caíram 0,7%, influenciadas, principalmente, pelas quedas na fabricação de produtos alimentícios, móveis, bebidas, material elétrico e equipamentos de informática.

O valor adicionado de Serviços avançou 5,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para a alta de Informação e comunicação (14,8%), Outras atividades de serviços (13,5%) e Transporte, armazenagem e correio (13,1%).

Cresceram também: Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,9%), Comércio (2,8%) e Atividades imobiliárias (1,7%). Apenas as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-1,3%) caíram, afetadas pelo aumento dos sinistros, em especial, no caso dos planos de saúde.

De acordo com o instituto, a Despesa de Consumo das Famílias registrou aumento pelo segundo trimestre seguido (4,2%), influenciada pelo aumento na ocupação no mercado de trabalho, pela expansão do crédito a pessoas físicas e pelo avanço da vacinação. A Despesa de Consumo do Governo cresceu 3,5% no período.

A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 18,8% no terceiro trimestre de 2021. A magnitude desse resultado é justificada pela alta na produção e importação de bens de capital, assim como pelo crescimento na Construção.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços cresceram 4%, enquanto as Importações de Bens e Serviços subiram 20,6% no terceiro trimestre de 2021.

Janeiro a setembro

No acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2021, segundo o IBGE, o PIB cresceu 5,7% em relação a igual período de 2020. Nessa comparação, a Indústria (6,5%) e os Serviços (5,2%) registraram variação positiva, enquanto a Agropecuária registrou variação negativa de 0,1%.

A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2021 foi de 19,4% do PIB contra 16,4% no mesmo período do ano anterior. A taxa de poupança foi de 18,6% no terceiro trimestre de 2021, maior que os 16,2% obtidos no mesmo período de 2020.

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