PIB chegará ao máximo 4,9% este ano mas será nulo em 2022

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comunicou na semana passada a variação negativa de (0,1%) do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de tudo que é produzido no país, no segundo trimestre de 2021, na comparação com o primeiro trimestre do ano. Já a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia sustenta que o PIB deve apresentar crescimento acima de 5% em 2021.

Os entes do mesmo governo não falam a mesma língua, o que sustenta o panorama confuso que este governo criou. Para repercutir o impacto disso no âmbito micro e macroecômico, a reportagem do Monitor Mercantil foi ouvir a opinião do economista Roberto Ivo, professor da Escola Politécnica da UFRJ.

Parece que o Ministério da Economia e o IBGE não estão falando sobre o mesmo assunto. Como fica o risco Brasil?

– Quando se olha os dados da última divulgação das Contas Nacionais publicado pelo IBGE, a atividade econômica do Brasil tentou esboçar um crescimento no 2T21, quando foi apresentado uma variação real de 12,4% a.a. contra 2T20 e no acumulado no ano, temos 6,4% em relação ao ano de 2020. Apesar de o número parecer positivo, deve-se atentar para alguns pontos. Primeiramente, na margem, com ajuste sazonalidade, a economia decresceu em 0,1% em relação ao trimestre anterior em termos reais. Isso acende uma luz amarela para o fechamento do ano. Fazendo um rápido exercício e mantendo o mesmo patamar deste último semestre até o final do ano, o PIB, dessazonalizado, chegará ao máximo 4,9% a.a. para 2021 e nulo para 2022, ambas projeções abaixo do esperado pelo Governo Federal e mercado de capitais

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O que significa na prática essa variação negativa do PIB em termos micro e macroeconômico?

– A economia brasileira vem sofrendo com vários gargalos microeconômicos (estrutura fiscal, logística, fator de produtividade, qualificação da força de trabalho, entre outras variáveis). Do ponto de vista macroeconômico, embora experimentando um novo ciclo de aperto monetário, a desvalorização cambial, as incertezas geopolíticas no mundo e os problemas gerados pela política brasileira vão criar um ambiente propício para um risco de mercado maior nos próximos meses e quiçá até uma revisão de grade das principais agências de crédito.

Como podemos definir a política econômica do ministro Paulo Guedes se ele é “acusado” de estar pouco preocupado com os menos abastados do país?

– Essa política econômica atual, se é que se pode chamar assim, pois não há um plano estruturado, vem se mostrando um fracasso e deverá se manter até o final de 2021, o que gerará uma incerteza adicional para o futuro e os agentes econômicos necessitam de certeza, porém nada é permanente exceto a mudança.

O Governo Federal, em especial o Ministério da Economia, está cada vez se afastando dos gargalos inerentes à economia brasileira, como agravamento da pobreza e geração de emprego e renda. Não basta somente a ajuda emergencial, que cairá a R$ 300,00 (50% a menos do início do ano), mas políticas públicas de longo prazo que venham a propiciar um retorno à economia de boa parte da nossa sociedade, em especial as classes minoritárias e mulheres negras.

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