O avanço no nível de atividade econômica na Argentina, que no terceiro trimestre apresentou uma melhora em relação ao início do ano, se deve, em parte, à forte queda da economia nos primeiros meses, afirmou em entrevista concedida na sexta-feira (20), à agência de notícias Xinhua, o economista argentino Hernán Letcher (foto).
Ele destacou que a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre “é significativa, mas é o oposto da queda do segundo trimestre. Ou seja, um terceiro trimestre está sendo comparado com um segundo trimestre que foi muito ruim, o que tende a dar um resultado positivo”.
“Quando se calculam os primeiros nove meses deste ano, a queda é superior a 3%, mas é um valor inferior ao que se estimava no início, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha previsto em torno dos 3,5%. Portanto, dá a impressão de que (no final do ano) estará mais perto dos 3%”, considerou.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a economia continuou a cair em termos homólogos, registando-se no terceiro trimestre uma diminuição de 2,1% face ao mesmo período de 2023.
Segundo um relatório do Cepa apresentado por Letcher, “o impacto da desvalorização, que liquefez o rendimento da população, afetando o consumo, somado ao ajustamento regressivo das despesas do Estado, gerou uma forte contração da economia”. “Em abril, a atividade atingiu o seu ponto mais baixo, ficando abaixo da medição sazonalmente ajustada de novembro de 2023, e iniciou uma recuperação errática.”
O indicador de desemprego, que aumentou 1,2 ponto percentual em termos anuais, para 6,9% no terceiro trimestre, é outro reflexo da contração, continuou Letcher.
O relatório do Cepa afirma que este efeito tem sido heterogêneo, pois até agosto os únicos setores da economia que geravam empregos eram a agricultura, a mineração e a pesca, mas estavam longe de compensar o que aconteceu nos setores restantes, como a construção e manufatura.
Para o economista, embora algumas das principais variáveis macroeconômicas pareçam ter melhorado, persistem dúvidas sobre a sua capacidade de continuar esta evolução. As principais questões estão relacionadas ao atual nível de valorização cambial, aos dólares acumulados e ao impacto econômico nos setores industriais.