A contribuição do consumo é essencial para a recuperação econômica da China após a pandemia, e o consumo continua se expandindo, avalia a KPMG, a partir de dados de mercado. O PIB da China deve crescer 5,5% em 2023 e 5,2% em 2024.
O Produto Interno Bruto (PIB) é a representação do tamanho da economia de um país. A KPMG destaca que os gastos finais do consumidor no segundo trimestre de 2023 impulsionaram o crescimento econômico chinês em 5,3%, respondendo por 84,5% dessa alta.
A produção industrial de itens de valor agregado da China cresceu 3,8% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior, e 0,8% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano.
Políticas para expandir o consumo
A China está empenhada em impulsionar a procura interna, reforçar a confiança e prevenir riscos no segundo semestre deste ano, disse Zheng Shanjie, chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, nesta segunda-feira.
O principal responsável pelo planejamento econômico da China fez as observações num relatório apresentado numa sessão em curso do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional.
As políticas ajudarão a aumentar a renda e expandir o consumo, agilizar a emissão e o uso de títulos especiais do governo local, estimular o investimento privado, otimizar o ambiente de negócios e estabilizar o comércio exterior e o capital, disse Zheng.
Acrescentou que as medidas também serão ajustadas para apoiar o bom desenvolvimento do mercado imobiliário e que serão construídas e fornecidas habitações mais acessíveis, divulgou a agência de notícias Xinhua.
PIB da China apresentou recuperação ‘relevante’
“O PIB da China cresceu 5,5% no primeiro semestre de 2023 em relação ao ano anterior, atingindo uma recuperação econômica relevante e estável. No segundo trimestre de 2023, a economia cresceu 6,3%, ante 4,5% do primeiro trimestre”, afirma Daniel Lau, sócio-líder do Desk China da KPMG no Brasil e na América do Sul.
“Com a suspensão das restrições de locomoção interna e das operações das cadeias das indústrias oriundas das quarentenas, as vendas no varejo tiveram uma importante recuperação neste ano até agora, e a contribuição do consumo para o crescimento econômico continua se expandindo. O sentimento do consumidor melhorou, e a parcela de domicílios indicando maior poupança caiu ligeiramente, mas continua alta”, explica Lau.
Segundo a KPMG, outro dado interessante está no novo eixo de crescimento robusto da indústria e nas exportações de produtos manufaturados avançados com os “Novos Três”: novos veículos de energia (NEVs), painéis solares e bateria de lítio.
São produtos que se tornaram valiosos para as exportações da China. A venda deles ao exterior cresceu 50% no primeiro semestre de 2023, elevando a taxa de crescimento das exportações em 1,5%, e se tornando o principal motor chinês de exportações.
De um modo macro, a participação da manufatura avançada no mix das exportações chinesas continua crescendo rapidamente, decorrente de investimentos maciços nesses setores, aliados com alta tecnologia e soluções integradas em hardware e software, analisa a KPMG.
O investimento em ativos fixos da China cresceu 3,8% nos primeiros seis meses. Ao mesmo tempo, investimentos em manufatura e infraestrutura mantiveram crescimento de 6% e 10,7% no primeiro semestre de 2023, respectivamente.
“Olhando para o futuro, a fabricação de produtos de ponta e a atualização de equipamentos provavelmente continuarão tendo um crescimento robusto. Este fato é corroborado por índices de investimentos na indústria de alta tecnologia, que cresceu 12,5% no primeiro semestre de 2023, e de investimentos em manufatura e serviços de alta tecnologia, que cresceram 11,8% e 13,9%, respectivamente”, complementa Daniel Lau.
Políticas acomodatícias para a transição verde, particularmente para veículos eletrificados, também estão sendo ativamente implementadas globalmente. De acordo com a KPMG, a recuperação da economia chinesa está em andamento e varia de acordo com cada setor.
Melhorar a confiança das famílias e das empresas ainda é a chave para destravar um crescimento econômico mais rápido. O governo emitiu diretrizes para aumentar a confiança no setor privado e uma nova rodada de medidas de flexibilização imobiliária para reativar o crescimento, de acordo com a análise da KPMG.
Política fiscal proativa
A China intensificará a macrorregulação e intensificará os esforços para implementar eficazmente uma política fiscal proativa, de acordo com um relatório do Conselho de Estado.
O relatório sobre a execução orçamental em 2023, até agora, foi submetido à quinta sessão do Comitê Permanente da 14ª Assembleia Popular Nacional, a mais alta legislatura da China, para deliberação, nesta segunda-feira.
Desde o início do ano, a reforma financeira e o desenvolvimento do país têm sido solidamente impulsionados, a operação financeira global tem sido estável, e o orçamento tem sido bem executado, de acordo com o relatório.
No próximo passo, a China concentrar-se-á na expansão da procura interna, no aumento da confiança, na prevenção de riscos e na promoção da melhoria contínua do desempenho econômico, das forças motrizes endógenas e das expectativas sociais, disse o Ministro das Finanças, Liu Kun, ao apresentar o relatório.
Serão feitos esforços para fortalecer e otimizar a economia real, salvaguardar e melhorar eficazmente os meios de subsistência das pessoas e prevenir e neutralizar os riscos da dívida dos governos locais, de acordo com o relatório.