PIB: FGV vê crescimento de 0,3% da atividade econômica em maio

Consumo das famílias cresceu 4,6% no trimestre; para especialista, mercado está menos otimista para o segundo semestre, mas é possível retomar confiança

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Carrinho no supermercado (Foto: arquivo)
Carrinho no supermercado (Foto: arquivo)

Medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Monitor do PIB aponta crescimento de 0,3% da atividade econômica em maio em comparação a abril. Na comparação interanual a economia cresceu 1,3% em maio e 1,9% no trimestre móvel encerrado em maio. A taxa acumulada em 12 meses até maio foi de 2,4%.

“O crescimento da economia em maio, na comparação com abril, teve forte influência do desempenho do consumo das famílias, que registrou a maior alta do ano neste mês. Os investimentos também cresceram nesse período. Esses fatos revelam uma demanda interna aquecida. Do ponto de vista da produção o cenário é um pouco diferente. Dentre as três grandes atividades econômicas, apenas a agropecuária teve crescimento, enquanto a indústria e o setor de serviços se mostraram estáveis. Este cenário mostra que embora a demanda interna esteja aquecida, a capacidade produtiva interna não demonstra a mesma força”, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.

O consumo continua crescendo em todas as categorias, porém com maior influência do consumo de serviços e de produtos não duráveis.

“Apesar disso, nota-se que a trajetória ascendente observada desde o início do ano, foi interrompida, o que pode indicar perda de fôlego do consumo. Apenas o consumo de produtos não duráveis cresceu entre o trimestre móvel que terminou em abril e trimestre móvel findo em maio”, diz o estudo.

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A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 4,5% no trimestre móvel terminado em maio. Continuando o padrão já observado no trimestre móvel anterior, todos os componentes contribuíram positivamente para esse crescimento da FBCF. Apesar disso, cabe destacar que o segmento da construção diminuiu sua contribuição para o crescimento desse componente nesse período.

Após ter apresentado forte contribuição ao longo de 2023, a exportação de produtos agropecuários contribuiu negativamente para a taxa trimestral interanual móvel de maio da exportação. Isto ajuda a explicar a forte redução do ritmo de crescimento das exportações. Outro fator que colaborou para esta redução são as menores contribuições das exportações de produtos da extrativa e de bens de consumo. Já o crescimento de 10,3% da importação foi influenciado pelo crescimento de todos os seus componentes. Os principais destaques foram o crescimento da importação de serviços e de bens intermediários.

Em termos monetários, estima-se que o PIB, até maio de 2024 em valores correntes, tenha sido de R$ 4,528 trilhões.

A taxa de investimento em maio de 2024 foi de 18,0%, na série a valores correntes; pouco acima da taxa de investimentos média desde 2000.

Encerrado o primeiro semestre de 2024, as projeções para a economia brasileira nos próximos seis meses apontam para uma expectativa menos otimista, com limitação para a queda da taxa Selic, hoje em 10,5% ao ano, e dúvidas sobre o arcabouço fiscal.

“Começamos o ano com expectativa muito alta, mas o humor mudou muito, os juros não vão cair tanto quanto o mercado estava esperando. No começo de 2024, a expectativa era que a taxa de juros caísse para 9% até o final do ano, mas hoje estamos falando em manter a taxa de juros em 10,5% no melhor dos cenários”, afirma Vinícius Carmona, sócio e diretor de Relações com Investidores do banco de investimentos BR Partners.

Ele lembra que o primeiro trimestre de 2024 deu continuidade a um cenário benigno que já vinha desde o quatro trimestre de 2023, com mercado de dívidas bastante aquecido. Porém, no último Boletim Focus, divulgado na última semana pelo Banco Central, a expectativa para a inflação deste ano subiu de 3,98% para 4,00%, em uma sequência de altas. Para 2025, a projeção também aumentou de 3,85% para 3,87%. A projeção do PIB para 2024 permanece em 2,09%.

“Os resultados econômicos em curto prazo dependerão se o governo de fato vai conseguir cumprir a meta de gastar até 2,5% acima da inflação. Temos avanços positivos em alguns mercados em que o banco atua, mas outros em que não atua, como o ECM (mercado de capitais de ações), por exemplo, aguardam as oscilações dos juros do Brasil e do exterior”, diz Carmona.

“Em comparação do primeiro trimestre de 2023 com o primeiro tri de 2024, vemos mais possibilidades do que ano passado. Pelo período ter começado relativamente positivo, ainda é possível que o mercado avalie os próximos meses como um horizonte afirmativo”, completa o executivo.

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