O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2021, com avanço de 1,2% quando comparado ao mesmo período do ano passado, surpreendeu o mercado financeiro, que esperava alta de 0,9%. “Dentro da nossa projeção a principal surpresa foi em serviços, com destaque especial para transportes, que não chegou a recuar na margem e avançou 3,6% QoQ [trimestre sobre trimestre]”, explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
A economista e professora do Coppead/UFRJ Margarida Gutierrez ressaltou que o resultado foi baseado nos gastos privados, ao contrário do ano passado, em que a economia foi movida a estímulos fiscais e monetários. Margarida elevou as projeções para o PIB de 2021 para algo em torno de 5%. “Se o ritmo de vacinação avançar, pode dar mais.”
Paulo Skaf, presidente da Federação Indústrias de São Paulo (Fiesp), acredita em uma taxa de crescimento de 5,7%, “podendo chegar a 6%”. O PIB no trimestre totalizou R$ 2,048 trilhões. A economia brasileira iniciou o ano em expansão, mas com desaceleração no ritmo de recuperação, após avanço de 3,2% no quarto trimestre de 2020.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) faz algumas observações para qualificar o resultado divulgado pelo IBGE. O dinamismo mais robusto ficou muito concentrado em algumas poucas atividades econômicas, notadamente a agropecuária (5,7% ante o 4º trimestre de 2020, com ajuste sazonal) e a indústria extrativa (3,2%). “Esse desempenho tem mais a ver com o restante do mundo do que propriamente com a evolução da economia brasileira.”
Com recuperação da China e dos EUA, os preços de commodities agrícolas e minerais subiram muito e impulsionaram as exportações brasileiras destes produtos.
A segunda observação feita pelo Iedi é que os demais componentes da demanda interna ficaram no vermelho. O consumo do governo caiu 0,8%, e o consumo das famílias registrou 0,1%, sob influência da interrupção do auxílio emergencial, do elevado desemprego e da piora da pandemia.
Do lado da oferta, os setores mais dependentes da demanda interna também apresentaram um dinamismo fraco. A indústria, por exemplo, deve a alta ao ramo extrativo e à construção. A indústria de transformação caiu 0,5%, com a falta de insumos, aumento de custos e com o desaquecimento do consumo das famílias. Página 3
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