Piora a imagem do Brasil na imprensa internacional

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Estudo da Curado & Associados analisou a imagem do país no primeiro trimestre de 2020, projetada pela cobertura de sete veículos de imprensa de relevância mundial, com base na metodologia do Índice de Valor, Gestão e Relacionamento (IVGR).

A crise ética do governo Bolsonaro arrasta a imagem do Brasil a um índice de -3,31, numa escala de +5 a -5, segundo a análise de 255 registros publicados entre 1º de janeiro e 31 de março de 2020 (228 negativos e 27 positivos), em sete veículos relevantes, com pluralidade de linha editorial: "The New York Times" e "The Washington Post" (EUA), "The Guardian" e "The Economist" (Inglaterra), "El País" (Espanha), "Le Monde" (França), e "Der Spiegel" (Alemanha).

O trimestre termina com o início da crise da pandemia no país e já seriam registradas as primeiras dissonâncias entre o presidente Jair Bolsonaro e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle da Covid-19. As 103 matérias publicadas entre 27 de fevereiro e 31 de março – 96 delas negativas – tiveram um dos índices mais negativos entre os temas (-3,82) – com percepção ruim nas três dimensões da imagem. A fala de Bolsonaro "o brasileiro precisa ser estudado, pois mergulha em esgoto e não pega nada" teve grande repercussão internacional.

Também tiveram destaque a demora do governo na entrega de soluções para a crise e os panelaços de protesto contra o presidente. A expressão "gripezinha" também correu o mundo, atribuindo ao presidente Bolsonaro os adjetivos arrogante e irresponsável. Editorial do "The Washington Post" de 29 de março pediu o impeachment do presidente brasileiro.

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A dimensão ética, denominada aspecto de valor da imagem, refere-se às citações de comportamento que levam em conta a congruência moralmente aceita pela sociedade e o respeito aos direitos individuais fundamentais. Nessa categoria, destacaram-se negativamente na cobertura de janeiro as tentativas do Ministério Público Federal de fazer calar o jornalista Glenn Greenwald, que teve acesso a gravações de conversas do então juiz Sergio Moro com procuradores que conduziam as investigações da Operação Lava Jato. Com 17 textos negativos em janeiro, e índice de valor -3,84. Outro tema com destaque na imprensa internacional foi o episódio do então secretário de Cultura Roberto Alvim, que fez gravações em vídeo contendo falas do ministro de Hitler, Joseph Goebbels – 9 matérias negativas em janeiro e índice -3,83.

Na terceira dimensão da imagem – a metodologia aplicada à análise dos textos publicados -, relacionamento trata das habilidades de liderança na construção de vínculos, em especial nas qualidades da comunicação. Nesse quesito, a imprensa internacional registrou índice -3,61 por 9 matérias negativas com ameaças e ofensas a populações indígenas, como a fala racista do presidente Bolsonaro ("os índios estão se tornando cada vez mais seres humanos como nós"), que também mereceram avaliações negativas nos outros dois aspectos da imagem: valor e gestão.

Os textos positivos na "The Economist" – três de um total de 27 – falaram sobre desempenho macroeconômico, reforma da Previdência e uma elogiada ascensão de militares ao poder – a revista teve o índice menos negativo (-2,07). O veículo individualmente mais crítico ao Brasil foi a alemã "Der Spiegel" (-4,29), com uma reportagem com a grave repercussão do caso Roberto Alvim. "The Washington Post" publicou 15 matérias negativas sobre a discrepância entre o governo Bolsonaro e a Organização Mundial de Saúde (OMS) na gestão da Covid-19. O britânico "The Guardian" focou no autoritarismo de Bolsonaro e ataques à democracia, como protestos para fechamento do Congresso e Supremo Tribunal Federal.

Os dois veículos com maior número de textos divulgados foram o norte-americano "The New York Times" – 68, sendo 56 negativos -, e o britânico "The Guardian" – 53, sendo 51 negativos. Embora mais crítica, a alemã "Der Spiegel" publicou menos textos – 16, todos negativos.

Como porta-voz do país, o presidente Jair Bolsonaro teve o pior índice (-4,00), com maior número de citações negativas (26), sendo 24 (92%) na gestão da Covid-19 – irresponsável, vulnerável e arrogante. Como no Le Monde, de 17 de março de 2020, com o título da reportagem "Jair Bolsonaro banha-se em multidões apesar do coronavírus" – O líder de extrema direita não se importa com as recomendações de higiene. "Se eu quero apertar a mão do meu povo, é meu direito". E, na mesma matéria, o ministro Paulo Guedes: "Se todos ficarem em casa, a economia entrará em colapso".

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