Pix pode dar adeus ao boleto bancário

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PIX (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Pix (foto de Marcello Casal Jr., ABr)

Em novembro do ano passado, o Banco Central autorizou o início do funcionamento do Pix, uma nova alternativa de pagamento instantâneo que passou a ser oferecida junto ao TED, DOC e cartões para pessoas e empresas fazerem transferências de valores e realizarem ou receberem pagamentos. Dentre as vantagens desse meio sobre as demais opções é que ele está disponível 24 horas por dia, as transações são concluídas em segundos – mesmo em finais de semana e feriados – e é gratuito para pessoas físicas e microempreendedores individuais (MEIs).

Umas das modalidades deste lançamento é o “Pix Cobrança”, sistema que gera QR Codes e permite a realização de cobranças entre empresas e pessoas. Assim, gradativamente, as lojas físicas e virtuais vêm procurando adotar esse serviço que rapidamente está ganhando a preferência dos consumidores. Para ser ter uma ideia, até a primeira quinzena de abril de 2021, já havia 215 milhões de chaves do serviço no Brasil.

Uma tendência do Pix é que, aos poucos, ele substitua o boleto bancário nos pagamentos à vista, hoje um dos métodos de pagamento preferidos dos consumidores brasileiros nas lojas virtuais. Isto porque normalmente esse meio de pagamento oferece desconto no pedido, já que a transação não é parcelada. Para o lojista, isso é bem vantajoso, pois com o Pix o tempo de compensação (quando o dinheiro efetivamente entra na conta) é praticamente instantâneo, cliente paga e lojista recebe em questão de segundos. Já no boleto o tempo, de compensação é de dois ou três dias (e se nesse tempo houver feriados ou fim de semana pode ser ainda maior).

Outra consequência do serviço é boa para a logística das lojas virtuais. Ela é bem mais agilizada e segura quando dos pagamentos pelo Pix, e o motivo é a reserva de estoque. Quando ocorre um pedido na loja virtual, a plataforma costuma reservar os itens do carrinho – tanto os produtos como suas quantidades. Por exemplo, se o estoque possui 100 unidades de um produto, e um comprador faz um pedido de 2 unidades dele, a partir da confirmação do pedido a plataforma passa a considerar que 98 estão disponíveis, e 2 estão reservados. Se o pedido for cancelado essas unidades voltam a ficar disponíveis. E se o pagamento for aprovado, as unidades efetivamente saem do estoque. Sendo assim, no caso de pagamento por cartão, a reserva de estoque não é tão impactada porque o tempo de análise das administradoras é geralmente muito rápido.

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Porém, no caso de pagamento com boleto, o tempo de reserva é longo, vários dias. Isso significa para o lojista ficar com produtos que não podem ser vendidos a outros compradores enquanto não houver a compensação. E se o comprador desiste da compra e não paga o boleto, isso segura a venda dos itens por dias até. Ou seja, prejuízo. Essa situação também pode dar margem a erros no estoque, especialmente quando existe uma operação física que compartilha o estoque com a loja virtual e exige um controle bem apurado.

Contudo, a chegada do Pix para a logística pode significar saber em segundos se pode ou não prosseguir com o atendimento do pedido, fazendo o picking, packing e o despacho do produto. Assim, prazos de entrega podem também ser diminuídos, gerando mais confiança dos compradores. O lojista, por sua vez, terá menor despesa de estoque e perdas por reservas muito longas. Enfim, o status reservado dos produtos será de segundos, tal qual ocorre nas compras por cartão de crédito. Podemos dizer que o nosso amigo boleto bancário está se despedindo de nossas vidas.

 

Luciano Furtado Correa Francisco é professor-tutor nos cursos de CST Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos e CST Logística do Centro Universitário Internacional Uninter.

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