Pizzarias cresceram 11,55% e confeitarias faturaram R$ 12 bi em um ano

Apesar de mercado nacionalmente aquecido, 39% dos bares e restaurantes no Rio Grande do Sul terão que demitir por conta do impactos das enchentes

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Pizza (Foto: ABr/arquivo)
Pizza (Foto: ABr/arquivo)

Com mais de 34 mil estabelecimentos ativos no país, o mercado de pizzarias registra o crescimento de 11,55% no último ano, de acordo com o levantamento realizado pela Associação Pizzarias Unidas do Brasil (Apubra). A pesquisa, que analisa o número de empresas atuantes no setor em 2023, aponta que esse mercado segue aquecido, destacando-se a Região Sudeste, responsável pela maior concentração de estabelecimentos no país, uma fatia de 52%.

O Estado do Rio de Janeiro ganha destaque no estudo, com 2.807 pizzarias ativas, o que representa 15,8% dos comércios do setor na região, atrás apenas de Minas Gerais (16%) e São Paulo com (65,2%).

Já o setor de confeitaria, com faturamento de R$ 12 bilhões por ano, impulsionou mercado no food service, movimentando R$ 12 bilhões por ano no país, segundo a pesquisa “Consumo Equilibrado”, publicada em 2023 no site Minuto Ligado. De acordo com dados Mordor Intelligence, o setor deve crescer 3,45% por ano, levando em consideração os anos de 2021 a 2026.

Mesmo assim, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), no Rio Grande do Sul, 39% dos estabelecimentos do setor de bares e restaurantes precisarão demitir funcionários por não conseguirem arcar com a mão de obra; ainda de acordo com o levantamento, 46% devem demitir entre três e cinco empregados.

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Além da perda sofrida pelos estabelecimentos (33% tiveram danos com insumos, 21% com maquinários e 17% danos imobiliários), o que explica a situação crítica dos negócios do setor é a queda acentuada no faturamento: para 84% dos respondentes, o faturamento de maio foi menor que do mês anterior.

O levantamento ainda traz a opinião dos empresários sobre quais políticas públicas seriam efetivas para evitar demissões. Para mais da metade dos respondentes (51%), a adoção do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) por parte do Governo Federal seria a solução viável para a manutenção dos empregos; para 9% a opção ideal seria o layoff e para 40% nenhuma das duas se aplicariam.

No dia 20 de junho, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Portaria nº 991, que prevê o pagamento de duas parcelas do salário mínimo para os funcionários das empresas afetadas – com a condição de que a empresa o mantenha empregado por, no mínimo, quatro meses. Porém, empresários têm afirmado que a medida não é suficiente.

A presidente do Conselho de Administração da Abrasel no Rio Grande do Sul, Maria Fernanda Tartoni, traçou um panorama sobre a atual situação do setor no estado, a partir da publicação da portaria. Além de ter sido anunciada quase dois meses após o início das enchentes – momento em que já houve demissões – o texto apresenta trechos confusos, como, por exemplo, não esclarecendo quais estabelecimentos afetados terão direito ao auxílio.

Outro ponto criticado pela Abrasel é que o governo prevê o pagamento de duas parcelas do salário mínimo; entretanto, o piso da categoria no estado é de R$ 1.655, ou seja: o empresário terá que complementar o valor da folha de pagamento, além dos demais encargos trabalhistas que precisará arcar.

“Pequenos empresários não têm reservas financeiras e não conseguem arcar com três folhas de pagamento. Muitos já enfrentaram dificuldades para pagar a folha de maio sem, sequer, ter faturado, e agora não têm recursos para cobrir os salários de junho e julho. E ainda tem o fator de que muitos negócios vão precisar começar do zero. O Pronampe oferece até R$ 150 mil para apoio aos negócios, mas a liberação não acontece em menos de uma semana. Se reconstruir uma empresa novamente já é um desafio, imagine fazer isso enquanto tem que arcar com as folhas de pagamento”, afirma.

O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, também chama a atenção para a necessidade da reedição do BEm, explicando a diferença entre o programa e a atual portaria publicada pelo governo: no BEm havia a suspensão do salário e era pago um piso proporcional, não apenas o salário mínimo, de forma que o empresário não precisasse complementar o valor.

“A portaria assinada paga um salário mínimo por dois meses, mas isso é insatisfatório, uma vez que existem outras despesas que o empresário não consegue arcar, além de precisar tirar do próprio bolso o valor restante para pagar o salário integral. Os donos dos negócios já precisam lidar com as perdas e com o faturamento deficiente. Observando pelo lado lógico, sairia mais barato demitir e é exatamente o que não queremos”, afirma.

O cenário difícil do mercado de trabalho no delivery no Rio Grande do Sul também fica claro com os dados apresentados por uma pesquisa realizada pelo iFood, mostrando que 1.308 entregadores deixaram de logar no aplicativo entre 21 e 27 de maio, e 2.200 restaurantes não registraram pedidos entre os dias 6 e 27 do mesmo mês.

A pesquisa indicou outra preocupação para os donos de bares e restaurantes no processo de recuperação de seus negócios: 62,5% dos respondentes estão com dificuldade de acesso ao crédito. A situação se revela ainda mais alarmante considerando que para 64% dos empreendedores os custos para a retomada das atividades será de até R$ 500 mil, e 25% dos negócios ainda não conseguiram reabrir suas portas.

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